A publicidade da Globo é só mais uma entre tantas que destaca nossas imagens (como a da Guarita, na foto) na rede televisiva nacional. O jornal A FOLHA aproveita a ocasião para refletir sobre o efeito destas produçíµes sobre a marca turística Torres
Por Guile Rocha
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O turismo é um dos setores que mais dependem da publicidade como forma de divulgar circuitos, vender pacotes e incentivar a população a visitar cidades do seu próprio estado/país, para movimentar a economia do local. E Torres, já há algum tempo, vem ganhando uma visibilidade diferenciada a partir do uso de sua imagem em propagandas televisivas, veiculadas em populares emissoras e ligadas a sólidas marcas.
A mais recente é uma propaganda da TV Globo, atualmente em circulação, que faz uma exaltação as praias do litoral brasileiro, aludindo com belas imagens que temos 2000 praias em nosso país e suas vocaçíµes, convidando o turista a visitá-las. E nesta publicidade – que vêm sendo veiculada várias vezes no canal mais popular da televisão aberta, com capacidade sem paralelo de influenciar a cultura e a opinião pública – Torres é um dos locais que mais tem imagens de suas paisagens aparecendo. Entre outras badaladas praias brasileiras (como Fernando de Noronha e Rio de Janeiro), quatro tomadas mostram diversos ângulos da nossa Praia da Guarita, e uma outra apresenta a vista de um paraglider saindo do Morro do Farol.
Entre publicidades e seu retorno
Conforme levantamento organizado pelo jornal A FOLHA – a partir de informaçíµes fornecidas pela Prefeitura de Torres – foram feitos 16 requerimentos (junto a prefeitura de Torres) para gravaçíµes de propagandas ou videoclipes no Parque da Guarita entre setembro de 2015 e agosto de 2016. Neste período, multinacionais e empresas como Natura, Boticário, Vivo, Rede Globo, Lifan e Renaut realizaram vídeos institucionais ou publicitários utilizando as imagens do nosso principal cartão postal. E de agosto de 2016 até agora, outras grandes marcas como Bradesco, BR Petrobrás (Ipiranga) e a própria Rede Globo veicularam propagandas com paisagens de Torres – ainda que estes comerciais não citem o nome de Torres,específicamente.
Não temos as ferramentas necessárias para mensurar, efetivamente, quais são os benefícios financeiros que a utilização dos cenários de Torres para gravaçíµes comerciais trazem para a cidade. No entanto, as empresas pagam uma taxa de uso público que equivale a R$ 0,50 UFM (Unidade Fiscal Municipal) por metro quadrado utilizado, o que equivale, aproximadamente, a R$ 110 por cada comercial – um valor bastante baixo em relação aos altíssimos custos de produção e divulgação televisiva desses comerciais.
A secretária do Turismo de Torres, Carla Daitx, nos informou que, ao assumir seu cargo junto a prefeitura, pensou na criação de um taxa para uso de imagem de Torres em comerciai, gerando alguma receita para o município. No entanto, ele diz ter mudado de ideia – após conversar com gestores do turismo de Gramado e Canela e refletir sobre as vantagens da mídia espontânea em comerciais. "í‰ muito bom que a imagem de Torres veicule, de graça, em propagandas que circulam em alguns dos principais canais de TV do país. Certamente reforça nossa marca. Em Gramado e Canela, por exemplo, a gestão do turismo fica muito feliz com a divulgação da marca, da imagem local. Por lá eles não pensam que deve-se cobrar das empresas por este uso de imagem, mas sim agradecer", destacou Carla. Entretanto, a ideia sobre a cobrança de um taxa para uso de imagem de Torres em comerciais ainda não está descarta.
Turismólogo aponta problemas com definição de público-alvo e branding
A visibilidade gratuita que a marca Torres conquista a partir das propagandas televisivas é inegável. Mas isto não é o suficiente para ‘alavancar’ um turismo qualificado para Torres, conforme o turismólogo, administrador e especialista em marketing Roni Dalpiaz, Para ele, tudo começa pela identificação do público-alvo que queremos atingir. "Se soubéssemos para quem oferecer o produto ˜Torres™ poderíamos prepará-lo adequadamente e assim teríamos uma imagem consolidada, assim como um slogan e consequentemente uma percepção de marca frente ao público em geral. Assim, mediante a mínima amostra de qualquer símbolo da cidade (como o exemplo da propaganda quase ˜subliminar™ veiculada na Globo) a resposta seria: Torres". Roni pensa que é problema antigo de Torres (e dos gestores locais) a falta de gestão da marca Torres (o chamado Branding). Ele lembrou que, no começo do século passado, o primeiro a trabalhar com isso foi o pioneiro José Picoral, que destacou os rochedos como encantadores e a natureza ímpar do lugar e também cunhou o primeiro slogan: ‘A rainha das praias’. "Mais tarde virou a ˜Mais bela praia gaúcha™, e depois a ˜Capital do Balonismo™. Como se vê, não foi mantido um slogan que pudesse ajudar a identificar a cidade destacando o que ela tem de melhor: as três Torres a beira mar, o que pode ser visto em poucos lugares no mundo. Torres também já foi conhecida como a praia das elites, do público classe A (também herança do velho Picoral), e isso foi um diferencial a favor da cidade, embora muita gente discorde". Portanto, o turismólogo pensa que Torres (e seus gestores) deve parar de ˜atirar para todos os lados’ e identificar logo o seu público-alvo. "A partir disso, deve-se direcionar as açíµes para este público, inclusive construir uma nova marca, buscando posicioná-la para este público – juntamente com o resgate da história da marca Torres, e a definição do seu valor. Ou seja, gerir sua marca com profissionalismo para que quando surgir qualquer imagem, palavra ou slogan em qualquer mídia, seja de pronto identificada: é Torres!"
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