Instituto Curicaca apresenta estudo sobre impactos na faixa de areia da Praia de Itapeva

2 de novembro de 2016

Explanação foi realizada durante reunião do Conselho Municipal do Meio Ambiente na última semana (foto)

 

Por assessoria COMMAM*
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Na última semana o Instituto Curicaca apresentou durante reunião ordinária do Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMMAM) os resultados da pesquisa e monitoramento do projeto Conservação de espécies do PAN pela gestão da praia em frente ao Parque Estadual de Itapeva e na área de influência do REVIS Ilha dos Lobos, financiado pela Fundação Grupo Boticário.
O projeto, voltado para espécies-alvo do Plano de Ação Nacional de Conservação de Mamí­feros Aquáticos e de Aves Limí­colas Migratórias, abrangeu duas Unidades de Conservação com as quais o Curicaca tem proximidade, o Parque Estadual de Itapeva e a REVIS Ilha dos Lobos “ na extensão entre Arroio do Sal e Passo de Torres. Os estudos mostraram claramente os impactos das atividades antrópicas nas faixas de praia sobre as espécies da fauna silvestre que utilizam esse ambiente para repouso, alimentação e reprodução.
 

Sugestão é de redução gradual do uso da faixa de praia

O cruzamento do esforço cientí­fico entre o Curicaca e í  UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), com a realidade dada pela legislação ambiental e os diferentes interesses para com o território permitem recomendaçíµes adaptativas nestas faixas de praias, em especial no perí­odo de maior impacto, a alta temporada de veraneio que se aproxima, onde foram registrados atropelamentos de aves por veí­culos, quebra de ninhos e lobos marinhos sendo molestados por pessoas, dentre outros.

De acordo com o coordenador do Instituto Curicaca, Alexandre Krob, o destaque mais importante a respeito dos estudos e seus resultados é que ajudam para que as discussíµes deixem de ser feitas na base do ˜achismo™. Eles mostram claramente os impactos das atividades humanas na praia sobre as espécies da fauna silvestre que utilizam esse ambiente para repouso, alimentação e reprodução. A partir desse entendimento, não há como eximir as pessoas e os gestores públicos da responsabilidade pelos impactos que vêm ocorrendo e pela busca de soluçíµes, ressaltou Alexandre.
Para Alexandre a redução gradual do uso da praia por veí­culos motorizados até a total exclusão de carros e motos em três anos seria o ideal. Isso não significa, de forma alguma, excluir as pessoas. Quem quiser, poderá estacionar nos extremos e entrar a pé ou de bicicleta e procurar um lugar tranquilo para desfrutar da praia e do mar. Imaginem que oportunidade! Quem gosta de movimento, tem a Praia Grande, a Praia da Cal. Quem quer tranquilidade, tem as praias em frente ao Parque de Itapeva. Ora é possí­vel estar num, ora noutro, diversificando. Essa diferenciação é excelente para a economia do turismo, onde gera serviços e empregos que não estão noutras praias. Carrega uma perspectiva de sustentabilidade e atende a necessidade de todos de saúde fí­sica e mental, geralmente associadas í  natureza, concluiu o coordenador.
O Instituto Curicaca é uma instituição comprometida com a biodiversidade e que tem propostas concretas para solucionar os problemas, sempre buscando compor com as necessidades das pessoas. A pesquisa e o monitoramento foram realizados entre os anos de 2014 e 2016, com apoio da Fundação O Boticário e em parceria com o Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atenderam a todos os requisitos de credibilidade para com seus resultados.  

 


Commam cobra ação do poder público                    
 

Conforme informa a presidente do COMMAM, Ivana Freitas, desde 2013, sempre nas proximidades do verão, esta pauta do uso da faixa de areia da praia da Itapeva volta í  apreciação no Conselho. E será quantas vezes for necessário até a administração pública colaborar e apresentar o plano de uso da faixa de praia, plano este exigido pelo Ministério Público, disse ela.
Com relação ao estudo realizado pelo Instituto Ivana diz que ele coloca nas mãos dados técnicos conclusivos para abrir novamente a discussão do descaso e da falta de consciência ambiental para com a faixa de praia em frente ao Parque. Penso que poderemos sim buscar equilí­brio e o uso sustentável desta faixa de praia, mas não é, de uso restrito do veranista ou do torrense, e sim de todos os seres, inclusive os presentes ali, por isso precisamos urgente de um plano de uso prudente e sensato. O Conselho esta junto com a comunidade, aguardando a atual gestão municipal apresentar este plano uso que será a solução de vários conflitos. Este regramento, que está muito moroso, se   faz necessário, porém   enquanto aguardamos, penso que poderí­amos fazer o abraço inicial. Já para o verão de   2017, com base na pesquisa e monitoramento do Instituto, providenciarmos placas de conscientização quanto a fauna e quanto ao rolamento de veí­culos, principalmente, placas educativas para as pessoas sobre a importância do manejo consciente. Além, é claro, a medida imprescindí­vel que é   a   diminuição considerável   no número   de   veí­culos estacionados ou circulando naquele   trecho, finalizou a presidente.
O gestor do Parque de Itapeva e também conselheiro do COMMAM, Paulo Grubler, informou que conforme Ação Civil Pública que tramita na Justiça Federal, a Justiça acolheu parcialmente o pleito do MPF (Ministério Público Federal), em caráter liminar, assim como acolheu um pedido do municí­pio para apresentar um plano de uso da faixa de praia em frente ao Parque para a temporada de 2015/2016, mas condicionou que este plano de uso fosse previamente aprovado pelo í“rgão Licenciador (FEPAM) e pela Unidade de Conservação (Parque Estadual de Itapeva). Porém as medidas e açíµes assumidas pelo municí­pio (acordadas), em processo administrativo próprio não foram implantadas naquela temporada. No momento existe a ação que tramita na Justiça Federal, onde novamente o municí­pio solicitou que fosse deferida a apresentação de um novo plano de uso para a atual temporada de 2016/2017, deferida pelo Juiz nas mesmas condiçíµes da proposta do ano anterior, afirmou Paulo, acrescentando ainda que não tem conhecimento de andamento de projeto com este fim, concluiu ele.
O COMMAM como órgão colegiado tem caracterí­stica própria e possibilita assumir duas vertentes (consultivo e deliberativo), sendo que o foco repousa sempre nas discussíµes das questíµes ambientais da comunidade, e a recorrente e tão importante discussão que envolve o Parque da Itapeva e seu entorno. As reuniíµes do Conselho são realizadas mensalmente e é composto por 19 entidades da administração pública e sociedade civil.

 
FOTO: Pesquisadora catalogara impactos das atividades humanas na Itapeva  

 

*Editado por Maiara Raupp

 

 

   


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