Na última segunda-feira (22), foi realizado no auditório da Ulbra Torres uma audiência pública, organizada pela prefeitura de Torres (através da Secretaria de Planejamento e Participação Cidadã), para apresentar o chamado ‘’Plano de Mobilidade Humana Sustentável”. A audiência também foi transmitida pelas redes sociais da prefeitura e contou com a participação de representantes da empresa GO Projetos, que venceu a licitação para elaborar o plano. Também presentes, membros de conselhos, ONGs, associações e comunidade de Torres e região.
Entre os presentes na audiência pública: o prefeito Carlos Souza, os secretários de Planejamento e Participação Cidadã, Matheus Junges; de Administração, Maik Schardosim Scheffer e de Trabalho, Indústria e Comércio, Júlio Agápio; os vereadores, Igor Beretta, Silvano Borja, Moisés Trisch, Téo e Rafael Silveira, compareceram também o presidente do Consepro, Nasser Samahan; presidente do Sindilojas, Lori Santos; representante da OAB, Ivam Brocca; Presidente da Assenart Marco Antonio Machado; representando o Fórum Empresarial, Eraclides Maggi; a Presidente do Sindicato Rural, Diana Hann; promotor de Torres Márcio Roberto Silva de Carvalho; Fausto Junior, do jornal A FOLHA, dentre outros.
Nova forma de denominar o Plano de Mobilidade Urbana
Uma nova forma de denominar o Plano de Mobilidade Urbana, o plano objetiva englobar novo conceito de que não é apenas no núcleo urbano de Torres que deve ser destacado, mas também diferentes áreas periféricas de uma cidade que está em constante transformação – que já deve estar pensando no futuro (daqui a 20, 30 anos).
O plano visa melhorar as condições de deslocamento das pessoas na cidade, priorizando também modos não motorizados e coletivos de transporte, além de reduzir os impactos ambientais e sociais causados pelo trânsito. Investimentos em praças, arborização, aumento da malha cicloviária melhorias no transporte coletivo foram destacados. “Haverá mais ciclovias na Rota Gastronômica – junto a orla do Rio Mampituba – bem como na Av. do Riacho e outros pontos municipais”, indicou o secretário de Planejamento, Matheus Junges. O incremento de importantes rotas viárias de acesso para a cidade também foi destacado por Junges – que citou o caso da já efetivada Rota da Salinas, e das ainda previstas Rua Universitária e Estrada do Normélio como importantes investimentos viários, os quais já desafogariam o acesso de veículos motorizados ao centro de Torres.
Em sua manifestação inicial na audiência, o Prefeito Carlos Souza ressaltou a importância do plano para ajudar a pensar em uma cidade cada vez melhor: “Importante pensarmos no meio ambiente, mas também em um desenvolvimento sustentável, atendendo os interesses da coletividade, para manter a qualidade de vida que faz de Torres um dos melhores lugares do Brasil para se morar”.
Propostas para uma circulação mais sustentável em Torres
Durante a audiência, os representantes da GO Projetos, Vinicius Ribeiro, Emilio Merino, Angela Todescatto e Lucas Pinheiro apresentaram as etapas do plano, que incluem o diagnóstico da situação atual da mobilidade em Torres, a definição dos objetivos e diretrizes, a proposição de projetos e ações prioritárias e o plano de implementação e monitoramento. Eles também responderam às perguntas e sugestões dos participantes, que puderam interagir por meio de um chat.
Vinícius Ribeiro salientou que – segundo pesquisas efetuadas com a comunidade local – dois terços dos deslocamentos realizados em Torres já são feitos a pé, por bicicleta, transporte coletivo e outros meios não motorizados, seja por turistas ou moradores locais. Salientou assim a importância de priorizar investimentos em ciclovias e melhores calçadas para pedestres, por exemplo.
Quanto representante da GO Projetos, Emílio Merino ressaltou que a participação da empresa deve ser vista como colaboradora dentro do Plano de Mobilidade, pois o documento é apenas para sugerir medidas que iniciem uma nova concepção mais sustentável para Torres. “O conceito da mobilidade humana sustentável tem muito mais a ver com a parte da cultura urbana, em especial uma mudança de comportamento. É pensar como vamos nos mover nas cidades, (eventualmente) deixando nossos carros e motocicletas para andar (mais) a pé, de bicicleta. E isso tem muito a ver com a participação social, com uma mudança de cultura”.
Pesquisa trouxe ampla gama de análises e sugestões
Durante sua apresentação, a arquiteta e urbanista Angela Todescatto demonstrou com vários slides um pouco do resultado das pesquisas da GO Projetos em Torres: “Precisamos entender o comportamento de mobilidade das pessoas que estão utilizando a cidade, para que o plano seja sustentável – que perdure de forma saudável”.
Foram apresentados vários slides, como um inventário sobre a circulação de cargas – em especial de caminhões – que é importante para saber como se dá a chegada e o escoamento da produção torrense. “De manhã é o período de prevalência no transporte de cargas, sendo que em especial as avenidas Benjamin Constant, Barão do Rio Branco e Castelo Branco são as mais utilizadas neste aspecto”, destacou Angela.
Também foi feito um levantamento da situação das calçadas na cidade – não apenas no centro, mas nos bairro e regiões periféricas – sendo observados recorrentes problemas com falta de rampas de acessibilidade, larguras abaixo do admissível, inclinações acima do estipulado, rachaduras, calçadas difíceis de se caminhar. Mesma forma de análise foi feito com as ciclovias e pontos de ônibus.
