Prefeitos da região sul do RS são contra novo porto em Arroio do Sal e manifestam preocupações

Além de representar concorrência com porto de Rio Grande (foto), entidades dizem que há outras prioridades que precisam de investimentos públicos na Zona Sul do Estado

Terminal de Rio Grande é atualmente principal porto gaúcho. (Foto: Jô Folha)
8 de outubro de 2024

A Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), que reúne 23 prefeituras da região sul gaúcha, manifestou sua preocupação e rejeição à recente aprovação do projeto de construção do Porto Meridional em Arroio do Sal, anunciado pelo Governo Federal. A entidade, presidida pela prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, argumenta que a iniciativa trará graves impactos socioambientais e econômicos para o Rio Grande do Sul, enquanto o potencial portuário existente em Rio Grande e Santa Catarina ainda é subutilizado.

Um dos principais pontos levantados pelos prefeitos da Azonasul questiona a viabilidade econômica do Porto Meridional em Arroio do Sal. Prefeitos da entidade, em conjunto com especialistas, alertam que os portos de Rio Grande e do Sul de Santa Catarina, que já possuem uma infraestrutura adequada, estão subutilizados. “A construção de um novo porto poderia apenas redistribuir as cargas entre os terminais existentes, sem gerar benefícios adicionais ao estado”, afirma a comunicação da Azonasul.

“O Porto de Rio Grande já tem uma infraestrutura robusta e eficiente. Qual é a lógica de criar um novo porto quando temos uma capacidade ociosa significativa aqui? Precisamos concentrar esforços em modernizar e maximizar o uso do que já está em operação”, argumentou Paula Mascarenhas.

Preocupações ambientais e custos de investimento em infraestrutura

Além do impacto financeiro, a Azonasul destaca o potencial dano ambiental com o que chamaram “a construção de uma barreira impermeável no mar” em Arroio do Sal, que faria parte do projeto do novo porto. A obra poderá causar retenção de sedimentos, aumentar as praias ao sul e provocar erosão ao norte. “Nos últimos eventos climáticos, os problemas decorrentes de assoreamentos ficaram evidenciados e a gravidade das ocorrências geram um aumento da insegurança em relação ao referido projeto e à estratégia da barreira impermeável”.

Outro ponto crucial destacado pela entidade é a falta de infraestrutura terrestre para o transporte de cargas pesadas até Arroio do Sal (que demandaria grande quantidade de recursos para ser efetivado). Consequentemente, os prefeitos criticam um eventual investimento em Arroio do Sal como “desvio de recursos” das obras estruturantes necessárias na região sul, como o término da duplicação da BR 116 e demais investimentos em logísticas, para a localidade.

“Antes de pensar em novos portos, deveríamos estar falando sobre melhorias na infraestrutura existente, como a ampliação das hidrovias e a otimização dos acessos terrestres aos portos atuais. Falta clareza nos custos e benefícios desse projeto”, alertou a presidente da Azonasul.

Concluindo, a Azonasul reafirmou seu compromisso com o fortalecimento do Super Porto de Rio Grande, que já tem capacidade para atender as demandas logísticas do estado. Os prefeitos alertam que o Rio Grande do Sul vive um momento de retomada e defendem que novos investimentos sejam canalizados para infraestrutura portuária já existente, que possui potencial para crescer sem os impactos negativos de se começar do zero.


Publicado em: Política






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