Em todas as primaveras, ano após anos e governos após governos, as reclamações de moradores sobre alagamentos e sobre buracos abertos nas vias são assunto nas conversas dos torrenses… nas ruas, nos ambientes de trabalho e nas redes sociais. E na Câmara de Vereadores não poderia ser diferente… É que o local é formado pelos vereadores, em tese representantes da população, que são eleitos para fiscalizar o trabalho da prefeitura, nos quais a conservação das vias é uma das principais atribuições.
Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores, realizada na segunda-feira (16 de outubro), estava programado com antecedência a participação na Tribuna Popular do secretário de Planejamento da prefeitura de Torres, Mateus Junges. Ele foi a Casa Legislativa a pedido do próprio Poder Executivo (Prefeitura), para explicar as críticas e apontamentos feitos pelos vereadores, de forma pública nas sessões anteriores, acerva do trabalho de manutenção e asfaltamento de vias que, fazem parte também das atribuições da pasta do Planejamento. Mateus participou de toda a sessão da Câmara de segunda-feira, mesmo sabendo que sua participação pública estava agendada para o final da sessão (em torno das 18 horas). Isto fez com que ele incluísse em suas falas não só apontamentos anteriores, mas apontamentos feitos pelos vereadores na própria sessão, antes de sua fala na tribuna.
Principais questionamentos abordados na sessão
O vereador Wilmar dos Santos Rocha (União Brasil – mesmo partido do secretário Mateus) foi o primeiro a falar na tribuna oficial da sessão. Ele disse estar receoso dos impactos que as últimas chuvas iriam causar em Torres, principalmente a chuva de granizo que acontecera na cidade pela manhã da própria segunda (16), sugerindo em seu discurso que os problemas maiores reclamados seriam causados pelo excesso de chuva das últimas semanas, e que não seriam só em Torres. Mas a seguir Rocha afirmou que a disponibilização de paradas de ônibus cobertas no município seria uma pendência séria a ser resolvida, mesmo sabendo que esta questão já vem sendo cobrada pela população há tempos.
O Vereador Jacó Miguel (PSD) reclamou da falta de ação da municipalidade no alagamento (alegado por ele como crônico) na esquina da Rua Capaverde, junto à Estofaria Selau, no bairro Igra Sul. Jacó diz que até carros pifados por conta da altura da água têm sido vitimas da mazela. E pediu providências.
O vereador Negrini (sem partido), também em sua fala de tribuna defendeu a prefeitura, se referindo mais uma vez aos cuidados adicionais que a administração municipal estaria tendo ao colocar contratualmente a cláusula de “não pagamento” aos fornecedores que não realizarem as obras da operação Tapa-Buracos com qualidade. E alertou que, inclusive, já haviam pagamentos negados pela administração por conta justamente do não cumprimento da obra como contratada (tapar os buracos de forma parelha e forte). Negrini também lamentou os impactos negativos nas vias causados pelo excesso de chuvas, informando que averiguou pessoalmente até buracos abertos nas pavimentações novas em PAVS, inclusive no Morro do Farol.
Forte oposicionista, vereador Moisés Trisch (PT) utilizou seu espaço para fazer uma crítica generalizada ao trabalho da prefeitura na manutenção das vias, relacionando a falta de ação aos outros gastos da prefeitura, se referindo a projetos de teleféricos, para ele “uma possibilidade incongruente da municipalidade, quando a cidade ainda sequer planejou a reforma da ponte pênsil do Mampitupa”. E se referiu também aos altos gastos do gabinete do prefeito em viagens e em troca de veículo próprio, feitos no mesmo momento que prédios da prefeitura possuem vazamentos e goteiras. E finalmente questionou o consorcio que pagou a viagem do prefeito, para ele um “clubinho” que foi formado para viajar a turismo com o dinheiro fundeado pelas prefeituras.
