Perícia confirma que farinha usada no bolo que causou morte de 3 pessoas em Torres tinha arsênio

Em coletiva realizada na manhã desta segunda-feira (6), a Polícia Civil e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul confirmaram que uma mulher foi presa, acusada de homicídio doloso, pelas mortes de três pessoas de uma mesma família que morreram após comerem um bolo durante uma confraternização em Torres (RS) no final do ano passado.

Polícia Civil e IGP divulgaram informações sobre o resultado das investigações na manhã desta segunda-feira | Foto: Reprodução
6 de janeiro de 2025

Em coletiva realizada na manhã desta segunda-feira (6), a Polícia Civil e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul confirmaram que uma mulher foi presa, acusada de homicídio doloso, pelas mortes de três pessoas de uma mesma família que morreram após comerem um bolo durante uma confraternização em Torres (RS) no final do ano passado. A coletiva também confirmou que as mortes foram causadas pela contaminação por arsênio de uma farinha usada como ingrediente do bolo.

Seis pessoas foram hospitalizadas em Torres após ingerirem um bolo durante a confraternização que ocorreu em 23 de dezembro. Destas, três faleceram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos. As duas primeiras são irmãs de Zeli Terezinha Silva dos Anjos, 61 anos, que preparou o bolo e ainda segue internada. Outra pessoa também está internada e a sexta vítima já foi liberada. Sete pessoas estavam no evento e apenas uma não ingeriu o bolo.

 

Motivação seria desavenças entre Zeli e Nora, conforme delegado

 

Titular da Delegacia de Polícia de Torres, Marcos Vinicius Muniz Veloso disse que, inicialmente, o caso estava sendo investigado como uma situação de intoxicação alimentar, mas pontuou que as evidências obtidas durante as investigações indicaram que se tratou de uma ação premeditada para que o bolo fosse contaminado.

A motivação seria desavenças entre Zeli e a nora, que foi presa neste domingo sob as acusações de homicídio doloso, quando há intenção de matar, e tentativa de homicídio. Ela teria sido responsável por promover a contaminação da farinha usada como ingrediente do bolo. “As provas que já foram juntadas são robustas”, disse o delegado. A Polícia Civil ainda tem 30 dias para remeter o inquérito à Justiça, prorrogáveis por mais 30.

De acordo com a diretora do IGP, Marguet Hoffmann, a perícia encontrou concentrações altíssimas de arsênio em amostras de sangue, urina e conteúdo estomacal das três vítimas fatais. Marguet explicou que, na vítima que apresentou os menores níveis de contaminação, a concentração de arsênio foi 80 vezes maior do que a permitida pela literatura médica e chegou a 350 vezes mais do que o permitido em amostra colhida na vítima que apresentou o maior grau de concentração.

“É impossível considerar que houve uma contaminação natural”, disse, acrescentando que também foram encontradas concentrações altíssimas de arsênio no bolo. “Essas concentrações são tão elevadas que é impossível tratar-se de uma contaminação natural. Ou seja, é impossível tratar-se da degradação de algum ingrediente usado na receita do bolo. O arsênio entrou na receita do bolo de alguma forma”, complementou.

A diretora do IGP informou ainda que foram analisadas 89 amostras em materiais encontradas na casa da suspeita e identificada concentração altíssima de arsênio em uma farinha. “As provas periciais comprovam que a causa da morte das vítimas foi envenenamento por arsênio, a fonte de ingestão de arsênio foi o bolo e a fonte de contaminação do bolo foi a farinha encontrada na casa em Arroio do Sal”, disse.

A suspeita está recolhida no Presídio Estadual Feminino de Torres.


Publicado em: Policial






Veja Também





Links Patrocinados