Foram ainda destacados elementos da paisagem e palavras chaves no comportamento durante a circulação em Torres: Rio Mampituba, Molhes, Guarita, Balonismo, mar, praias, praças, natureza, Lagoa do Violão, Morro do Farol, ‘olhar a paisagem’, ‘ouvir música’, ‘andar em ciclovias’, ‘ruas sem buracos’, ‘mais ônibus’ foram alguns destaques.
Entre os objetivos destacados pela GO Projetos para o Plano de Mobilidade em Torres, vale destacar: minimizar espaços ocupados por veículos individuais motorizados; possibilitar viagens por toda a cidade com opção de transporte coletivo acessíveis e a pé; diversidade demográfica e de faixa de renda entre os moradores; tornar o ambiente de pedestres seguro e acessível; ter uma rede cicloviária segura e completa (com mais estacionamentos e acessos para bicicletas); implementação de semáforos inteligentes para pedestres; melhorias no investimento de sinalização horizontal (faixas de pedestre, por exemplo), etc.
Até teleférico foi sugerido
Foram elaborado diversos mapas, imaginando o futuro da mobilidade em Torres: de circulação viária – sugerindo redefinições de algumas vias de sentido duplo e outras vias com sentido único, facilitando também o escoamento de cargas; um mapa dos polos geradores de viagens, outro mapa dos serviços de transporte coletivo (com proposta de mais paradas de ônibus e ampliação da abrangência do transporte coletivo); mapa do sistema cicloviário (que, pela projeção futura, poderia ser de 28km de sistema cicloviário na zona urbana de Torres e cerca de 14km atendendo diferentes distritos).
Outro mapa destacava pontos de conflito na mobilidade atual – buscando soluções para pontos de escoamento forçado e fluxo acima da capacidade viária. Dentre as sugestões, inserção de lombofaixa na Av. Carlos Barbosa, Criação de Binário e ampliação da malha cicloviária na Rua Dom Pedro II (acesso a ponte que liga ao Passo de Torres), melhorias na arborização em diversos pontos, investimentos em calçadas maiores (com piso tátil e rampas de acessibilidade). Até a ideia de um teleférico – ligando a Lagoa do Violão ao Morro do Farol – foi apresentada, o qual seria tanto um atrativo turístico quanto um diferencial na mobilidade.
“Nos baseamos em ações que fossem tangíveis, que poderiam ser executadas, sendo que procuramos em outros municípios exemplos de como poderiam ser executadas em Torres, já com uma estimativa de custos”, explicou Angela Todescatto.
Segundo as estimativas da GO Projetos, a curto prazo o investimento para o Plano de Mobilidade Humana Sustentável, com investimentos em diversos pontos já destacados neste texto e outros ainda, seria de cerca de R$42 milhões, sendo que o custo total (contabilizando investimentos de curto, médio e longo prazo) seria de R$ 226 milhões. “Mas é importante salientar que isso se dilui com o tempo, não é um investimento que o município faria amanhã, seria um plano para um período bem longo, até 10 anos”, concluiu Angela.
Espaço para perguntas e sugestões do público
Finalizada a apresentação do Plano de Mobilidade, foi aberto espaço para perguntas, sugestões e questionamentos por parte do público presente. Fabricio Tedesco Cardoso, após fazer várias considerações ambientais e sociais, questionou sobre a falta de segurança e padronização das calçadas em Torres. Sobre o mesmo assunto, Giovane, do Conselho do Idoso, sugeriu que as calçadas fossem construídas de forma padronizadas e a cobrança fosse feita direto no carne do IPTU. Inicialmente, foi explicado que a calcada é de competência da prefeitura, mas de responsabilidade do dono do imóvel. Respondendo por chamada de vídeo diretamente da Europa, o arquiteto Vinícius Ribeiro sugeriu: 1) Fazer advertências e notificação para que sejam feitas as arrumações nas calçadas, multando em casos de desobediência e mandando as multas junto às guias do IPTU; 2) Trazer a responsabilidade da manutenção e construção das calçadas para a prefeitura, mas cobrar dos moradores um valor por construção/ reforma/ arrumação das mesmas Já Cassiano Machado defendeu, em sua fala, que o centro de Torres é muito apertado, populoso e cheio de habitações horizontais e verticais. Por isso, acha que deveriam ser criadas formas alternativas e diversas das pessoas chegarem e saírem do centro, sem muita necessidade de trafegar de carro. A reposta foi a de que o plano foi feito dentro deste mesmo diagnóstico e deverá melhorar em muitos estes afunilamentos. Pedro Ramon, da Associação de Moradores da Praia da Cal, cobrou melhorias gerais no calçamento da praia da Cal, em especial locais onde não existe passeio público e, ao mesmo tempo, estão próximos da via mais utilizada para pessoas dos bairros Guarita e São Francisco irem para a região central. Ramon também pediu projetos levando em conta diretamente as Praias do Sul de Torres. A resposta do arquiteto Vinícius (da GO Projetos) foi a de que os levantamentos realizados pela empresa mostraram uma grande deficiência viária para ligar estas praias ao centro, o que foi considerado no Plano de Mobilidade. Representando a Actor (Associação dos Construtores de Torres) Eraclides Maggi reclamou da falta de mudança de vias de mão dupla para mão única. Ele disse estar cobrando isto formalmente do prefeito faz tempo, salientando que a troca se mostra eficaz nas cidades que a praticam. A resposta foi a de que o projeto optou por trabalhar em eficiência de tráfego nas vias PRINCIPAIS – justamente para que haja o desafogamento das vias terciárias, para que não fosse necessário trocar de mão dupla para mão simples estas vias de terceira grandeza no fluxo.
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