Afinal, o vereador Dílson Boaventura (MDB), também em espaço de tribuna, solicitou ao secretário que transformasse a rua que leva à Escola Municipal MOC, na Vila São João, em via de mão única. Ele que afirma que a inclinação da rua junto com o movimento de entrada e saída e o estacionamento, nos dois lados, têm causado problemas de segurança dos alunos e pais do colégio do bairro.
Respostas equilibradas
Na Tribuna Popular, o secretário Mateus Junges iniciou sua participação já respondendo os questionamentos anteriores e feitos na sessão, já que tinha participado de toda ela. Ele citou a situação “fora do normal” das chuvas que assolam o Estado e o Litoral Norte do RS desde o final do inverno, como um contexto a ser observado por todos. Inclusive adiantou que a Defesa Civil do Estado do RS estaria realizando uma visita à Torres já na terça-feira passada (17/10), para medir os danos locais e colocar a cidade no contexto de danos de todo o RS, para programas a serem feitos. “Felizmente Torres não tem sofrido danos maiores como cheia de rios, destruição de pontes e de estradas, por exemplo. Mas temos tido, sim, muitos impactos causados pelo excesso de chuvas”, afirmou o secretário Mateus.
A seguir Mateus fez uma espécie de prestação de contas de obras pretéritas realizadas pelo Governo Carlos Souza para atacar pontos de alagamentos na cidade, como a Baixada da Vila São João (para ele intransitável anteriormente, e que causava impactos em residências) que segundo ele está arrumada totalmente; assim como a obra da chamada “Rótula da Sosseg” (Barão do Rio Branco), que teve boa solução desde que o sistema de drenagem foi implantado pelo governo atual.
Nem asfalto estaria sendo produzido
Sobre a falta de continuidade das operações Tapa-buracos, o executivo da prefeitura informou que, em períodos de chuva, geralmente as obras dão uma parada, sob pena de literalmente “colocar dinheiro água abaixo”, caso tivessem que refazer o trabalho feito erradamente em época de chuva. “Até a Usina de asfalto de Dom Pedro não consegue produzir, o que tem causado falta de matéria prima para as obras locais e da região” disse o secretário. “Desde 1948 não chovia tanto volume no Estado”, completou.
Sobre a incongruência do Teleférico, conceituada anteriormente por vereador oposicionista, Mateus disse que acha que a cidade de Torres seria premiada caso fosse construído o equipamento turístico. E sobre as viagens do prefeito serem supérfluas, também sugerido pelo oposicionista, o secretário discordou, afirmando que para ele “é papel do prefeito viajar pelo Estado, país e até pelo mundo para divulgar a cidade e para buscar parcerias que sejam positivas para a municipalidade”.
Já sobre o consórcio, chamado pela mesma oposição de “Clubinho de viagens”, o secretario de Planejamento da prefeitura de Torres afirmou que foi o próprio Consórcio de municípios que viabilizou a destinação de R$ 4,5 milhões para a pavimentação da Estrada dos Cunhas, em nome de a estrada ser considerada “uma via estrutural da região”, o que possibilitou o asfaltamento dos quase 5 KM, ligando a BR 101 à Estada do Mar.
Estrada dos Cunha com parceria do estado do RS
O vereador Igor Beretta (MDB – também oposição) perguntou de onde teria vindo os recursos do Consorcio, liberados para a pavimentação da Estrada dos Cunhas. A resposta do secretário foi a de que são recursos para vários municípios separados pelo governo do RS para acessos municipais da região, onde muitas das várias municipalidades da BR 101, próximos à estrada, colaboraram por concordarem que a ligação da estrada dos Cunha seria estratégica para todos eles.
Antes de terminar a participação da tribuna, Mateus Junges respondeu algumas perguntas pontuais sobre obras pontuais. A mais importante resposta foi sobre a projeção da prefeitura de entregar a revitalização da beira do rio Mampituba, atualmente em obras, antes da virada de ano, no entorno do dia 25 de dezembro.
