Parceria entre Gemars, AST e ICMBio analisa possibilidade do surf junto a Ilha dos Lobos

Ilha dos Lobos abriga uma das maiores e mais poderosas ondas do país. Mas atualmente no local - que é um refúgio da Vida Silvestre - é proibida a prática do surf.

Onda perfeita quebrando solitária na Ilha dos Lobos (foto por Juarez Martinato)
9 de setembro de 2023

Cerca de 1,8 km da costa de Torres encontra-se a Ilha dos Lobos – única ilha marítima do Rio Grande do Sul. O local tem esse nome em razão dos pinípedes (lobos e leões marinhos) que lá habitam, animais que chegam do litoral uruguaio e argentino a procura de nossas águas mais quentes, para descanso e alimentação. Ao aportarem no aglomerado de pedras que é a Ilha dos Lobos, cujo perímetro é pouco maior que um campo de futebol, os pinípedes estão protegidos por lei ambiental.

Mas além dos Lobos e Leões Marinhos, há outra famosa (e inconstante) moradora da Ilha dos Lobos: a onda. Trata-se de uma das maiores e mais poderosas ondas do país. Em 2004, a onda da Ilha tornou-se destaque nacional, quando diversos surfistas de renome – como Rodrigo Resende, Eraldo Gueiros, Carlos Burle e o local Zeca Scheffer (in memorian) – constataram o poder e a majestade da onda na ilha, decretada como uma das mais pesadas do país. Mas atualmente no espaço – que é um refúgio da Vida Silvestre – é proibida a prática do surf.  Entretanto, já existe um projeto – em estudo há alguns anos – para saber os impactos que podem ser causados ou não pelo surf na Ilha dos Lobos.

Para que o surf dessa poderosa onda possa finamente acontecer, o Revis Ilha dos Lobos vem trabalhando em parceria com o Gemars (Grupo de Estudos Marinhos do RS) e AST (Associação dos Surfistas de Torres). O atual presidente da AST – e ícone gaúcho do surf – Rodrigo ‘Pedra’ Dorneles, explica que os estudos estão avançando. “Estou muito feliz com essa parceria. Em breve deve haver novidades nos estudos para que o surf possa ocorrer no local, sem impactar no ambiente e nos animais que lá vivem. Temos que pensar ainda na segurança dos surfistas, porque é uma onda muito boa mas perigosa, deve ser usada de forma consciente” ressalta ‘Pedra’ Dornelles.

 

Plano de manejo foi aprovado em abril

FOTO – Ilha abriga Lobos e Leões Marinhos (foto por Revis Ilha dos Lobos)

 

O governo federal aprovou no dia 20 de abril o plano de manejo do Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos A aprovação do plano, que irá estabelecer o zoneamento e as normas de uso de áreas de interesse ecológico, ocorre após oito anos de espera a partir de uma ação movida em 2015 pelo Ministério Público Federal (MPF), que havia identificado uma demora na confecção do documento. Registrada como uma reserva ecológica na década de 80, a Ilha dos Lobos foi transformada em Unidade de Conservação em 2005, ano em que o plano de manejo já deveria ter sido publicado.

O plano de manejo serve para disciplinar as atividades que podem ou não ser realizadas na unidade. A pesca já é proibida e agora o plano vai tratar de outras temáticas de relevância, como a visitação no local e o surf.

Segundo informou ao GZH o agrônomo Alexandre Krob, coordenador do Instituto Curicaca, que participou dos debates de confecção do plano de manejo no âmbito do conselho gestor da UC, houve a proposta de limitação para aproximação de embarcações privadas e recreativas, mas que houve resistência de setores interessados no ecoturismo no entorno da ilha.

“Há a questão da visitação, um passeio que sai de Torres e passa pelo entorno da ilha para fazer o avistamento de lobos. A falta de plano de manejo estabelece fragilidades. Existe também o surfe de uma grande onda, que inicia fora da UC, mas termina dentro da UC. Não tendo as zonas que permitam estabelecer regramentos de aproximação para os surfistas, surge um risco”, diz Krob, que ressalta que há áreas de reprodução de peixes na região que ainda carecem de mapeamento.


Publicado em: Meio Ambiente






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