A Sessão ordinária da Câmara Municipal de Torres de segunda-feira (7 de outubro) aconteceu menos de 24 horas após a divulgação do resultado da eleição municipal, resultado este que elegeu a chapa de Delci Dimer (MDB) e André Pozzi (PDT) para ocuparem o governo municipal nos próximos 4 anos, bem como elegeu os 13 vereadores titulares que irão compor as cadeiras na Câmara de Torres. Por esse motivo, o espaço do público do plenário estava ocupado principalmente por membros da coligação MDB/PDT e a federação do PT.
Os discursos sobre as eleições, consequentemente, foram a pauta formal da sessão, além das obrigatórias leituras. Até um requerimento de iniciativa do MDB (vereador Igor Beretta) foi aceito no sentido de transferir as votações dos projetos que estavam em pauta, justamente com a alegação que as matérias teriam outra leitura após a nova configuração política da Casa Legislativa, o que aconteceu.
Os que não conseguiram se reeleger
A maioria dos vereadores presentes (a vereadora Carla Daitx não compareceu à sessão, por estar com indisposição) utilizou a tribuna, principalmente para fazer sua leitura em relação aos resultados do pleito, tanto individualmente quanto o de seus partidos – inclusive àqueles que não tiveram suas reeleições obtidas e que vão desocupar suas cadeiras a partir do dia 1º de janeiro de 2025.
O vereador Vilmar Santos Rocha (UB), como um dos não reeleitos, foi rápido no discurso e somente pediu que a nova administração olhasse com carinho para o que chamou de “estado lamentável” que se encontra a garagem das máquinas da prefeitura de Torres. E pediu que se desse um jeito na situação logo, no início da nova administração.
Jacó Miguel (PDT) também não conseguiu se eleger novamente. Mas disse estar contente por ter conseguido resultado na luta para eleger a chapa de seu candidato André Pozzi (como vice de Delci) para a prefeitura. E opinou. “Não existe perdedores e ganhadores na política, existe a democracia plena. E a política feita em Torres estava errada, por isso a eleição substituiu a situação com a vitória da oposição. Política tem que ser para todos, para o rico e para os pobres”, sentenciou, se referindo a vitória da chapa para prefeito.
Já o vereador Fábio da Rosa (PP), que também não se elegeu, utilizou seu espaço para lamentar que mesmo com 416 votos, não conseguiu fazer a legenda para mais uma cadeira para o seu PP, que teve 4 vereadores eleitos. E falou sobre sua visão do resultado na prefeitura: “O prefeito Carlos fez uma grande administração e não será fácil o próximo governo obter as mesmas conquistas”, disse. E encerrou seu discurso afirmando que “não abandonará a política e que vai estar de volta daqui a 4 anos”.
Silvano Borja (Podemos) também lamentou não ter tido sorte para se reeleger, mesmo tendo muitos votos. Ele mostrou que teve 487 votos – 65% de aumento na votação passada, mas que mesmo assim não conseguiu se reeleger. Isso por conta de não estar em um partido(Podemos) que tivesse outras votações expressivas em candidatos em Torres, o que lhe ajudaria a ter, pelo menos, os votos necessários para uma cadeira do seu partido na Câmara. Disse que vai continuar lutando por causas coletivas que acredita serem necessárias, mesmo sem mandato.
Respeito por parte dos que se reelegeram
O respeito à ética política dominou o discurso dos que se reelegeram, tanto em nome dos partidos que venceram o pleito para prefeitura (vereadores do MDB e PT) quanto dos que se reelegeram em nome dos derrotados na votação da majoritária (Vereadores do PP, PSDB, Republicanos e Podemos).
Luciano Raupp (PSDB) afirmou que conseguiu ser reeleito entre os três candidatos do PSDB porque avalia que possui muitos apoiadores fortes de seu mandato, que conseguiram multiplicar o apoio. Disse não gostar de bandeiras, propaganda, vídeos… e que acredita que o trabalho realizado junto aos eleitores, na ponta, durante todos os dias é que trazem a resposta de reeleição, como a que teve. “O aumento de votos e a reeleição não enche meu ego, ao contrário, me enche de mais responsabilidade frente ao trabalho coletivo”, afirmou.
