MOVIMENTO DO MERCADO DE TORRES SENTE A CRISE, MAS ‘AINDA AGRADECE’ AOS ARGENTINOS

17 de fevereiro de 2017

 

 Centro de Torres (FOTO: Guile Rocha)

 

Com Fausto Júnior

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Nesta terceira semana de fevereiro, como ainda não existe nenhuma estatí­stica formal, executada pelas entidades empresariais de Torres, sobre o termí´metro de vendas do mercado local em 2017, o jornal A FOLHA foi í s ruas levantar certa estatí­stica. A busca é que o resultado das coletas chegasse , ao menos, próxima do resultado auferido nas vendas dos Hotéis, comércio, e gastronomia da cidade nesta alta temporada. Checamos uma amostra pequena – mas significativa – de cada setor e vamos a seguir dar uma base das tendências do mercado local neste veraneio, que já se prepara para encerrar (já que estamos na segunda metade do mês de fevereiro).

 

COMí‰RCIOS: Com argentinos e sem argentinos

 

As lojas da chamada Linha Dura (Eletrodomésticos e móveis) geralmente não informam o movimento de suas vendas, porque as aqui da região são filiais de redes que costumam anunciar resultados gerais da marca, sem anunciar números locais especí­ficos. Mas a chamada Linha Mole (vestuário) é formada em geral de lojas locais aqui em Torres, o que facilita a pesquisa, embora muitos não gostem de informar. A FOLHA checou lojistas deste setor que, consideramos, demonstram uma boa amostra de lideranças de mercado, que consequentemente deve representar a tendência do segmento de forma fidedigna em resultados.

O que se notou foi que o estabelecimento que trabalha com os turistas de forma sistêmica teve queda de em torno de 12% nas vendas em janeiro, se comparadas com janeiro anterior (2016). Teve também queda ainda maior em fevereiro, de 22%. Mas o interessante é que no ano anterior, as mesmas lojas da amostra haviam crescido significativamente em relação a 2015. í‰ que a presença dos argentinos foi maior e, portanto, esta queda de vendas é em cima de um ano passado muito bom, o que deve se considerar.

 Já os comércios que não têm costume de trabalhar com turistas e veranistas tiveram queda de vendas lineares em janeiro e em fevereiro (até agora). Foi de 10% a diminuição da venda em relação ao ano passado, mas a queda é em cima de uma venda que não tinha sido boa já em 2016, pois as mesmas não contaram diretamente com o movimento acima da média dos argentinos no veraneio 2016 em Torres.  

 

HOTEIS: De volta aos ní­veis de 2015

 

Na hotelaria, a queda dos estabelecimentos checados por A FOLHA foi de 20% na média de janeiro e fevereiro. Mas o setor também operou em cima de um ano anterior muito positivo. Em alguns casos o aumento das vendas no verão passado em relação ao verão de 2015 foi até de 20%, o que sugere que a queda deste ano praticamente coloca o setor nos patamares lá de 2015, antes ‘da moda’ dos argentinos chegar aqui (após a desvalorização do real).

Mas o que preocupa a hotelaria organizada da cidade é que este patamar voltou contando ainda com os argentinos neste ano. Ou seja: os argentinos salvaram a lavoura do veraneio dos torrenses. Em 2016 eles chegaram a representar até 70% do movimento dos hotéis. Já em 2017 (este ano) eles estão representando em torno de 50%. Mas em 2015 eles representavam somente cerca de 15%, a média que vinha ocorrendo nos anos anteriores. Isto quer dizer que, se não fossem os argentinos, a hotelaria na cidade estaria amargando uma queda de movimento de em torno de 40%, fruto da crise que vivem os brasileiros, principalmente os gaúchos, os frequentadores mais frequentes dos leitos dos hotéis locais.

 

RESTAURANTES RECLAMAM DA FALTA DE DINHEIRO

 

Os restaurantes também se apresentaram de forma similar ao comportamento dos hotéis. O movimento deste ano cai bastante, se comparado com o veraneio bom ocorrido no verão 2015/2016. Também acabam voltando aos patamares do verão 2014/2015, mas também contando com muitos argentinos no movimento deste ano, que também salvaram o resultado de não ser muito mais negativo. O setor caiu em torno de 20% em relação ao verão passado.

