Movimento do Comércio em Torres caiu cerca de 10% na temporada de veraneio

Presidente do Sindilojas da região conceitua a situação como delicada para o ano de 2021 pela falta de poder de compra e de auxílio do governo federal

Nasser Samham: “momento é de muita cautela”
2 de março de 2021

A temporada de veraneio passado (2020) não chegou a sentir os reflexos da pandemia do Novo Coronavírus no movimento do comércio. A primeira medida de contenção no Brasil aconteceu no dia 17 de março de 2020, já depois das férias de verão. Mas os efeitos da pandemia na temporada de veraneio atual (2021) acabaram sendo bastante sentidos pelos comerciantes, inclusive pelas empresas que não trabalham diretamente com as demandas de verão.

O movimento na hotelaria e na gastronomia estava girando com quedas de até 50%, em um levantamento feito por A FOLHA no final do mês de janeiro – e dados preliminares indicam que em fevereiro os resultados abaixo da média continuem. Mas o comércio tradicional, que não depende diretamente dos turistas (embora venda bastante para os visitantes no veraneio), está praticamente fechando a alta temporada estampando queda média de cerca de 10% em Torres em relação ao ano anterior, números no geral não tão ruins (depois de passar por quedas abruptas no decorrer de 2020).

 

Material de Construção e celulares aumentaram vendas; outros caíram.

 

Algumas lojas de material de construção e de telefonia celular foram as únicas categorias que apresentaram aumento de movimento nos meses de janeiro e fevereiro (até dia 20/2) em Torres. Conforme levantamento feito pelo presidente do Sindilojas da região, Nasser Samham, todas as outras categorias pesquisadas caíram.  E na média, entre os segmentos que aumentaram ou diminuíram o volume de vendas, o Sindilojas projeta que tenha havido uma queda de 9% em janeiro e 8% em fevereiro em todo o comércio tradicional.

Pandemia e seus reflexos 

Para Nasser Samham, a diminuição do movimento no comércio tradicional (não envolvendo supermercados) na temporada de verão foi diretamente atingida pela queda abrupta da presença de turistas e veranistas na cidade, se comparado com o verão anterior. Ou seja, o reflexo direto da queda de até 50% do movimento na hotelaria e correlatos (trade de turismo) refletiu em média com o decréscimo de quase 10% no movimento do  comércio tradicional, sentido principalmente por lojas de artigos da chamada “Linha Mole” (roupas e similares).

Para Nasser Samham, o motivo desta queda de turista nas praias do RS se deu principalmente pelo medo das pessoas de viajar em tempos de pandemia. Mas também se deu pelas restrições de consumo (praias, restaurantes, bares) aos turistas, o que desmotiva o investimento em férias (que muitas vezes acabam sendo transferidas).

Muita cautela dos empresários para o resto de 2021 

Para o resto do ano, o presidente do Sindilojas afirma que tem indicado muita cautela aos empresários para com seus gastos, investimentos e compras. É que, além de os moradores locais – que sobrevivem do movimento e dos empregos adicionais do veraneio (que caiu 50%) – certamente terem menos poder aquisitivo para o ano, o governo tem sinalizado com o término do Auxílio Emergencial, o que de certa forma aumenta os obstáculos ao consumo.

Nasser lembra que as ações do Governo Federal em 2020 para amenizar as restrições de consumo causadas pelos decretos implantados para atacar a pandemia de Covid-19 foram vitais e positivas. Ele citou o Auxílio Emergencial aos cidadãos mais afetados pelas medidas, assim como as leis especiais de auxílio para que empresas pagassem suas folhas de pagamentos sem demitir os funcionários,  como exemplos positivos para a sobrevivência do empresariado. Entretanto, o cenário para 2021 é mais incerto quanto aos apoios do governo federal para estas categorias.

“Recaída” da pandemia gera mais insegurança

O empresário e presidente do Sindilojas Torres, Nasser Samham, também lembra que o comércio local estava projetando uma retomada das atividades no ano. Mas que agora -com o aumento do alerta quanto a pandemia (e um cenário de hospitais com UTI’s lotadas), bem como a adoção de bandeira preta na região de Torres (apesar da cogestão permitir protocolos de bandeira vermelha) – a expectativa de recuperação do comércio acabou sendo postergada, já que não se sabe até que ponto as medidas restritivas terão de ser mais uma vez tomadas, assim como não se sabe até onde o governo federal terá fôlego para voltar a implementar auxílios, como fez na primeira onda de Covid-19.

 

 


Publicado em: Economia






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