As aldeias Mbya Guarani de Torres e Osório estão reflorestando 8 hectares onde vivem 48 famílias. São as aldeias mais populosas do Litoral Norte e por isso as primeiras da região a realizar mutirões de plantio de diversas espécies de árvores nativas, correção e adubação verde do solo com aveia preta, faixas de milho e outros cultivos para incentivar a segurança alimentar e o trabalho com artesanato das 28 famílias da Tekoá Nhu’u Porã, de Torres, e 20 da Tekoá Kuray Rexë, de Osório.
A produção de cestos, bichos de madeira e outros trabalhos, conforme o Cacique Mário (da Nhu-Porã), é um conhecimento transmitido oralmente de geração para geração e a principal fonte de renda das famílias. Se não há matéria-prima para trabalhar, como por exemplo, cipó, precisam se deslocar até uma aldeia que tenha. “E se a gente não conseguir? A gente fala com outra. A gente pede uma carona pra levar na outra aldeia. Não conseguindo a gente procura na outra”, relata a liderança.
Por isso, a Associação de Estudos e Projetos com Povos Indígenas e Minoritários (Aepim- entidade proponente do projeto Reflorestamento, viveirismo comunitário e agricultura indígena em aldeias Mbya Guarani do Território Litoral Norte do RS -, faz questão de manter a articulação com as outras seis aldeias: duas em Maquiné, uma em Terra de Areia, Caraá e outra em Riozinho. “Por mais que as ações estejam sejam focadas nas duas maiores, o projeto segue com a perspectiva de trabalhar territorialmente, articulada com as outras comunidades, explica Lucas da Rocha Ferreira, da Aepim.
No Litoral Norte, desde 2016 a ONG vem fazendo essas pontes. Já a integração do Centro Ecológico no suporte técnico à reposição florestal, sistemas agroflorestais e fortalecimento da agricultura indígena, começou no início deste ano.
Áreas de compensação ambiental
As áreas onde hoje estão as aldeias de Torres e Osório foram compradas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) como compensação ambiental pela duplicação do trecho entre Florianópolis e Osório da BR 101. As famílias que hoje moram nessas terras antes viviam acampadas às margens da estrada.