Segue desentendimento entre prefeitura e SIMERS quanto a remuneração de médicos atuantes em Torres

Reunião entre prefeito de Torres, médicos e SIMERS aconteceu no último dia 16 de novembro (foto). Posteriormente, sindicato visitou postos de saúde na cidade e alertou para outros problemas.

24 de novembro de 2017

 

O SIMERS (Sindicato Médico do RS) e os médicos do Pronto Atendimento (PA) de Torres realizaram, na última quinta-feira (16/11), reunião com o prefeito municipal de Torres, Carlos Souza. Durante o encontro, foram tratados assuntos envolvendo a política de remuneração dos profissionais.

Desde outubro do ano passado, o Simers acompanha a situação vivida e contada pelos 25 médicos que atendem no PA. Conforme nota do sindicato para a imprensa, desde lá a administração municipal ainda não conseguiu encontrar uma alternativa que defina o incentivo remuneratório dos profissionais, que acenam com o rompimento do contrato. “Foram apresentadas justificativas por parte da prefeitura, mas há total falta de transparência em relação aos médicos, que estão pedindo a formalização desta situação. Não pode existir a situação de informalidade em uma relação de trabalho”, avaliou a diretora do Simers, Gisele Lobato.

Segundo a diretora, o prefeito garantiu que uma solução deve ser apresentada daqui a 60 dias. “É frustrante para nós, pois é a oitava vez que estamos aqui e não temos nenhuma decisão por parte da administração municipal. Um descaso total com a categoria e com a população de Torres, que pode ficar desassistida”, salientou a diretora, lembrando que o verão está chegando e a situação pode piorar, já que a população no Litoral quase triplica no período de férias.

De acordo com o Simers, em abril Carlos Souza se comprometeu de enviar à Câmara de Vereadores Projeto de Lei (PL) que contempla o incentivo remuneratório aos médicos da atenção básica.  Até o momento, não houve a confirmação do envio ou a própria elaboração de um PL, como o solicitado pelo SIMERS.

 

Prefeito reafirma boas condições de trabalho para médicos do PA

 

Sobre o que foi tratado na última reunião entre Simers e Prefeitura de Torres, uma nota de resposta foi enviada à imprensa pela administração municipal. O prefeito Carlos Souza destacou que, “ao contrário do que vem sendo afirmado pelo Simers em notas à imprensa, os médicos que atuam na Secretaria recebem excelentes condições de trabalho e um dos melhores salários entre as cidades do litoral norte gaúcho”. A principal reivindicação do Simers é a concessão de bônus sobre o salário para aumentar os rendimentos dos profissionais. Sobre este assunto, o prefeito foi taxativo ao afirmar que busca sempre a valorização dos profissionais que cuidam da saúde da população, porque sabe que a saúde não pode esperar. “Temos excelentes profissionais atuando hoje no PA e não queremos perder estes profissionais, por isso, vamos sempre valorizá-los, mas abono tem que ter amparo legal e só vamos conceder isso se estiver dentro da Lei. Estamos buscando todas as formas de regularizar a concessão deste abono e, caso isto não seja possível, estamos estudando novas formas de contratação de profissionais”.

O prefeito tranquiliza a população ressaltando que o atendimento não está ameaçado, ao contrário do que o Simers vem afirmando. Caso haja falta de médicos interessados em continuarem atuando no PA, novas alternativas de contratação já estão garantidas para não prejudicar o atendimento à população de Torres.

 

Sindicato indica demora nos exames e falta de profissionais de saúde  

Sindicato critica condições de unidades de saúde de Torres, como o Posto de Saúde Sadi Pipet

 

Além da questão remuneratória dos médicos torrenses, outras problemáticas foram levantadas pelo SIMERS (Sindicato Médico do RS) à gestão de saúde municipal. “Um simples exame de sangue pode levar mais de um ano para ser feito em postos de saúde de Torres, uma das maiores cidades do Litoral Norte gaúcho. A demora, que adia diagnóstico e detecção de uma doença que pode ser grave, atinge ainda preventivos de câncer de colo de útero e um raio-x”, denunciou o sindicato em outra nota a imprensa, que diz ter constatado as dificuldades ao visitar as unidades e ouvir queixas nesta quarta-feira (23/11).

Há mais de um ano a entidade médica monitora e cobra soluções do que chama de ‘péssimas condições das unidades de saúde locais’. “É dramático isso. Além de exames que podem levar mais de um ano para serem feitos, os mais rápidos levam de cinco a seis meses”, lamenta a diretora da entidade médica, Gisele Lobato.

O Simers constatou o que considera uma rotina inaceitável para uma cidade do porte de Torres, com cerca de 38 mil habitantes e prestes a entrar no período do veraneio, que triplica (ou mais) que isso a população até março. “Descobrimos que materiais coletados são encaminhados para análise em Osório, ampliando o tempo de recebimento dos resultados e a limitação da cota disponível para as unidades”, alarma-se Gisele. O que ocorre: com 80 exames disponíveis por semana, o médico de um posto conseguirá indicar exames para apenas cinco dos mais de cem pacientes atendidos no período. “O que vimos nesta visita foram absurdos do descaso com a população. O Simers vai denunciar e exigir providências imediatas da gestão pública”, concluiu a dirigente.

 

Lista de dificuldades (Conforme o SIMERS)

 

(1) Tem eletrocardiograma, mas falta quem o interprete: outro problema detectado pelo Simers. Torres tem somente um aparelho para realizar exame de eletrocardiograma – usado para detectar problemas do coração. Só que não há um profissional para emitir os laudos, ou seja, interpretar o resultado. Com isso, os pacientes precisam se deslocar para outras regiões ou pagar por um exame particular.

 

(2) Sem pediatras na rede: há apenas uma especialista na área atendendo e que está em licença saúde. Outra área descoberta é a obstetrícia de alto risco.

 

(3) Sem profissionais técnicos de enfermagem: prejudica o serviço no posto de Estratégia Saúde da Família (ESF) São Jorge. No local, uma enfermeira fica responsável por coletar exames, como preventivo de colo do útero, realizar as consultas nas casas de pacientes que não podem se locomover e fazer curativos.

 

(4) Abuso de autoridade: profissionais relatam que estão sendo coagidos por políticos e gestores de Torres, que questionam a conduta médica e a triagem realizada pela equipe de enfermagem. A atitude tensiona o trabalho e as relações. Alguns casos dão conta de abuso da autoridade para encaixar pacientes na agenda dos profissionais.

 


Publicado em: Saúde






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