Mas a falta de dinheiro (até dos argentinos) é que chamou a atenção. No verão passado, os Hermanos consumiam í  noite e ‘a La carte’. Atualmente estão partindo para buffets ou comendo por conta após comprarem alimentos nos mercados e consumirem em casa ou na praia. E os brasileiros estampam mais falta de poder aquisitivo ainda, acima dos argentinos.

 

argentino E Veranista de torres desde 1993 ACHA QUE ESTAMOS EXPLORANDO mal O MERCADO

 

 

Carlos Gacci na redação de A FOLHA

 

Por Guile Rocha

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O argentino Carlos Lorenzo Gacci, morador de Passo de Los Libres, tem 65 anos e hoje é aposentado. Desde 1993, suas férias com a famí­lia tem um destino certo: Torres. Há 24 anos ele vence os cerca de 800 quilí´metros de estrada e vem para litoral gaúcho, onde sempre aluga uma casa e fica geralmente 15 dias. Em 1999, Carlos recebeu um troféu de ‘Amigo do Estado do Rio Grande do Sul’ – honraria concedida pela Secretaria de Turismo do RS em decorrência do fato de ajudar a trazer turistas para cá, indicando conhecidos para que venham e desfrutem de Torres e região.

Na última quarta-feira (15), este ‘turista torrense de carteirinha’ fez uma visita í  redação do jornal A FOLHA. Ele falou sobre o grande número de visitantes que saem da Argentina tendo como destino o litoral sul do Brasil. "Nos últimos 60 dias, 1,2 milhíµes passaram apenas pela aduana de Passo de Los Libres. E isso sendo que há muitas outras aduanas (fronteiras entre o Brasil e a Argentina). Nunca vi tanta gente vir para essas terras", constatou Carlos. Mas noto que este monte de gente não ficou em Torres como deveria ficar, levando em conta os anos anteriores do movimento, disse Carlos.

 Segundo o veranista argentino, a nova ponte de Laguna – que facilitou o trânsito na BR-101 catarinense –  está fazendo com que mais argentinos optem por passar suas férias nas práis de Santa Catarina. Na opinião dele – inclusive – frequentar praias como as de Florianópolis é uma ação que carrega todo um (exagerado) glamour para o turista argentino –  principalmente o portenho (de Buenos Aires).

Carlos Gacci relembra que, na década de 90, Torres era ‘o máximo’ para os argentinos de sua região. Segundo ele, muitos argentinos adquiriram propriedade em Torres naquela época, e chegavam a alugar sua casa para o veraneio (como tantos torrense fazem). "Após a crise econí´mica na Argentina (que teve seu ápice em 2001), o movimento (turí­stico) para Torres diminuiu, mas depois voltou a melhorar. Mas atualmente, a situação econí´mica não é tão boa quanto a 10 anos atrás na Argentina. As exportaçíµes diminuiram, houve muito assistencialismo por parte do governo.

 

Além disso, Carlos pensa que os turista argentino deveriam ter folhetos, mapas turí­stico indicando o caminho até Torres. "Algo que falta é divulgação: em todo o caminho desde Uruguaiana (BR-290) até Torres, não há cartazes, outdoors que chamem para vir para Torres. Além disso, ia ser bom ter uma pessoa (da Secretara de Turismo do Estado, talvez) assessorando os turistas na aduana de Uruguaiana-Passo de Los Libres. Seria um bom jeito de divulgar (o destino turí­stico Torres). Há uma Feira Internacional de Turismo, realizada em Palermo, feira internacional de Turismo, mas é muito comercial, é muito para agentes de viagem, não exatamente para o turista".

Carlos pensa que, para atrair mais o turista argentino, algumas medidas deveriam ser intensificadas: 1)Alugar/Fechar pacotes de viagem desde a Argentina com agências locais daqui de Torres;   2) Ter mais shows de música na praia e atividades na beira-mar. 3) Deveriam haver mais opçíµes noturnas para o jovem (apesar dele pensar que a cidade é tranquila para passear com a famí­lia).

 


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