Prezado Fausto,
Li com atenção a correspondência enviada í Folha por Juarez Espíndola e publicada na edição do dia 27/11. Nela era sugerido que fosse estipulada uma contribuição por parte dos proprietários e locatários de imóveis, comerciantes e outros atores da economia e da sociedade torrense, visando obter-se um montante de verba que seria utilizado em melhorias das péssimas condiçíµes em que se encontra nossa cidade. Num primeiro momento, pareceu-me uma solução interessante. Ocorre que, pensando melhor, a situação de total abandono das principais vias e calçadas, da má conservação dos parques e da segurança em geral, dá-se exclusivamente pela má administração dos recursos que o município arrecada, parecendo não haver um programa ou pessoal competente na aplicação destes mesmos recursos, focados numa visão de médio e longo prazo. Assim sendo, esta contribuição voluntária, a ser administrada por um colegiado independente (sic), parece-me que nada mais seria que um novo tributo. Estaríamos, pura e simplesmente, liberando a administração municipal de investir e agir naquilo que é da sua exclusiva responsabilidade. O mau uso do dinheiro público e/ou das práticas administrativas continuaria a ocorrer, tranquilamente, pois os munícipes estariam a aportar recursos para tapar os buracos (e aí no mais amplo sentido).
De qualquer forma, a sugestão de Juarez Espíndola é bem vinda! Precisamos nos conscientizar da necessidade de participar ativamente das açíµes cidadãs, formando grupos de discussão que visem encontrar soluçíµes e fazer cobrança efetiva das atitudes e práticas do poder público. A atual administração, por sinal eleita com 7.791 votos, ou seja, somente 37,40% dos votos totais, tem obrigação de dizer a que veio. E cabe a nós, munícipes, fiscalizar! Não podemos aceitar que ruas importantes, como, por exemplo, a Benjamin Constant, estejam cravejadas de buracos! í‰ um acinte! Esta é a rua que leva ao setor de restaurantes í beira do rio! Assim, pois, de alto interesse turístico e comercial. O calçadão da Praia Grande, outro descalabro. Cheio de lajotas quebradas e buracos, uma vergonha para quem aqui reside e recebe os visitantes! Os exemplos são inúmeros e por demais sabidos. Poderia citar o acesso í ponte sobre o Mampituba, que nunca contou com a simpatia da administração, em que pese sua importância! Percebe-se que há uma revolta na sociedade. A qualquer hora, não duvido, alguém irá fazer barricadas e queimar pneus para impedir o transito nas vias mais danificadas, em atitude de repúdio e numa tentativa de ser ouvido e ter seus anseios básicos atendidos.
Considero que devemos agir já. E, aproveitando esta oportunidade, gostaria de apresentar a sugestão de que se faça uma campanha no sentido de sensibilizar os inúmeros veranistas proprietários de imóveis em Torres, responsáveis por uma parcela considerável do IPTU , portanto de boa parte da arrecadação municipal, a transferirem para cá seus títulos de eleitor. Com certeza um modo de eleger candidatos (prefeito e vereadores) efetivamente focados nos interesses desta enorme e importante parcela de contribuintes. Quem sabe a Folha encabeçaria esta cruzada? O quadro eleitoral da cidade tenderia a sofrer uma radical transformação, com certeza para melhor.
Poderia ainda enumerar uma série de outras mazelas, mas sinto que já me alonguei demais. Agradeço a tua atenção.
Um abraço,
Paulo Roberto Pêgas