Moisés Trisch (PT) tinha torcida organizada de apoiadores na sessão. Ele parabenizou os eleitos para a prefeitura André Pozzi e Delci Dimer (também presentes na sessão). Depois citou nominalmente pessoas que o ajudaram a ser o vereador mais votado de Torres, afirmando que para ele foram estas pessoas que o elegeram. “Tenho uns 100 votos próprios e diretos”, disse. E afirmou que os outros mais de mil foram os que concordam com o seu modo de trabalhar e multiplicam isto pedindo voto, para ele uma atitude nobre de qualquer pessoa. Moisés recebeu aplauso de militantes do PT que estavam na sessão.
Rafael Silveira (PSDB), presidente da Câmara neste ano de 2024, também se reelegeu com larga votação, além de ter lavado mais dois companheiros com mandato titular pelo seu PSDB na Casa. Ele sempre foi um dos principais defensores do governo Carlos Souza na Câmara, e também um entusiasta da candidatura de Nasser Samhan (candidato que acabou não conseguindo manter o PP no comando do poder executivo de Torres). Mesmo assim, o presidente da Casa Legislativa se comportou com ética em seu comentário sobre a vitória da oposição. “Vivemos um novo momento com a troca de comando da prefeitura. Mas tenho certeza que as forças irão convergir para que Torres continue caminhando no mesmo rumo, independente dos naturais divergências ideológicas”, disse.
Rogerinho, reeleito pelo PP para mais um mandato na Casa Legislativa (onde já esteve por várias legislaturas), também agradeceu o apoio da família e principalmente o apoio de sua assessora Fabiane Correa, que para ele é “a mais pura representante da causa da proteção dos animais de Torres” e que o ajudou a levar mais forte esta causa adiante em seu trabalho. Para ele, ser reeleito mostra acima de tudo que o seu trabalho agradou, pelo menos a ponto de ser colocado por votos em mais um mandato, como conseguiu. Ele também se referiu ao prefeito eleito colocando que acha que o governo estará “em mão de pessoas honestas e trabalhadoras, empresários bem sucedidos que venceram na vida sem precisar de ajuda”. Sobre a alegada falta de experiência sobre a dupla eleita, ele lembrou da assessoria do ex-prefeito João Alberto, coordenador da campanha vitoriosa, que para Rogerinho “certamente irá ajudar os eleitos, com sua vivência de um dos melhores prefeitos que já teve na cidade de Torres”.
Dilson Boaventura (MDB) também manteve o protocolo de agradecer família, amigos e a Deus pela reeleição, assim como deixou claro que a eleição do prefeito Delci ajudou sobremaneira na sua campanha para a reeleição. “Eu sempre acreditei na escolha da população nesta dupla, que mostrou querer trabalhar de uma forma simples como são”, cumprimentou Delci e André o vereador Dilson.
O vereador Gimi (PP) comemorou a reeleição do seu 8º mandato seguido em Torres (completará 32 anos no final deste). Comemorou também ter batido o recorde de permanência no cargo comparado com todas as Câmaras do Litoral gaúcho. Se referiu aos eleitos pelo MDB para prefeito de Torres, afirmando que estes não tiveram o voto dele, mas que respeita a biografia dos escolhidos assim como o MDB – partido no qual foi filiado muitos ano. “Não é fácil se eleger vereador, muito menos é fácil se reeleger”, disse Gimi, sobre o seu recorde de trabalho na vereança.
Cláudio Freitas (Republicanos) conseguiu se reeleger para mais uma legislatura, após estrear na política em 2020. Ele se referiu aos seus familiares de vários níveis de proximidade como os “ajudantes” de seu feito, lembrando que estes sempre apoiam quando ele trabalha, tanto como vereador quanto como pessoa que se envolve em causas sociais e públicas, bem como na prática de esportes, na qual se agarra como uma ideologia forte.
Igor Beretta (MDB) foi o segundo vereador mais votado na eleição, atras somente da votação de seu companheiro de Câmara (e agora de bloco na Casa Legislativa) Moisés Trisch. Também agradeceu sua família por lhe ser parceira, mesmo em momentos difíceis que passou nesses 4 anos de primeiro mandato. E se referiu a vitória de Delci & André para a prefeitura – representando o seu MDB – como a “certeza de um governo muito mais humanista que a cidade terá”.