Maria Gorete Evaldt Hendler tem 44 anos. Nascida e criada em Dom Pedro de Alcântara, trabalhava como cozinheira e como padeira, emprego que ocupou por muitos anos em um estabelecimento do município. Até que, em novembro do ano passado, ela se machucou levemente – após seu peito se chocar contra uma máquina de fazer massas na padaria onde trabalhava: “Foi então que senti um caroço, algo meio duro no seio. Procurei um posto de saúde e fui encaminhada para exames, que acabaram dando o prognóstico de câncer de mama” explica Maria Gorete.
Após os primeiros exames feitos em Dom Pedro e Torres, ela foi encaminhada para tratamento mais avançado em Porto Alegre – sempre com o apoio da Secretaria de Saúde de Dom Pedro de Alcântara. Neste momento inicial, Maria Gorete ressaltou em especial a atenção que o Dr. Paulo Rodrigues dedicou ao seu caso, prestativo em resolver muitos problemas para marcação de exames e consultas urgentes em uma época crítica (perto das festas de final de ano).
A partir de então, a vida dessa moradora de Dom Pedro de Alcântara mudou – iniciou-se a caminhada de Maria Gorete para vencer o câncer. “Quando recebi a notícia que estava com a doença me abalei, foi de perder o chão. Vamos todos os dias para o serviço, levamos uma vida normal que muda radicalmente quando ouvimos isso: você está com câncer. Além de ser difícil assimilar, também é duro passar a notícia para a família. No começo tive que consolar a minha mãe, por exemplo”, relatou.
Força de vontade e alto-astral na luta contra a doença
Mas o choque inicial com a notícia logo se converteu em força de vontade e fé na recuperação. Contando com o apoio da família – sendo que o pai e irmãos de Maria Gorete a acompanhavam em todas as consultas – as dificuldades logo tornaram-se combustível para melhorar. “No começo do tratamento foi mais complicado: fazer as quimioterapias me deixou cansada, tem a perda do cabelo. A doença mostra sua força e surge aquele desânimo, pensamento de desistir. Mas sempre creio que, se formos nos abalar por qualquer problema, não levamos a vida adiante. A família estando junto, apoiando, também é muito importante. Pensava no meu filho, sentia ainda mais pelas pessoas que me queriam bem. Isso tudo fortalece, me fez querer agarrar com unhas e dentes a vontade de viver”.
No total, foram 16 sessões de quimioterapia feita pela paciente Maria Gorete – as primeiras mais difíceis, porém adquirindo maior resistência nas seguintes. Mantendo o bom humor, ela costuma impulsionar, com sua energia positiva, outros pacientes que a acompanham nas viagens de transporte da prefeitura de Dom Pedro de Alcântara até Porto Alegre, para tratamento. “O que começou a chamar muito atenção na secretaria era o alto astral da Maria Gorete. Se tinha um paciente novo, ia visitar. Dando força outros pacientes que iam com ela na viagem”, ressalta a Secretária Municipal de Saúde, Fabiana Schwanck.
Durante seu tratamento contra o câncer de mama, Maria Gorete acabou empreendendo mudanças em sua rotina e no estilo de vida: “Inicialmente, o fato de não poder trabalhar me angustiou um pouco, mas logo comecei a valorizar as conquistas que o tempo em casa me proporcionou: o fato de poder passar mais tempo com o meu filho, aproveitar a família, manter o bom humor. Comecei a fazer uns livros para pintar, que se mostraram uma boa terapia. Recentemente, comecei a fazer ginástica, me desafiando para fazer o melhor possível. As vezes focamos tanto em nosso trabalho que esquecemos algumas coisas boas da vida”
E no final das 16 sessões de quimioterapia, veio a boa notícia para Maria Gorete: o nódulo diminuiu bastante, mostrando a evolução do tratamento. Assim, pouco tempo depois foi realizada a cirurgia para a retirada do nódulo, que ocorreu bem, não sendo necessário a retirada da mama (mastectomia). Agora, ela dá continuidade ao tratamento com as sessões de radioterapia – sempre mantendo a disposição e a autoestima. “Só vitórias, não tenho o que me queixar. Enquanto me tratava via que não tinha nada perto de outras pessoas que estão lá, pessoas que continuavam com a gana de viver (apesar das adversidades do câncer). Somos capazes de lutar e vencer, não dá pra se deixar abalar”, ressaltou a moradora de Dom Pedro de Alcântara.
Agora, o câncer que parecia um bicho papão há um ano atrás virou motivação para encarar os novos desafios que aparecerem no caminho. Quando perguntada para seus planos para o futuro, Maria Gorete ressalta a vontade de aproveitar o que tiver de bom na sua vida. “Quero viver o máximo possível, participar das festas da comunidade que eu puder, dançar muito, curtir a família. Cada dia é um dia novo, com determinação de viver. A nossa autoestima, fé e força de vontade são o principal para seguir sempre com disposição”, concluiu a espirituosa Maria Gorete.
Outubro Rosa e a prevenção contra o câncer de Mama
No caso de Maria Gorete, foi um acidente leve em seu peito que, por coincidência, a fez notar o nódulo que havia em seu seio – e o diagnóstico rápido da doença possibilitou que seu organismo pudesse responder ao tratamento com mais eficiência. Entretanto, nesses casos não pode-se deixar esperar o pior acontecer para começar a se tratar: é essencial a realização dos exames para a detecção precoce do câncer de mama. “Todo ano, faça o exame da mamografia direitinho – é fácil e simples de fazer. Não custa se prevenir para que seja feito um diagnóstico o quanto antes, para que tenha um melhor prognóstico de melhora”, aconselha a própria Maria Gorete.
Lembrando que estamos no Outubro Rosa – mês de conscientização sobre a prevenção contra o Câncer de Mama. Durante esse mês, postos de saúde de toda região tem realiza um trabalho focado na coleta de preventivos, exame das mamas e solicitação de mamografia, além de outras atividades lúdicas e de convivência relacionadas a luta contra o câncer de mama. Então, fica a dica para as mulheres fazerem o exame e se prevenirem – que é sempre melhor que (mais tarde) ter um custo alto para remediar.
