O presidente da federação dos agricultores do Rio Grande do Sul Carlos Sperotto inclusive sugeriu que o trabalho e a divulgação do estudo da Embrapa estariam colocando os pequenos produtores contra os grandes produtores de soja e outras culturas exploradas em grandes áreas no Estado. O dado e a repercussão mostram uma mazela embrenhada na cultura produtiva do RS que não possui nenhum fator positivo. Por que a divulgação de um positivo avanço da agricultura familiar perante a monocultura geraria insurgências entre um e outro setor? Por que a divulgação da perda de produtividade de um setor causada, conforme o estudo, pela falta de rodízios de terra seria negativa para o setor produtivo, quando somente alerta para que os empresários do setor se preparem mais para competir com os Estados que plantam os mesmos produtos há menos tempo?
Existe um fator ideológico saudável que reparte opiniíµes sobre políticas públicas para o fomento da agricultura no país, assim como a mesma divisão faz parte de debates pelo mundo afora. Uns acreditam que as políticas devem ser voltadas com mais ênfase para a agricultura familiar, buscando saudavelmente segurar o homem no campo e consequentemente fomentar projetos de vida saudáveis e de labor positivo, onde o trabalho de uma família alcança a necessidade básica desta mesma família de sobreviver e manter filhos junto í s propriedades rurais. De outro lado existem correntes que sugerem mais investimentos em fomento de agriculturas de grandes áreas, saudavelmente também mostrando que se trata de uma das melhores formas do país buscar divisas e crescer economicamente, aumentando seu PIB com exportaçíµes e contribuindo para baratear os alimentos dentro do território nacional. Infelizmente existe no meio disto tudo, e talvez seja o verdadeiro fator causador desta competição improdutiva entre grandes plantadores e pequenos plantadores, o processo em ação do projeto de reforma agrária no país. Ele tem mais gerado crises e conflitos do que resultados práticos.
Fomentar a agricultura familiar presenteando cidadãos e famílias com terras não se mostrou uma forma eficaz de reformar a concentração excessiva de terras do país e para diminuir o êxodo Rural, grande causador de bolsíµes de miséria nos grandes centros urbanos. Os vícios dos movimentos de sem terra têm estampado para a sociedade a ineficácia de dar propriedade para alguém como forma de fomento a alguma causa coletiva e social. Os agricultores beneficiados pelas terras da política do governo se defrontam com um bem deles, mas sem a menor política coletiva para fomentar seu novo trabalho.
Já os pequenos agricultores que crescem, geralmente são donos de suas terras e têm se beneficiado por políticas que trabalham o ambiente empreendedor, como, por exemplo, de assistência técnica e desenvolvimento gerencial e tecnológico de suas produçíµes. E eles mostram dados que já ultrapassam em alguns casos a produtividade de grandes lavouras mecanizadas e com grande capital investido e disponível.
A equação mais equilibrada que as autoridades e os formadores de opinião deveriam incentivar neste momento é o fomento duplo í agricultura no país. Nossa nação necessita das duas correntes de desenvolvimento: a das grandes plantaçíµes competitivas a nível internacional; e das pequenas propriedades rurais, que além de produzirem muito bem, mantém projetos de vidas afixados no campo e geram possibilidades crescentes para que famílias saudáveis e felizes fiquem em seus pagos por mais geraçíµes, evitando o êxodo rural. Cabe í s políticas públicas levarem em conta o equilíbrio de fomento í s duas linhas de ação. Mas parece que o apoio funcional em ambos os casos se trata de desenvolver ambientes ao invés de trocar terra por votos como mais parece a política de reforma agrária no Brasil.
Quanto í disputa infundada entre grandes e pequenos plantadores, cabe í sociedade e í s autoridades desincentivar o conflito. Parece que o que está por trás disto tudo são os exageros que alguns grandes agricultores usufruem ao obterem subsídios do governo federal; e dos exageros que arautos do fomento da agricultura familiar protagonizam, colocando a guerrilha como mote de suas causas. São artificialidades que devem ser banidas, pois acabam gerando uma guerra em um ambiente que deveria estar unindo os dois pólos, pólos estes, ambos, produtivos e altamente potenciais desenvolvedores de nossa nação.