Pacientes faltam em mais 40 % dos exames marcados no sistema de saúde gratuito em Torres

Talvez por ser gratuito, cidadãos simplesmente marcam e não comparecem para realizarem as investigações para diagnósticos. Mas já há sansões para o abstencionismo

Cadeira vazia, paciente ausente (foto meramente ilustrativa)
17 de março de 2020

Durante a apresentação do novo secretário de Saúde de Torres aos conselheiros e visitantes que estavam na reunião do Conselho de Saúde de Torres, realizada na terça-feira (10 de março), um dado importante foi mais uma vez apresentado. Cláudio Paranhos, novo secretário de saúde torrense, divulgou um dado indicando que mais de 40% dos exames de Saúde marcados em Torres –  por pacientes  atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) –  não são efetivados pelos pacientes. Lembrando que são exames gratuitos, sem custos para a pessoa (mas que oneram a comunidade brasileira como um todo).

As pessoas vão a uma consulta nos postos de Saúde ou em especialistas para diagnosticar alguma possibilidade de estarem doentes ou para fazerem um check Up (investigação preventiva); E passam por um longo processo, inicialmente recebendo dos médicos requisições para exames de diagnóstico (feitos por sangue, urina, fezes, radiografias, mamografias, tomografias, ecografias, dentre outros); depois  vão ao sistema municipal de marcação de consultas para requisitar o exame;  e afinal recebem a autorização ou a data do exame a ser feito. Mas mesmo depois de esta enormidade de ritos, ritos estes que não são em vão – porque servem para verificar detalhes importantes da própria saúde – os pacientes não comparecem na data marcada realizar os exames finais – e geralmente nem avisam com antecedência. Isto gera filas maiores nas especialidades, desperdício de trabalho dos servidores e,  em alguns casos,  até desperdícios de materiais. Tudo pago por nós, a sociedade.

Possibilidades são descartadas por técnicos

O “problema” conforme técnicos ligados ao sistema de saúde local, se repete em todo o Estado do RS e em geral no Brasil. Ou seja: não se trata de uma cultura apenas local, nem estadual.  O jornal A FOLHA, então, conversou com Autoridades da Saúde locais para saber um pouco mais acerca desta verdadeira mazela que relacionada a estes serviços público (pagos com impostos da população), levantando as seguintes possibilidades:

1 – Médicos poderiam estar pedindo exames em demasia? Não. A experiência e a expertise dos técnicos que acompanham os indicadores do sistema geram dados para que eles afirmem que os médicos mantêm os protocolos para solicitar exames, ou seja: só buscam quando há necessidade de investigação do paciente.

2 –Há chance dos exames não serem feitos por falta de dinheiro dos pacientes para comparecerem aos locais apontados (para realizarem os procedimentos)?  Técnicos da Secretaria da Saúde de Torres indicaram que, até quando tratavam-se de exames de sangue, por exemplo – marcados para serem feitos em postos de Saúde de bairros – o número de abstenções era grande. E o perfil da população de Torres não aponta pobreza de famílias nestes termos, para que indique falta de dinheiro para transporte básico.

Sansões possíveis e questionamentos sobre gratuidade

Segundo informações captadas também  por A FOLHA Torres – acerca das discussões locais, no estado do RS e no Brasil,  para combater este forte índice de desperdício – a questão de sansões contra pessoas que não comparecem aos seus exames é uma das alternativas que as autoridades estão trabalhando, para diminuir a falta de comprometimento da população no que tange o Sistema Público de Saúde. Inclusive,  em exames mais complexos (como mamografia ou tomográfica), os pacientes que faltam a exames pré-marcados ficam sem o direito de realizar o diagnóstico pelo SUS por seis meses. Ou seja, caso queiram investigar mais uma vez, ou vão ter de pagar o procedimento laboratorial ou vão ter de aguardar meio ano para “limparem” seus nomes no sistema.

A questão da ‘falta de valor’ que  parte da população credita a tudo que é lhe fornecido de forma gratuita (como os serviços no SUS) também é colocada em debate. Mas não há, ainda, nenhuma ação das autoridades sobre como irão inverter esta lógica que gera desperdícios – embora possam estar  aparecer alternativas novas no horizonte, justamente pelos índices de absenteísmos atuais.


Publicado em: Saúde






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