Participou da Tribuna Popular da Câmara de Vereadores de Torres, na sessão de segunda-feira (dia 16 de agosto), o presidente do SINDIAGUA RS, Arilson Wünsch. Ele foi à Casa Legislativa torrense para defender a visão da entidade perante a eminente privatização do controle acionário da Companhia Rio-grandense de Saneamento (CORSAN) – sinalizada pelo governo do RS.
O presidente da SINDIAGUA RS disse que há uma visão distorcida da missão da Corsan. Para Wünsch, “quando se fala em Corsan geralmente a informação é ligada à buracos nas ruas e à venda de água em troca do fornecimento da mesma”. Mas ele disse que a Corsan para o Sindiagua, na verdade, “se trataria de um lugar onde pessoas concursadas pelo Estado do RS trabalham para levar Saúde, Educação Ambiental e Segurança para a população” ao fornecerem água e higiene para os usuários. Para ele, a Estatal gaúcha trabalha para todo o Estado do RS (ainda que algumas cidades atualmente já tenham serviços fornecidos por outras companhias). É disse que, em sua avaliação, além desta missão institucional, o governo do Estado também utilizaria dinheiro da Corsan para a manutenção do seu caixa no dia-a-dia, ajudando a pagar contas de outras várias atividades públicas estaduais.
“O governador Eduardo Leite faz palanque eleitoral para querer vender (a Corsan), mas o que vai acontecer é que a empresa vai acabar tornando-se somente uma forma de gerar lucro”, afirmou o sindicalista. Ele criticou também o fato da atual direção da Corsan estar sendo preparada somente para deixar a estatal pronta para ser vendida. Ele deu sua opinião sobre as atividades efetuadas junto a Corsan no governo de José Ivo Sartori (governador do RS entre 2015-18) – o qual teria realizado vários projetos de melhorias estruturais na Corsan – e disse que o governo atual (de Eduardo Leite) teria feito menos projetos do mesmo quilate.
Afinal o presidente do Sindiagua avaliou que a empresa estatal vai ser privatizada entregando a metade das ações praticamente de graça para o comprador. E defendeu que “a Corsan não precisaria de privatização, e sim de gestão”.
Vereadores seriam importantes na luta contra a privatização
A seguir o presidente do SINDIAGUA RS apontou os vereadores como capazes de uma forma de ‘poder de inversão do processo de privatização’ caso queiram. É que, na avaliação de Wünsch, as cidades deveriam assinar um aditivo de contrato para que haja a formalização final do negócio da privatização. E que faria parte da aquisição algumas modificações nos contratos de prestação de serviço entre as prefeituras e a Estatal – o que consequentemente geraria um aditivo padrão a ser feito nas municipalidades de todo o RS (aditivo este que, por lei, teria que ser aprovado pelos poderes legislativos locais – Câmara de Vereadores).
Duas defesas de lados opostos
Nenhum vereador teve a palavra após a participação do sindicalista na Tribuna Popular da Câmara (pois á que a fala foi feita antes dos pronunciamentos gerais de tribuna da sessão ordinária (diferente da normalidade, quando as falas populares ocorrem após a sessão ordinária). Mas o vereador Rafael Silveira (PSDB), em seu pronunciamento pré-programado, falou sobre o assunto abordado pelo presidente do Sindiagua. O vereador – que é do mesmo partido do governador Eduardo Leite (o PSDB) – defendeu a ideia que está sendo implementada pelo governo, ao mostrar uma visão diferente do trabalho da Corsan. Para Rafael Silveira, não seria somente o olhar das pessoas que enxergam os buracos como a imagem da Estatal gaúcha (como sugeriu o palestrante do sindicato da categoria). Ele afirmou que os buracos são reais, estão nas ruas, atrapalhando o trânsito e deixando a cidade feia, e como uma realidade ao invés de uma “imagem”.
O vereador Rafael afirmou, ainda, que a estatal teria passivos junto ao município de Torres e junto a outros municípios, por não cumprir o combinado nos contratos com as municipalidades, o que provaria mais ainda (para ele) a fundamentação correta da ação de privatização parcial da Corsan. E se referiu a municípios que já possuem contratos de prestação de serviços com empresas privadas – citando a cidade de Caxias do Sul que, para o vereador, possui melhores serviços do que os administrados pela Corsan.
Já o vereador Moisés Trisch (PT), também em parte de seu pronunciamento da sessão ordinária da Câmara, defendeu a ideia da não privatização da Corsan. Ele disse ser contra as privatizações, principalmente de empresas que envolvem setores vitais da sociedade, como o de fornecimento de água e de energia. E questionou a defesa dos que pensam o contrário, dizendo que estes apenas utilizam a necessidade de diminuir o tamanho do Estado como a justificativa para privatizar. O vereador acha que o tamanho do Estado na realidade é o tamanho dos valores de impostos recolhidos, criticando que a proposta de privatização sequer fala em diminuição da carga tributária.
Moisés encerrou sua opinião sobre o caso na tribuna dando como exemplo o governo do o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, um exemplo de diminuição de estatais por um lado e de aumento de imposto do outro, o que mostraria incongruência ideológica.