Em Três Cachoeiras, um grande ato público em apoio a paralisação dos caminhoneiros ocorreu na manhã desta sexta-feira (25). Centenas de pessoas reuniram-se em local nas proximidades da rua lateral da BR-101 do município, enquanto representantes de entidades, políticos e caminhoneiros manifestavam-se em prol das demandas dos caminhoneiros – o que deu ao ato uma cara de manifestação popular (não apenas dos caminhoneiros): representantes do comércio e outros estabelecimentos de Três Cachoeiras uniram-se a entidades de classe, políticos e a população. Mas conforme foi ressaltado na manifestação, não há liderança no ato. E conforme ressaltado algumas vezes, o manifesto não era apenas pela baixa do preço do óleo diesel, mas para diminuição do preço de todo combustível. A transmissão do ato foi feita em bela cobertura da Rádio Megasul.
A Prefeitura municipal de Três Cachoeiras, a Famurs (Fundação dos Municípios do RS), Fetag-RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), Sindicatos de Servidores Municipais de Três Cachoeiras são algumas das entidades que estiveeram apoiando publicamente o ato no município – além de representantes políticos de Morrinhos do Sul, Mampituba, Três Forquilhas, Terra de Areia, Itati e Sindicatos Rurais de toda região, bem como entidades de Caminhoneiros como, Aproctec, Aprocasj e Coperlíquidos.
Durante o ato, o prefeito de Três Cachoeiras, Flávio Lipert, foi um dos primeiros a falar, e indicou que o movimento não parou, indicando que a trégua acordada entre governo federal e entidades de caminhoneiros, anunciada na noite de ontem (Quinta, 24) pelo Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, seria uma espécie de “fake news”, uma vez que a paralisação segue por todo país. “É a corrupção desenfreada que vem quebrando o país, não a paralisação dos caminhoneiros. Os poderosos fazem de tudo, compram qualquer um. Mas quero ver eles comprarem o motorista que tá na estrada, isso eles não vão comprar nunca”, ressaltou o prefeito de Três Cachoeiras.
A paralisação do aeroporto de Brasília,por falta de combustível, foi festejada pela organização do evento e público presente. As palavras de apoio a greve dos caminhoneiros, indicando que a Petrobrás tem que recuar e abaixar realmente o preço dos combustíveis, foram repetidas por outras lideranças em seus discursos em Três Cachoeiras. “Essa luta é de todo povo brasileiro, não será a classe trabalhadora que terá que pagar essa conta. Manifesto tem apoio dos agricultores, pois o combustível para nossas máquinas também está muito caro” disse Vilson Rodrigues, presidente do STR (Sindicato dos Trabalhadores Rurais) e representante da Fetag.
Joelci Jacob, representando a Famurs (Fundação dos Municípios do RS), falou que muitas prefeituras gaúchas estão paradas em apoio a mobilização. “Vocês caminhoneiros fizeram com que a sociedade brasileira entendesse que, sem vocês, o país para, que o governo federal precisa tomar providência de verdade. Não podemos nos acomodar, temos que nos mobilizar. O lucro da Petrobrás é grandioso, pode reduzir o preço. O imposto tem que baixar e não é só o óleo diesel, é pra todos que precisam do petróleo. Temos que seguir, pois quem manda nesse país é o povo brasiileiro”.
Um caminhoneiro chamado Joceli (apelido Professor) que trabalha na serra gaúcha, contou que se juntou ao movimento por livre e espontânea vontade. “Estou na batalha, sempre ai nas estradas, trabalhando. Mas agora vou ficar aqui, não arredo o pé de Três Cachoeiras, nossa força é nossa mobilização. E agradeço ao povo de Três Cachoeiras por ter apoiado o movimento. Agradeço em nome de todos os caminhoneiros”.
Três Cachoeiras decretou estado de calamidade pública
O prefeito de Três Cachoeiras, Flávio Lipert (Ratinho) decretou nesta quinta-feira (24) que o município entrará em estado de Calamidade pública para sexta (25). O documento foi enviado para o Governo do Estado. A situação ocorre em decorrência da paralisação dos Caminhoneiros, sendo válido para sexta-feira, mas que se for necessário será prorrogada. Não haverá aulas e outros serviços municipais. Apenas recolhimento do lixo e serviços de saúde estarão normalizados.
Conforme já informava a rádio Megasul na quarta-feira (23), “Três Cachoeiras fechou comércio, órgãos públicos e agricultores trouxeram máquinas, e cerca de duas mil pessoas participaram de ato público contra o aumento abusivo do combustível, na manhã desta quarta-feira (23). E enquanto o povo protestava, mulheres voluntárias preparavam o almoço que será servido no salão paroquial ao grevistas”. O município tem forte vínculo com a classe dos caminhoneiros, e concentra ações da paralisação da classe, tendo dezenas de caminhões paralizados.
*Com Megasul FM