Em Estrela do Mar, avenida que era pavimentada está há anos empoeirada, após embargo de obra de asfaltamento
Lagoa Jardim, Estrela do Mar, Praia Real, Paraíso, e outras. Já faz muito tempo que moradores e veranistas das praias do sul do município de Torres reclamam de atendimento da prefeitura í s suas demandas básicas. í‰ que muito da região, décadas atrás, surgiu com loteamentos diversos. Vários deles (talvez a maioria) acabaram interrompendo seus projetos originais, consequentemente não entregando a estrutura urbana prometida aos compradores de lotes. E as soluçíµes de continuidade de todas estas mazelas acabam sendo cobradas da Prefeitura de Torres, que por sua vez fica obrigada a realizar serviços que seriam de obrigação dos empresários dos loteamentos, que deveriam ser cobrados pelos donos dos terrenos adquiridos em várias épocas.
Mas as empresas sumiram ou faliram e os donos de terrenos não possuem recursos para fazer obras estruturais. Por isso, voltam-se í municipalidade local pedindo a intervenção no encaminhamento dos problemas. E, no meio desta confusão de responsabilidade, serviços básicos como capina de vias ou de limpeza de valos acabam ficando na mesma lista de espera de serviços de obras estruturantes que não foram entregues por empreendedores, gerando um ciclo vicioso e de falta de atenção visível das autoridades aos pedidos locais.
União de praias pede serviços demandados por todas
Neste contexto – e aproveitando o contexto de esperança de um novo início de governo – as associaçíµes (organizadas ou não) das praias do sul de Torres se reuniram, antes do pleito de outubro de 2016, e solicitaram demandas básicas a serem executadas aos dois candidatos. O tema acabou sendo, então, destaque em debates eleitorais. A candidatura do PMDB chegou a colocar no Plano de Governo de sua campanha as açíµes prometidas para as praias do sul, e o atual prefeito de Torres, Carlos Souza, também prometeu resolver as principais demandas dos moradores das localidades (que também representam, na maioria dos casos, os veranistas).
Conforme informou para A FOLHA o presidente da Associação da Praia Paraíso, o empresário Alfredinho Bagatine, são em torno de sete praias que são consideradas comunidades e que trabalham separadamente para suas localidades, mas que têm buscado cobrar, juntas, demandas coletivas que de alguma forma são similares entre todas. As praias são várias e buscam ser tratadas como uma espécie de bairro. Algumas têm associação formal, outras apenas algumas representatividade, mas todas estão se unindo em torno da sistêmica falta de olhar das administraçíµes passadas para as localidades.
As principais demandas que foram pedidas pelo grupo na eleição e que, agora, estão sendo cobradas do governo Carlos Souza são: 1) Um posto de Saúde para atender as localidades; 2) um calendário de limpeza e capinas sistêmicas a ser cumprido nas praias elencadas; 3) uma espécie de Posto Policial, onde os moradores buscariam resolver (ou se socorrer) em problemas de segurança locais seriam as demandas de serviços sistêmicos; 4) Asfaltamento das entradas das praias (principais) e da Interpraias (estrada que liga as localidades). Estes são os pedidos padronizados de todas as localidades quando se trata de infraestrutura aos loteamentos.
Ação na justiça e indexação a outros municípios
Os moradores e veranistas da Praia Estrela do Mar (que envolve a Praia Webber e a Praia Real) têm um problema maior. í‰ que uma empresária (com boas intençíµes) resolveu empreender por conta própria e asfaltar a entrada que vai do início da avenida de acesso – da Estrada do Mar (rótula do aeroporto) até a beira da Praia (junto ao Restaurante Verdes Mares). Mas a mesma empresária não formalizou Licença Ambiental e a prefeitura embargou a obra, no Governo Nílvia, em 2015. Alguns moradores alegam que a prefeitura, então, não deveria sequer deixar que a obra iniciasse ao invés de embargar a mesma – após já ter sido colocados o saibro e as pedras que são o que se chama de espera do asfalto, o que não ocorreu não se sabe o por que… E o resultado final deste imbróglio é triste. Moradores e veranistas que possuem casa na avenida estão sendo obrigados a conviver, a tempo, com o pó da estrada de chão, quando já tinham, antes, uma rua sem pó, pois possuía pavimentação com pedras irregular. Alguns exigem, inclusive, que seja retirada a espera do asfalto, o que em princípio pode sair mais caro do que asfaltar a avenida por cima da espera.
Conforme informam alguns moradores, já existe um pedido junto ao Ministério Público da comarca, para que a entidade enquadre os responsáveis (no caso, a empresária que fez a obra e parou após ser embargada e Prefeitura de Torres) para que resolvam o problema. E agora os mesmos buscam alternativas, agindo, também, em conjunto com as demandas de outras praias. Informaçíµes obtidas por A FOLHA junto a comerciantes da região dão conta que donos de casas desta avenida na Estrela do Mar (que teriam, inclusive, bom poder aquisitivo) estariam colocando seus imóveis í venda por conta da poeira que são obrigados a aguentar, quando veículos passam na via com velocidade alta, ou quando caminhíµes trafegam por ela para abastecer o comércio das praias de lá.
Nas últimas semanas, líderes das praias e veranistas começaram, também, a conversar sobre a possibilidade das comunidades solicitarem troca de município mãe. Ou seja: querem tratar de sair da responsabilidade da cidade de Torres para passar a ter responsabilidade tutelada por outras cidades. Arroio do Sal e Dom Pedro de Alcântara são os focos. Estamos levantando os ritos necessários para avaliarmos com mais objetividade esta alternativa. Já foi comprovado que os impostos captados aqui são muito altos e que a contrapartida que a prefeitura de Torres nos fornece é bem menor, ou quase nula, afirmou Alfredinho Bagatine, presidente da Associação da Praia Paraíso. Estamos demandando junto ao atual prefeito nossas necessidades.Mas se continuarmos sem atenção, vamos trabalhar para mudar de município, disse o empresário.
Bagatine acha melhor que as praias do sul sejam indexadas ao município de Dom Pedro de Alcântara, que necessita de mais arrecadação, tanto de repasses federais e estaduais ( oriundos no número de habitantes que aumentaria), quanto de IPTU ( que viriam das residências das praias dos sul de Torres após indexadas ao novo tutor). Mas existem lideranças mais interessadas em ter o município de Arroio do Sal como nova mãe das praias do sul de Torres. A justificativa é de que í quela municipalidade mostra, na prática, tratar bem melhor as praias no estilo das sete localidades rebeladas do município de Torres.
O assunto deverá ser pauta relevante das reuniíµes da união das praias do sul de Torres neste ano de 2017. No último dia 07 de março, por exemplo, a prefeitura dialogou, em reunião, com líderes comunitários sobre as prioridades nos bairros e Praias do Sul.