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Por Guile Rocha
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Atuando em Torres, o juiz André Sí¼hnel Dorneles compartilhou nesta semana – em sua página pessoal do Facebook – um trabalho especial que vem ocorrendo há cerca de sete meses no presídio Feminino de Torres. Este trabalho é relacionado aos estudo do Espiritismo focado na educação dos sentimentos. "São reuniíµes quinzenais sempre com dez seres humanos que, atualmente recolhidas, começam a questionar sua existência. Não sei os crimes que cometeram. Sei que no coração de cada uma reside erros, frustraçíµes, temores, ódio, raiva, amor, e que, ante as luzes dessa abençoada Doutrina, buscam os primeiros passos para a reforma íntima", informa o juiz, que continua sua explicação: "Nós, Espíritas, sabemos que nesta ou outra existência podemos ter sido iguais ou piores. Mas também nos reformulamos pelo estudo, disciplina, persistência e paciência. Então precisamos colocar mãos í obra, pois em verdade somos todos obreiros de Deus".
A psicóloga Vica Rocha é uma das organizadoras do encontro com as detentas de Torres. Ela conta ao jornal A FOLHA que, há muitos anos, já levava outros grupos de casas espíritas ao presídio. "Entretanto, estes grupos expunham um referencial mais ortodoxo dos primórdios da doutrina, fazendo uma leitura do Livro dos espíritos, muito focada na reencarnação, carma, pecados etc. Não estou julgando, mas poucas presas aderiam, porque naquele lugar um referencial mais contemporâneo da doutrina espírita seria o mais indicado", destaca Vica, complementando: "E o André trouxe esse referencial mais relacionado a esperança, fé, autoestima, perdão de uma forma mesclada com a psicologia. Neste contexto as presas que já tinham conhecimento da doutrina, e até as leigas no tempo, conseguiram se identificar e se encontrar
grupo de estudos e sentimentos
O encontro do grupo com as detentas dura cerca de uma hora, tempo que o juiz chama de reflexivo, onde atualmente tem sido estudado o livro "Emoçíµes que Curam: Culpa, Raiva e Medo como Forças de Libertação", de Ermance Dufaux – Espírito psicografado por Wanderlei Oliveira. "Estudamos, também, como complemento, as obras básicas de Kardec, Chico, Divaldo, Raul Teixeira, que levo em pequenos textos, de acordo com o tema que selecionamos. Uma das coisas que descobrimos é a capacidade fantástica de semear que todos temos".
No seu depoimento no Facebook, o juiz André faz um apelo: Quem ler, que possa levar essa ideia para outros lugares: semear o Espiritismo alfabetizando sentimentos pois, no fundo, somos todos analfabetos funcionais em matéria de sentimentos. E o que levamos para o outro lado quando retornamos? Unicamente experiências e seus sentimentos. Fiquem com Deus e o Mestre Jesus", finaliza o juiz.
í‚ Depoimentos das mulheres
O juiz relatou o depoimento destas mulheres, depoimentos que falam dos sentimentos tanto em relação aos encontros, quanto a doutrina espírita em si e a experiência do encarceramento . Foram trocados os nomes das presas para preservar suas individualidades.
1 – Dulce: "Estou gostando de participar pois me sinto leve quanto participo das oraçíµes estou um pouco perturbada mas vai passar. Tenho fé". 2 – Adriana: "Busco a paz interior, e a cada encontro que temos estou encontrando a paz no coração." 3 – Cristiele: "í‰ um momento em q eu me sinto mais perto de Deus, sinto mais fé e me sinto mais leve quando volto pra cela." 4 – Neila: "í‰ acompanhando essa doutrina que sinto cada vez mais que nada é por acaso, e que o amor e o perdão tem mais força, no grupo tratamos de assuntos comuns e entendemos que somos todos iguais e isso acalma e dá esperança a todas nós." 5 – Jocelaine: "Espiritismo para mim diz tudo – vida pós morte, meu encontro neste grupo me leva a entendimentos onde sempre procurei encontrar o amparo para aceitar minhas Perdas, aqui é onde desligo do mundo irreal e aceito a realidade." 6 – Antí´nia: "A cada aula me sinto uma pessoa melhor, tudo o que procuro consigo encontrar aqui e principalmente a paz, por que onde estamos é complicado de ter…" 7 – Margareth: "A cada encontro busco me preparar para a cada dia que me encontro neste lugar e abrir os olhos para outros caminhos." 8 – Tânia: "Eu me sinto bem aliviada com o coração calmo o espiritismo uma tranquilidade aprendizado e com certeza muito bom para a alma da gente." 9 – Fernanda: "Eu depois que eu participe do grupo espírita me senti melhor, quero mais. Parabéns, minha vida vou seguir."
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