PARQUE ESTADUAL DE ITAPEVA: Uma importante barreira natural em Torres

Unidade de Conservação é uma das mais significativas barreiras naturais da região de Torres, protegendo a população local de tempestades mais fortes

FOTO - O parque tem o papel de conservar um dos últimos remanescentes da paisagem característica da planície litorânea
17 de outubro de 2023

O Parque Estadual de Itapeva (PEVA) abriga um dos últimos remanescente de Mata Atlântica de restinga do litoral norte do Rio Grande do Sul. Ocupando uma área de mil hectares, o Parque, criado em 2002, está localizado em Torres e é considerado uma Unidade de Conservação Integral. Sua criação teve por objetivo conservar os recursos naturais existentes na formação Mata Atlântica do estado, incluindo espécies da fauna e flora silvestres dos ecossistemas de dunas, banhados, mata paludosa e mata de restinga.

O Parque Itapeva é um patrimônio histórico, cultural e ambiental, pois é um dos últimos remanescentes de um mosaico único de paisagens que varia desde a faixa de praia, com as dunas móveis, passando pelas dunas fixadas pela vegetação de restingas, banhados, áreas alagadas e mata paludosa. “Existem espécies animais e vegetais que são endêmicas, ou seja, que ocorrem apenas nesta região. Então a conservação é importantíssima no intuito de preservar este ambiente. É um patrimônio de valor inestimável sendo um testemunho da fisionomia original de Torres”, afirma o biólogo Tiago Machado da Silva.

 

Barrreira Natural

 

Além de preservar a fauna e flora local, o Parque Itapeva tem outra importante função, que inclusive protege a comunidade torrense de desastres naturais: O PEVA funciona como barreira natural. “Esta área verde contribui para o resfriamento da atmosfera com a evapotranspiração das plantas, que absorvem a radiação solar para suas atividades biológicas, como a fotossíntese, processo pelo qual as plantas utilizam a energia solar para realizar diversas reações químicas que irão produzir seu alimento. E com dias mais quentes as plantas aumentam o processo de evapotranspiração, o que diminui a temperatura local em cerca de 3 a 4 graus”, falou Tiago, indicando valer-se de informações embasadas em estudos.

O professor explicou ainda que, em áreas mais quentes, o ar tende a subir mais rapidamente se estiver carregado de partículas de poeira em suspensão, devido a ação das atividades humanas. Somado a condições favoráveis, ocorre formação de chuvas intensas e torrenciais. Essas partículas auxiliam na formação das gotículas de chuva e a combinação de fatores como calor, umidade e poeira em suspensão, faz com que as nuvens se formem mais rapidamente e de forma intensa. Nessa hora que a área do Parque Itapeva age. Com maior absorção de energia solar e maior evapotranspiração dos elementos vegetais, diminui a temperatura da região. “Como a cidade fica ao lado, provavelmente não dará tempo para que muitas destas nuvens mais pesadas se formem”, disse o professor.

 

Importância da preservação

 

De acordo com o biólogo, se essa região não for preservada pode provocar mais enchentes e tempestades na cidade. “Enchentes, visto que as áreas alagáveis presentes na região do Parque são as poucas válvulas de escape para as águas pluviais, já que outras que funcionavam como verdadeiros reservatórios – acumulando e drenando naturalmente a água durante as chuvas torrenciais, foram aterradas no passado pelo interesse privado da construção civil, e mais recentemente com alguns condomínios que se instalaram (nas proximidades)”, assegurou Tiago.

O professor chamou atenção ainda para a necessidade do equilíbrio entre homem e natureza. “As pessoas têm que aceitar que vivemos em um ambiente com os outros seres vivos e caso não consigamos conviver harmonicamente, poderemos sim sofrer com as consequências. Tempestades mais severas serão só o começo. Os danos serão irreversíveis ao ambiente se for destruído esse fragmento de mata atlântica, considerado por estudiosos de imprescindível preservação para as gerações futuras”, concluiu Tiago.

 

Um pouco mais sobre o Parque

 

O Parque é uma Unidade de Conservação de Uso Integral o qual visa proteger ecossistemas e espécies da fauna e da flora raros e sob ameaça. Além disso, deve incentivar e promover atividades de pesquisa científica, educação ambiental e turismo ecológico. Reconhecida pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Unesco como única, a área é de relevante importância para conservação da biodiversidade da cultura local, sendo sua preservação um dever para com as próximas gerações. Também podem ser encontrados dentro do Parque sítios arqueológicos, com vestígios de populações pré-históricas de povos indígenas, ‘sambaquianas’ e de colonizadores.

 

*originalmente publicada no Jornal A FOLHA Torres em 2016

**Imagens: Divulgação SEMA

 


Publicado em: Meio Ambiente






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