CIDADE BIOFíLICA: Integrando a natureza ao planejamento urbano (também em Torres)

6 de fevereiro de 2017

 FOTO: Cheonggyecheon: um riacho urbanizado localizado em Seul, Coreia do Sul, que possui em suas margens um moderno espaço público biofí­lico

 

Por Carolina Cereser

Arquiteta  

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Amor pela vida.  Este é o significado literal do termo Biofilia. (Bios = vida, Philia = amor), que é utilizado para definir o grau em que os seres humanos estão conectados com a natureza e com outras formas de vida. A partir daí­, surge o conceito de cidades biofí­licas que apresentam um desenho urbano que permite aos habitantes desenvolverem atividades e um estilo de vida que os deixa aprender com a natureza e comprometer-se com seu cuidado.

          Projetos biofí­licos no cenário urbano vêm aumentando bastante nos últimos anos em edifí­cios que procuram incorporar caracterí­sticas naturais como ventilação, luz, vegetação, agricultura e cultivo, entre outros aspectos. Basta pararmos para pensar quanto os imóveis que se localizam próximo a parques, praças e praia, são valorizados no mercado. Atributos como: De frente para o mar ou Próximo í  praça chamam a atenção de quem procura um imóvel para comprar ou alugar, não é?

Integrar o conceito de biofilia ao desenvolvimento das cidades é a melhor solução para o futuro. E somente com um planejamento urbano sustentado nos princí­pios da cidade biofí­lica será possí­vel promover esse maior contato com a natureza e a sua integração com a humanidade. Programas de governo que abordam a questão de adequação dos centros urbanos í  tendência verde ainda são um pouco escassos, e o caminho é longo para que uma cidade ganhe o tí­tulo de biofí­lica. Mas sempre podemos começar fazendo a nossa parte.

 

Torres Biofí­lica?

 

Torres é uma cidade com muitos atributos naturais e, destrinchando cada um dos princí­pios idealizados para uma cidade biofí­lica, podemos observar o potencial que temos em nossa cidade de torna-la mais sustentável.

   

1 º PRINCíPIO:  Natureza em abundância localizada próxima a um grande número de habitantes: A ideia é que um grande número de pessoas tenha acesso fácil a grandes áreas naturais. Um exemplo desse primeiro princí­pio é o Central Park, localizado bem no meio da cidade de Nova Iorque. Em Torres, estamos rodeados por belezas naturais e há bastante opçíµes pra ficar perto da natureza: temos a praia com suas lindas falésias e morros, a Lagoa do Violão, a Lagoa do Jacaré, a orla do Rio Mampituba (que poderia ser melhor explorada), e o parque Estadual da Itapeva (que, esperamos, tenha uma melhor integração com a sociedade após um plano de uso consciente).

 

2 º PRINCíPIO:  Conexão dos cidadãos com flora e fauna nativas: Este segundo princí­pio sugere principalmente que deve existir um comprometimento dos habitantes com a manutenção e cuidados com as áreas naturais em suas atividades cotidianas em conjunto com o apoio público e privado. A manutenção constante de praças que preservem/ estimulem a flora (e consequentemente a fauna) são algo que se encaixa nesse princí­pio.

   

3 º PRINCíPIO:  Interligar espaços ao ar livre promovendo e facilitando o uso da população: A ideia é que as pessoas possam usufruir dos espaços naturais com facilidade para que a interação e integração com a natureza seja realizada facilmente, prazerosamente e com frequência. Em Oslo, por exemplo, dois terços da cidade é reserva florestal e há uma rota bastante abrangente de transporte público para ajudar as pessoas a circularem por estas florestas. Um plano de uso consciente no parque da Itapeva e, quem sabe, roteiros que interligassem todos os nossos pontos naturais, de maneira que a população pudesse circular por esses espaços a pé, de bicicleta, de carro ou transporte público, seriam ideias pra Torres

 

4 º PRINCíPIO:  Ambientes multissensoriais: Criação de espaços adaptados que oferecem experiências visuais, sonoras e ou olfativas relacionadas a natureza e biodiversidade local. O intuito é principalmente a interação e entretenimento com o ambiente natural. Em um mundo onde a diversão e o entretenimento estão basicamente ligados í  tecnologia digital, esses ambientes multissensoriais não só aproximam as pessoas da natureza como são capazes de promover uma ressignificação do entretenimento. Uma caminhada pelo Morro das Furnas e suas falésias,por exemplo, gerará experiência multissensoriais interessantes ao visitante de Torres.

 

5 º PRINCíPIO:  Educação no campo da natureza: Este princí­pio incentiva a criação de açíµes comunitárias na busca pela integração das pessoas com a cidade em um estilo de vida mais natural. Caminhadas guiadas em espaços naturais, acampamentos, hortas comunitárias, recuperação de áreas degradadas através de programas de voluntários, entre outras atividades. Na cidade de Torres já acontecem alguns eventos interessantes como, por exemplo: o Torres Eco Running, trilhas guiadas no parque da Itapeva, Stand Up Padlde no Rio Mampituba.

 

6 º PRINCíPIO:  Investimento em infraestrutura que favoreça a conexão entre cidade e natureza: Criação de espaços para aulas que girem em torno da natureza e execução de design inteligente e sustentável. Museus naturais e centros de convivência são alguns exemplos (que tem tudo a ver com Torres mas, infelizmente, ainda não tem real presença na cidade).  

 

7 º PRINCíPIO: Conscientização sobre os impactos de questíµes ambientais: Este princí­pio visa o planejamento e implementação de planos de ação que protegem a biodiversidade local.  Muitas vezes a população não tem a intenção de prejudicar ou impactar negativamente a natureza em uma cidade, mas simplesmente desconhecem o impacto das suas açíµes diárias para o meio ambiente não sabem o que fazer exatamente para protegê-la e preservá-la.

Nas cidades biofí­licas existem projetos de conscientização para a população entender e contribuir para a continuidade e preservação da natureza nos espaços urbanos. E em Torres temos atitudes como a do Projeto Praia Limpa  – que estimulam a limpeza e boa manutenção da natureza da orla pelos cidadãos.

Trilha pelo Parque Itapeva, em Torres  


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