Pré-candidatos a governador no RS se encontram em Torres em evento com clima de campanha eleitoral

Evento, que integrou Assembleia de Verão da Famurs, reuniu 6 pré-candidatos ao governo do RS, que apresentaram propostas e responderam perguntas de prefeitos

Painel 'Visão de Futuro para o Rio Grande' foi mediada pelo jornalista Felipe Vieira (c)
2 de março de 2018

Entre os dias 21 e 23 de fevereiro, ocorreu em Torres a Assembleia de Verão da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). O tradicional evento voltou a acontecer na cidade – onde já havia sido realizado no verão de em 2016) – e reuniu centenas de prefeitos gaúchos e representantes políticos de ação regional, estadual e federal. E na tarde da sexta-feira (23), o painel ‘Visão de Futuro para o Rio Grande’ – mediado pelo jornalista Felipe Vieira –  encerrou o encontro com o que pode ser considerada uma ‘largada’ para a corrida eleitoral de 2018 no RS, com o primeiro encontro entre os pré-candidatos ao governo do Estado.

No evento organizado pela Famurs nas dependências da SAPT (Sociedade Amigos da Praia de Torres), a entidade conseguiu reunir seis pré-candidatos para responderem perguntas de gestores municipais. Tratam-se do ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB); o ex-prefeito de Canoas Jairo Jorge (PDT); o ex-secretário de Planejamento e Gestão do governo Yeda Crusius, Mateus Bandeira (Novo); o ex-ministro de Desenvolvimento Agrário da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Miguel Rossetto (PT); o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP) e o advogado Antonio Weck (PP) – estes dois últimos disputam quem vai ser o candidato pelo PP, e por isso ambos dividiram o tempo de fala no evento. O pré-candidato do PTB, Ranolfo Vieira, também foi convidado, mas desmarcou em decorrência de compromissos junto a Secretaria de Segurança de Canoas, pasta da qual é o titular.

Foram apresentadas propostas sobre meio ambiente, acesso asfáltico, desigualdade do pacto federativo, importação do leite uruguaio, aumento do ICMS, maior autonomia aos municípios, incentivos fiscais, corresponsabilidade solidária, duplicação da BR-386, efetivo policial civil e militar, atrasos nos repasses da saúde, encontro de contas entre Estado e municípios, implantação de inspeção municipal, enxugamento da máquina pública, cadeia produtiva do leite no RS, consulta popular, imóveis do Estado ociosos nos municípios e Fundo Estadual de Assistência Social

 

Clima de campanha

 

Como  os pré-candidatos não se confrontaram diretamente, o evento não foi propriamente um debate. Mas o clima já era de campanha eleitoral, e ficou clara a convergência de ideias entre alguns candidatos.  Por exemplo, Leite, Bandeira, Weck e Heinze defenderam um Estado mais liberal, focado nos principais serviços à população – saúde, segurança e educação. Também sugeriram Parcerias Público-Privadas (PPPs) para fazer investimentos em infraestrutura, como a construção de estradas asfaltadas nos municípios gaúchos. Por outro lado, Rossetto e Jairo Jorge também apresentaram algumas ideias consonantes, como, por exemplo, a posição menos radical em relação às privatizações de estatais – ponto de vista defendido principalmente pelo candidato petista.

Mateus Bandeira (Novo) indicou que deve se apresentar na campanha como um “outsider” da política, propondo uma gestão essencialmente técnica. “A crise fiscal foi produzida por décadas de governos perdulários de todos os partidos. A corrupção é resultado de um Estado gigante, hipertrofiado, que sufoca o setor produtivo, os empreendedores e os trabalhadores com uma carga tributária estonteante”, criticou o representante do Novo. A importância de reformar o estado e modificar o ‘bolo tributário’ – lutando para que mais verbas sejam repassadas aos municípios – também foram pautas defendidas por Bandeira

Embora tenha várias ideias parecidas com as de Bandeira, o jovem Eduardo Leite (PSDB) – ex-prefeito de Pelotas, deve se apresentar como a cara nova da política. “O Estado tem uma carga tributária maior que a de outros, é burocrático e ainda tem deficiência de infraestrutura. Mas, para mudar isso, não podemos negar a política. Vamos precisar de alguém que saiba se relacionar com outros poderes, sem radicalismo ou intransigência. Tenho convicções muito firmes em relação ao Estado e acho que posso trabalhar em conciliação com outros setores”, avaliou o ex-prefeito de Pelotas. A redução da burocracia no licenciamento ambiental, a defesa do pacto federativo (também relacionado a mlhor distribuição do bolo tributário) e o bom relacionamento com as outras instituições foram outras ideias apresentadas por Leite – a partir das perguntas dos prefeitos

Ao contrário dos pré-candidatos do Novo e do PSDB, Luís Carlos Heinze (PP) citou a experiência como o diferencial da sua candidatura, visto que já foi prefeito de São Borja e está no quinto mandato na Câmara dos Deputados. “Conheço os municípios, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Tenho conhecimento como agrônomo, com atuação na iniciativa privada. Agora, queremos ajudar o Rio Grande a se desenvolver no governo do Estado”, mencionou Heinze, que durante o evento reforçou seu afinco na defesa dos interesses agropecuarista no estado. Já o advogado Antônio Weck (PP) salientou que queria aliar a agenda liberal com a inclusão social, declarando o compromisso de fazer acontecer um ‘Estado que caiba em si mesmo’, defendendo também a necessidade de maior autonomia aos municípios a partir de uma revisão do pacto federativo.

O ex-prefeito de Canoas Jairo Jorge – que  deixou o PT no ano passado, ingressando no PDT –  defendeu a desburocratização e a redução da carga tributária no Estado, além da criação de fundos de investimentos. “Proponho, também, a criação de um fundo de apoio aos municípios para obras locais; um fundo para a educação, alimentado pela lucratividade das empresas públicas; criar um fundo para a área da segurança com os ativos do Estado”, citou o pré-candidato, que destacou seu projeto político direcionado para o fortalecimento do sistema educacional gaúcho – amparando-se nos ideais do bastião pedetista Leonel Brizola (que conseguiu grandes avanços na área quando governador do RS e, posteriormente, do RJ). Jairo Jorge é outro defensor do fortalecimento da maior autonomia dos municípios, destacando a necessidade de reduzir a centralização de recursos pelo governo federal

Já Miguel Rossetto (PT), entre outras ideias, defendeu a recriação do Gabinete dos Prefeitos, órgão com status de secretaria instituído pelo ex-governador Tarso Genro (PT, 2011-2014), cujo objetivo era articular o governo do Estado com as prefeituras gaúchas. O pré-candidato petista criticou os atrasos no pagamento do funcionalismo efetuado pelo atual governo Sartori, questionou a PEC 55 (que limita os gastos com saúde e educação no Brasil) e o afastamento da ex-presidenta Dilma Rousseff, defendendo a necessidade de um estado grande para defender os interesses dos mais necessitados.

O evento contou com os patrocínios de Caixa Econômica Federal; BRDE; Corsan e Badesul; e com o apoio do Detran/RS; da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Torres; da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte) e da Confederação Nacional de Municípios (CNM).  No encerramento do evento, os músicos Neto Fagundes e Ernesto Fagundes fizeram um pocket show para os presentes.

 

*Com informações de Famurs e Jornal do Comércio


Publicado em: Política






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