Em busca de mais qualidade de vida,e para fugir do estresse da crise sanitária referente ao novo coronavírus (que assola o pais e o mundo), famílias inteiras tem mudado de perspectiva, deixando as grandes cidades em busca de isolamento social em cidades litorâneas como Torres. Na nossa região, já se nota a presença desta nova população.Tradicionalmente os aposentados são os que mais procuram os ares da praia para viver,mas o que se vê hoje, é que um novo perfil de pessoas estão aderindo esta mudança.
“Foi iniciado um movimento de fuga para o litoral. Esta ação já era esperada em um futuro próximo, mas com o evento da Covid-19, houve um aceleramento do êxodo urbano”. Esta é a constatação do CEO da Infinity Imobiliaria ,Mateus Sartoti. “Houve um aumento de 70% em relação ao ano de 2019 na procura de imóveis em condomínios horizontais, com áreas de lazer ao ar livre. O momento está propicio para adquirir um imóvel .Os bancos estão facilitando o financiamento ,pois existe uma necessidade de fazer a roda da economia girar ,incentivar o ingresso de dinheiro no país. E a taxa Selic (que é a taxa básica de juros da economia)está muito baixa, os juros estão baixos. Estas são conjunções que facilitam a compra de imóvel”.
O CEO da Infinity continua, indicando que ocorreu uma mudança do perfil das pessoas que vem morar em Torres: agora são famílias jovens que vem demonstrando esse maior interesse. Parece que a situação de pandemia e isolamento fez ampliar a percepção que se pode viver com qualidade no litoral.
Em busca de vida nova
Foi este pensamento de buscar maior qualidade de vida que fez o empresário e conselheiro do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Eduardo Teixeira, de 35 anos, juntamente com a sua esposa, a odontopediatra Juliana ,33 anos, tomarem a decisão de vir morar definitivamente em Torres. No começo da pandemia, o casal veio passar uns dias no apartamento de praia vazio dos avós de Juliana. Os filhos Isabela (4 anos) e Rafael (2 anos) estavam com aulas online e esta condição oportunizou a estadia prolongada. Neta de antigos veranistas, a odontopediatra cresceu mantendo contato com Torres e sempre que possível, nos finais de semana , buscava nossa praia. “Aqui as crianças são mais felizes e livres. Deixar elas presas em um apartamento não é bom.Em Torres elas podem brincar com mais liberdade,tem mais sol e a praia”, ressalta Juliana.
Com o tempo ,o casal amadureceu a ideia de fixar residência no litoral. Para Eduardo, a capital hoje em dia é um lugar difícil para viver e criar filhos. “É grande a insegurança,o trânsito toma muito tempo do teu dia, o custo de vida é alto.São fatores que contribuíram para a tomada de decisão de se tornar um morador do município. Torres é uma cidade linda,tem bons colégios, é segura e tem muito espaço ao ar livre,o que hoje mais do que nunca e um benefício”, continua Eduardo.
Passados alguns meses , o casal saiu do apartamento da família e alugou uma espaçosa casa. Juliana já está atendendo em seu consultório ,Eduardo trabalha online (em home office) e as crianças curtem o grande pátio da casa, alugada temporariamente até que o jovem casal adquira o seu imóvel definitivo. A única preocupação dos pais é em relação as aulas. “Estamos aguardando vaga na escola para as crianças.Estamos em uma lista de espera. Mas como no momento as aulas não são presenciais,os pequenos não serão tão prejudicados”, destaca Juliana.
A questão das Escolas
As novas famílias que atualmente vem se fixar no litoral estão encontrando um obstáculo, quando o assunto é a área de educação para os pequenos: a falta de vagas na rede privada. É o que indica a Diretora Administrativa da Escola de Educação Básica São Domingos – Rede Sagrado – a Irmã Rozana Perico, ressaltando que a procura por vagas têm sido significativa. “Mesmo durante este momento de quarentena estamos conseguindo fazer algumas matrículas,naquelas turmas onde haviam vagas. Mas não temos como abrir novas turmas no momento por conta do espaço físico da Escola. A turma de educação infantil está lotada.Estamos com lista de espera”, indica a Irmã Rozana.
A tradicional instituição de ensino é a única escola privada com ensino fundamental e ensino médio de Torres. “Quando as aulas reiniciarem as salas de aula deverão ter um novo modelo,para manter o distanciamento físico. Estamos no aguardo do procedimento que será enviado pelo MEC”. continua a Irmã Rozana.
Já quanto a rede municipal de ensino,a Diretora Pedagógica do Ensino Fundamental da Secretaria de Educação em Torres, Jucélia Espindola, constatou que já está tendo uma procura maior no Ensino infantil. “Nós só estamos aceitando transferências de outros municípios .Se houver procura, nós recebemos estes estudantes. Historicamente existe uma maior demanda de procura por vagas no mês de novembro, por conta da proximidade do verão que atrai trabalhadores para o período de veraneio”, constata Jucélia. Entretanto, o sistema municipal de educação tem enfrentado problemas com as atuais aulas online – problema decorrente, principalmente, da baixa participação dos alunos no retorno das tarefas não presenciais (conforme constatado pelos educadores de Torres, em reuniões recentes com a Secretaria de Eduação).
Neste momento atual muita coisa está mudando, sendo que uma das realidades constatadas a nível nacional é a crise econômica causada pela pandemia do novo coronavirus – que está provocando uma grande migração de alunos da rede privada para a publica. Ou seja, o cenário atual na educação é de mudanças (em meio a não ocorrência de aulas presenciais) e ainda é cedo para prognósticos realistas quanto a situação em Torres .
Este aumento da população no litoral – que nos últimos meses chegou a crescer quase 100%, conforme estudo da Amlinorte (Associação dos Municípios do Litoral Norte) – deve incidir diretamente na economia da região, com a tendência aumento positivo do consumo. Mas isto também é algo que só o tempo (e um eventual avanço no enfrentamento do Coronavírus) poderá dizer.
