Dr. Fábio (c) e equipe do Centro Oncológico de Torres
Impasse está na conclusão da obra da nova UTI do hospital nossa senhora dos navegantes, que aguarda liberação de recursos do estado
Por Guile Rocha*
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O câncer é a doença do século. Dados mais atuais mostram que, até 2030, teremos aumento de 60% na incidência dessa doença – causada por uma série de situaçíµes, como qualidade de vida, alimentação, tabagismo, alcoolismo, dentre outros.
A região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul apresenta uma incidência de mais de mil novos casos de câncer por ano. E Torres é referência no tratamento regional pela presença do Centro Regional de Hematologia e Oncologia (CRHO) do Hospital Nossa Senhora dos Navegante, onde são realizado em média 100 tratamentos por mês de pacientes – com convênio ou particulares. O restante da demanda, que é de pessoas dependentes do SUS (Sistema íšnico de Saúde), ainda está sendo encaminhada para Porto Alegre, informou o chefe do CRHO, o oncologista clínico Dr. Fábio Miguel.
O Centro apresenta estrutura física e todas as exigências necessárias para atender por meio do SUS, porém para o hospital de Torres ser credenciado com o serviço do sistema único na Oncologia existe uma série de critérios que devem ser respeitados. A discussão, no momento, é em relação ao acesso a nova UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do hospital, que aguarda a liberação dos recursos do Governo do Estado e Ministério da Saúde para conclusão. Com o término, existe uma previsão para que o hospital possa receber credencial do SUS na área oncológica, realizando assim os diversos tratamentos cirúrgicos e quimioterápicos para os pacientes – na parte do tratamento medicamentoso. A questão cirúrgica poderia ser também realizada no hospital, já a radioterapia seria (a curto prazo) encaminhada para Porto Alegre, explicou Fábio, acrescentando ainda que a região do Litoral Norte gaúcho tem uma população alvo de 500 mil pessoas fixas (sem contar o flutuante durante o veraneio), o suficiente para o credenciamento, completou.
Complementando a questão, a Diretora Executiva do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, Irmã Tereza, afirma que a liberação do Recurso para finalizar um acesso novo para a UTI dependem da liberação de recurso via Estado do RS e Ministério da Saúde (Gov. Federal). "A questão (de novo acesso para a UTI em Torres) tem todos os esforços do hospital. Está também tramitando uma emenda parlamentar para o Centro de Oncologia,mas possivelmente sairá só em 2017. Ficamos também de marcar um encontro com o prefeito eleito de Torres, Carlos Souza, para tratar questíµes do hospital, estamos a disposição para conversar".
Centro é referência na região
O Centro de Oncologia de Torres é referência no litoral. Além de moradores da cidade, a clínica atende ainda pacientes das regiíµes de Capão da Canoa, Tramandaí, Osório e do sul de Santa Catarina. Em Criciúma há outra clínica vocacionada ao tratamento do câncer – porém também lá os tratamentos pelo SUS não são realizados, em Porto Alegre, conforme ressalta Dr. Fábio
A clínica também se destaca pelos serviços prestados, pois desenvolve uma atividade chamada Oncologia Clínica – onde são realizados orientação, diagnóstico e tratamento pro câncer com a utilização de medicamentos como hormonioterapia, quimioterapia, terapias alvo e imunoterapia. "Esses tratamentos são feitos num ambiente com equipe multidisciplinar para que os pacientes sejam tratados com qualidade e segurança", destaca o chefe da CRHO de Torres.
Prevenção é o melhor remédio
Atualmente, existem muitos pacientes no litoral que, por se apresentarem ao médico com câncer em estágio mais avançado, reduzem significativamente a chance de cura, fazendo que grande parte vá a óbito sem sequer ter recebido o primeiro tratamento. Isso se dá, conforme o dr. Fábio, devido í dificuldade de acesso e desconhecimento: 1) ao diagnóstico; 2) ao estadiamentos – exames para ver até onde a doença se estende – e 3) ao tratamento especifico para o câncer. Se tivermos credencial ao SUS melhora de maneira significativa este acesso. Fazer revisíµes periódicas e ter um acompanhamento é importante. Se for diagnosticado em fase inicial tem altíssima chance de cura, afirma ele.
O oncologista – que é membro da Sociedade Brasileira, Europeia e Americana de Oncologia Clínica – disse ainda que participou de vários congressos internacionais onde foram apresentadas pesquisas que revelam novas drogas – sendo que aquelas que trazem benefícios passam a fazer parte do tratamento. O Instituto DeVita de Caxias do Sul (mesmo grupo da clínica de Torres) constitui um centro de estudos e pesquisas da serra onde vários protocolos de pesquisa estão sendo desenvolvidos, com parcerias nacionais e internacionais, informou o Dr. Fábio Miguel, assegurando ainda que a oncologia tem evoluído de maneira significativa. As chances de cura estão aumentando, apesar do crescente volume desta doença. Estamos entrando numa nova era na oncologia clínica que são os tratamentos imuno-oncológicos. Eles vêm apresentando resultados extremamente promissores no combate desta terrível doença, concluiu o Dr. Fábio.
*Auxiliou Maiara Raupp