INDO ALÉM DA PÁSCOA: Uma mistura de tradições

A Páscoa é a maior dentre todas as comemoração cristãs, uma lembrança à morte e ressurreição de Jesus Cristo. Sinônimo de renovação, passagem e ovos de chocolate (principalmente para a criançada), a verdade é que esta data possui muito mais simbologias e significados do que nós normalmente conhecemos, envolvidos em diferentes culturas e mitologias.

1 de abril de 2018

Páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem em grego) é um evento religioso cristão, normalmente considerado o dia santo mais importante.  Na Páscoa é celebrada a ressurreição de Jesus Cristo, que depois de morrer na cruz foi colocado em um sepulcro, onde permaneceu por três dias até sua ressurreição.Considerada, essencialmente, a Festa da Libertação, a Páscoa é uma das festas móveis do nosso calendário, vinda logo após a Quaresma e culminando na Vigília Pascal. A celebração pode cair em uma data entre 22 de março e 25 de abril.

A origem da palavra remete ao nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada. Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pesah, a Páscoa judaica, que é uma das mais importantes festas do calendário judaico, celebrada por 8 dias e onde é comemorado o êxodo dos israelitas do Egito, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a “passagem” de Cristo, da morte para a vida.

 
Pesah: O êxodo dos judeus do Egito

 

Segundo a Bíblia (Livro do Êxodo), Deus mandou 10 pragas sobre o Egito. Na última delas (Êxodo, cap 12), disse Moisés que todos os primogênitos egípcios seriam exterminados (com a passagem do anjo da morte por sobre suas casas), mas os de Israel seriam poupados. Para isso, o povo de Israel deveria imolar um cordeiro, passar o sangue do cordeiro imolado sobre as portas de suas casas, e o anjo passaria por elas sem ferir seus primogênitos. Todos os demais primogênitos do Egito foram mortos, do filho do Faraó aos filhos dos prisioneiros. Isso causou intenso clamor dentre o povo egípcio, que culminou com a decisão do Faraó de libertar o povo de Israel, dando início ao Êxodo de Israel para a Terra Prometida.

Os eventos da ressurreição de Cristo teriam ocorrido durante o Pesah, data em que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito. As ligações entre ambas celebrações também passa, portanto, pelas coincidências entre a Páscoa e o Pesah no calendário, mas ocorre principalmente pelo sentido simbólico de passagem e renovação. Este sentimento se perpetuou porque, no hemisfério norte, a páscoa ocorre durante a primavera, época de fertilidade para a natureza, sempre muito cultuada por diversas mitologias.

 

A fertilidade, os ovos e a deusa da primavera
Representação da divindade Ishtar, gravada em terracota – hoje encontra-se no museu do Louvre. Aproximadamente 2 mil a.C.

 

Em inglês, o nome dado a Páscoa é “Easter”, em homenagem a deusa Ishtar. Ela é uma das mais antigas divindades conhecidas, reverenciadas pelos acádios há mais de 4500 anos. Um ritual importante em homenagem a deusa ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Um resquício por trás desse antigo ritual talvez seja o dos ovos de Páscoa, embora não exista uma prova concreta associando os dois rituais. De qualquer forma, em muitas culturas o ovo é considerado um símbolo de fertilidade. A pintura dos ovos ainda é uma tradição comum em muitos lugares, embora em muitos países os ovos naturais tenham sido substituídos por ovos de chocolate.

O culto em homenagem a Ishtar perdurou com os anos e espalhou-se por diversas religiões, fazendo com que a tradição chegasse à mitologia nórdica, onde se tornou popular também.  Eostre (ou Ostera) tornou-se a deusa da fertilidade e do renascimento. Seu nome traduzido significaria algo como “Sol nascente”, e na primavera, lebres e ovos coloridos eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados. E foi na mitologia nórdica dos vikings que surgiu a mais interessante história sobre o coelho da Páscoa

 

A lenda viking do Coelho da Páscoa
FOTO: Representação da deusa nórdica da primavera, Eostre, com o coelho nos braços

 

Dizem as lendas que Eostre tinha uma especial afeição por crianças. Onde quer que ela fosse, elas a seguiam e a Deusa adorava cantar e entretê-las com sua magia. Um dia, Eostre estava sentada em um jardim com suas tão amadas crianças, quando um amável pássaro voou sobre elas e pousou na mão da Deusa. Ao dizer algumas palavras mágicas, o pássaro se transformou no animal favorito de Eostre, uma lebre. Isto maravilhou as crianças.

Porém, com o passar dos meses, elas repararam que a lebre não estava feliz com a transformação, porque não mais podia cantar nem voar.As crianças pediram a Eostre que revertesse o encantamento. Ela tentou de todas as formas, mas não conseguiu desfazer a mágica, que seria irreversível Era inverno, e nesta época do ano o poder de Eostre diminuía. Portanto ela decidiu esperar até a primavera.

A lebre assim permaneceu até que então a Primavera chegou. Nessa época os poderes de Eostre estavam em seu apogeu e ela pôde transformar a lebre em um pássaro novamente, pelo menos por algum tempo. Agradecido, o pássaro botou muitos ovos em homenagem a Eostre, e voou e cantou alegremente. Mas o encanto era permanente, e o pássaro voltou a ser lebre em pouco tempo. Ainda assim, a lebre ficou comovida com a bondade das crianças, e decidiu distribuir ovos pintados para todos, por todas as primavera.

Para lembrar às pessoas de seu ato tolo de interferir no livre-arbítrio de alguém, Eostre entalhou a figura de uma lebre na lua que pode ser vista até hoje por nós.

 

 

*Com informações da Wikipedia,  Arte Educação e Dw.de


Publicado em: Cultura






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