Na última segunda-feira (06), um almoço realizado no restaurante Pioneiro, em Torres, a pedido de empresários locais recebeu a visita do engenheiro, ex-deputado federal e ex-prefeito de Passo Fundo, Fernando Machado Carrion. Ele veio a cidade para apresentar sua ideia de viabilização de um porto marítimo em Torres. Carrion escreveu um artigo para Zero Hora alguns dias atrás defendendo a ideia, assim como conseguiu apoio político do deputado federal Luiz Calos Heinze para levar adiante o estudo – o que inclusive está nos planos de trabalho de Heinze para a próxima legislatura, caso este seja feliz na eleição que se aproxima, onde será um dos candidatos ao senado pelo estado do RS (que deverá eleger dois nomes em 2018).
Condições do mar e tentativas frustradas no passado
Na apresentação, o engenheiro fez um histórico da ideia da construção do porto, que começou a ser pensada ainda da época do Brasil império (obra que posteriormente chegou a ser iniciada, na Guarita). No passado vários estudos chegaram a ser feitos, sobre a viabilização de portos para o Estado do RS (estudos estes geralmente encabeçados pela Marinha do Brasil). E as análises da época apontaram que, no espaço de litoral entre a cidade de Paranaguá (Paraná) e a cidade do Chuí (no RS), Torres seria o melhor lugar para a construção de portos no sul do Brasil.
Conforme Carrion, o diferencial local seria da cidade ter, em frente às praias, uma espécie de “laje”, área reta contínua de mar com profundidade de cerca de 25 metros, o que facilita o trânsito de navios grandes, geralmente os que necessitam de portos para atracar e zarpar. Esta área fica entre a ponta sul do Morro das Furnas e a parte sul do Morro do Farol, e se estende cerca de 2,5 Km mar adentro. E para o engenheiro, estes seriam tecnicamente os dois pontos para a construção de novos molhes que formariam o porto.
Vantagens e impactos do porto em análise
Conforme estudo preliminar do engenheiro Carrion, a construção do equipamento não traria nenhuma modificação nas características das praias de Torres. Se for um porto turístico, pouco impacto teria também na urbanidade local. Mas se for um porto de carga, o impacto urbano e ambiental é grande. Há necessidade de haver ruas e estradas que liguem a BR 101 e o porto. E isto deve ser muito bem estudado, além de gerar grande impacto ambiental, que deve ser pensado para minimizar os prejuízos ao turismo local.
As vantagens para a cidade e para o Estado do RS são ECONÔMICAS e sociais, de acordo com o idealizado do projeto. Para ele, um porto gera recolhimento de impostos estaduais e municipais (além dos federais). A estrutura e todo o seu aparato gerariam milhares de empregos diretos e demandam instalações de várias outras empresas no entorno, o que reverteria em ainda mais possibilidade de progresso local. E o argumento dos gaúchos que querem debater a ideia é forte. É que Santa Catarina tem quatro portos grandes em um litoral de um pouco mais de 400 km. E o RS tem somente um porto (Rio Grande) num litoral de mais de 600 km. Isto gera mais custos de logísticas para os gaúchos que plantam soja no centro do estado e no planalto, por exemplo. Eles têm que mandar suas produções para baixo (Rio Grande) ou para o estado vizinho, Santa Catarina, o que gera mais custo e menos impostos para os gaúchos. O cálculo do engenheiro Carrion é de que a economia seria de R$ 5 por saca de soja, por exemplo, o que é muito.
Pronunciamentos sugerem intenso debate local antes de decisão
O deputado (e candidato ao senado) Carlos Heinze pediu que a comunidade de Torres discutisse bastante o assunto. Para ele, a articulação federal e empresarial para tocar adiante a ideia só pode acontecer se a sociedade local estiver de acordo. “Temos que começar a fazer o debate aqui em Torres e na região. Mas temos de ter certeza que não haverá prejuízo para o Turismo, a vocação local”, afirmou Heinze.
O escritor sobre a história torrense, Nelson Adams Filho, em seu pronunciamento lembrou que já houve quatro tentativas anteriores de construção do porto e que todas às vezes a obra não foi viabilizada por falta de vontade política local – ou por falta de recursos econômicos.
O prefeito de Torres Carlos Souza também é a favor do debate. Em sua fala na reunião, ele lembrou que a FUNDEST já havia entregue, alguns anos atrás, um projeto de uma espécie de píer (Porto Turístico) para ser construído nos Molhes. E criticou a falta de debate em Torres à época, lembrando que a ideia acabou sendo feita em Camboriú, onde atualmente Transatlânticos de turismo atracam.
O presidente do Sindilojas Nasser Samhan em seu pronunciamento explicou que abriu o debate para uma ideia que está sendo estruturada, para ser articulada politicamente e que o debate deve continuar com a comunidade. Já o empresário Ataualpa Lumertz (hoteleiro) disse que sua categoria seria contra um porto construído no local sugerido. Disse que o estudo pode ser apoiado pelos hoteleiros caso o porto fosse projetado para as praias do sul, próximas ao aeroporto regional de Torres. Mas que em frente às praias do centro ele acha que não há espaço.
Projeto estará nos planos de candidatos a presidente
O engenheiro Carrion, no final da reunião, disse que espera mais debate dos torrenses e que concorda que os planos só vão em frente se houver apoio dos locais. Mas adiantou que o projeto será entregue às coordenações de campanhas para presidentes do Brasil, assim como já foi entregue para o candidato ao senado Heinze (ainda quando este era candidato ao governo do RS). Inclusive, o engenheiro já agendou a entrega formal à coordenação do candidato à presidência Jair Bolsonaro, conforme divulgou no final da reunião em Torres.
