Lideranças polí­ticas da região de Torres prestigiam palestra sobre o uso de águas subterrãneas

29 de outubro de 2016

Evento (foto) foi organizado pelo Comitê Local da Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba  

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Por Guile Rocha

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O uso das águas subterrâneas foi pauta de encontro que ocorreu na manhã do último dia 26 de outubro (quarta-feira), no municí­pio de Mampituba. A convite do Comitê Local da Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba, técnicos e lideranças polí­ticas de Mampituba, Dom Pedro de Alcântara, Morrinhos do Sul e Torres encontraram-se no Centro de Convivência da Terceira Idade do municí­pio para ouvir a palestra do geólogo Maiquel Kochhann Lunkes, do departamento de Gestão e Perfuração de Poços da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento). Entre as presenças, os prefeitos eleitos de Mampituba, Dirceu Selau, e de Dom Pedro de Alcântara, Dirceu Machado, além de representantes da Patrulha Ambiental da BM (Patram), da Emater e da Corsan    de Torres.

Durante a palestra, Lunkes falou da importância dos poços artesianos para abastecer comunidades que não tem água de qualidade. Ele destacou que cidades da região como Dom Pedro de Alcântara, Três Cachoeiras e Morrinhos do Sul já tem abastecimento público a partir de águas subterrâneas. Poços artesianos também são encontrados em regiíµes rurais de Torres (conforme citado por alguns dos presentes no encontro). A seguir, Lunkes explicou aos presentes sobre o processo de acumulação dos aquí­feros. "A chuva que cai percorre a rocha ou o solo e infiltra-se nele. Neste processo a água já passa, naturalmente, por um filtro, formando reservatórios para armazenamento subterrâneo. Vale lembrar que 98% da água doce do planeta é subterrânea, enquanto apenas 2% é superficial (de rios e lagos).", ressaltou o palestrante.

 

Instalação dos poços artesianos

 

Conforme o geólogo da Corsan, nossa região litorânea possui bons aquí­feros para a extração – principalmente em localidades perto da praia, onde a água é de excelente qualidade.    Entretanto, não basta apenas perfurar o solo e pensar que a água fluirá naturalmente: "Na Corsan, buscamos fazer poços artesianos que proporcionem uma boa vazão de água, possibilitando assim atender a números maiores de pessoas. Para tanto, estudos hidrológicos e geológicos são feitos no local em questão, para que o melhor lugar seja escolhido. Além disso, cabe ressaltar que um termo de autorização (com órgão ambiental estadual) é necessário para permitir a perfuração (para abastecimento público). Estando em área particular, acordos com os proprietários das áreas são feitos para a cadência da água no local a ser perfurado", informou Lunkes.

Após decidido o local para perfuração, é instalado o poço que captará água do aquí­fero, sendo que o sistema utilizado pela Corsan é de poços tubulares, cavados centenas de metros dentro da terra por sondas mecânicas, com diâmetro que varia entre 6 e 24m. Estes poços são feitos com cimentação sanitária por muitos metros abaixo da superfí­cie e diversos filtros, conforme explicou o geólogo da Corsan. "Após abertos, os poços devem ser utilizados de forma racional, pois a superexploração dos poços artesianos pode fazê-los perder vazão e secar. Para isso é feito um teste de bombeamento, para que a vazão da água seja num ní­vel adequado ", concluiu Lunkes.

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FOTO: Geólogo Maiquel Kochhann Lunkes, palestrante

 

Vantagens e desvantagens das águas subterrâneas

 

Na sequência do encontro organizado pelo Comitê  Local da Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba, o palestrante  Maiquel  Lunkes destacou aos presentes algumas das vantagens do abastecimento por águas subterrâneas, como  a qualidade da água  (que necessita de menos tratamento quí­mico do que rios e lagos),  a segurança  (já que ela é mais protegida contra possí­veis contaminantes, como agrotóxicos)  sua função estratégica  (uma vez que pode abastecer determinado local de acordo com a necessidade),  e a disponibilidade  (a vazão se mantém em época de seca) além de poder ser uma medida  relativamente econí´mica.  "Porém, para cidades maiores, costuma-se ter um abastecimento a partir da água de rios e lagos, uma vez que a vazão necessária é muito grande, e esta demanda dificilmente seria atendida somente com poços artesianos. Além disso, a água dos aquí­feros não pode ser superexplorada, ".

Ainda que sejam de qualidade, as águas dos aquí­feros também podem carregar agrotóxicos, coliformes fecais e outros contaminantes – embora sejam mais protegidas e passem por uma filtragem (do solo ou pedras). O geólogo da Corsan explicou sobre alguns dos problemas encontrados nas águas subterrâneas gaúchas, como excesso de ferro e manganês, excesso de flúor e cloreto, PH alcalino superior a 9,5 (quando o ideal é 7). Mas cabe ressaltar que estes problemas não são regra, no geral aquí­feros tem água de boa qualidade.

 

Troca de experiências

 

Os técnicos e representantes públicos aproveitaram o encontro para trocarem experiências sobre a questão da água na região de Torres e litoral. Foi debatida no encontro a situação da contaminação da Lagoa Peixoto, que abastecia a cidade de Osório – mas que agora está com sua água contaminada, sendo que o abastecimento do municí­pio passou a ser feito por água captada de poços artesianos. A água da Lagoa da Itapeva, que abastece Torres, foi considerada como estando dentro dos padríµes aceitáveis de contaminação por  José Antonio Dambros, agente da corsan e vice-presidente do Comitê Local do Mampituba. Em sinal de alerta, Lunkes falou sobre o perigo dos agrotóxicos utilizados em lavouras, que podem trazer malefí­cios para a saúde do ser humano, bem como para a natureza e os mananciais hí­dricos: "Estas substâncias quí­micas chegam a demorar 100 anos para serem decompostas, e passando pelo solo podem chegar aos aquí­feros também", ressaltou.

 Para o secretário executivo do Comitê Mampituba, o prof. Christian Linck da Luz, foi importante a Corsan ter enviado um representante para debater o assunto, uma vez que é utilizada a água subterrânea da bacia do Rio Mampituba para abastecer principalmente municí­pios menos populosos da região."E apesar de existir em abundância e ter qualidade, as águas subterrâneas são um recurso finito, que deve ser utilizado apenas se não houver outra solução. Locais com águas milenares estão secando em várias partes do mundo. Temos que incentivar o uso consciente da água e brecar a contaminação por agrotóxicos e coliformes fecais (decorrente da pecuária e das lavouras)". Finalizando, a presidente do Comitê, Leonila Quartiero Ramos, agradeceu a presença de todos e lembrou que as águas subterrâneas de nossa região são também uma preocupação do Comitê: "Esperamos que os prefeitos da região levem em consideração o que e foi dito aqui hoje, que vejam isso, que prestem atenção para a saúde de nossas águas".


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