Vereador Pardal alega perseguição e MP troca promotor que preside seu caso na justiça

 Ministério Público diz que reclame do vereador é “estratégia de defesa”. Pardal afirma que saiu da prefeitura mais pobre que entrou.

FOTO: Valmir Daitx Alexandre, conhecido como Pardal
24 de junho de 2017

 

 

Em matéria de alcance estadual via Rádio Gaúcha, o vereador de Torres Valmir Daitx Alexandre, o Pardal (PRB) negou mais uma vez estar envolvido em processos na justiça que o acusam de desvio de verba pública – quando vice-prefeito de Torres, na gestão 2009/2012. Ele chegou a ser preso em 1º de junho por suposta ameaça ao promotor do município, Vinícius de Mello Lima, que o investigava. Mas Pardal foi solto alguns dias depois, após concessão de Habeas Corpus. O motivo da prisão alegado pela promotoria da comarca de Torres foi a fala de Pardal durante uma sessão plenária na Câmara Municipal.

O MP acusou o vereador de tentar constranger o promotor que atuava em processo criminal movido contra ele – o que configura crime de coação no curso do processo.”O pau que bate em Chico, bate em Francisco. Aqui em Torres vai ser assim: o pau que bate em Valmir vai bater em Vinícius. Mas eu vou falar nisso num outro momento. Me aguarde meu querido promotor”, disse o vereador na tribuna.

Conforme a Rádio Gaúcha, Pardal procurou a reportagem da emissora para dar a sua versão dos fatos, que já foram veiculados pelo jornal A FOLHA (em nível regional) em edições passadas.  Ele sustenta que estaria sendo perseguido pelo promotor, que o processo está demorando acima da média e insiste que não há provas contra ele. “Eu não quero ficar inocente porque o processo prescreveu; quero ser inocente porque sou inocente”, afirma o vereador na matéria da Rádio Gaúcha. Segundo Pardal disse na rádio, a perseguição contra ele teria iniciado quando ele assinou a exoneração da sogra do promotor de uma creche do município, na época em que Pardal era ainda vice-prefeito de Torres. O vereador torrense também alega que a perseguição poderia estar ocorrendo pelo fato da sogra e esposa do promotor que promoveu o processo, Vinícius Lima, serem ligadas à ex-prefeita Nílvia Pinto Pereira, do PT  (sua “adversária política”, conforme Pardal).

 

Vereador afirma que saiu da prefeitura mais pobre que entrou

 

A rádio Gaúcha fez pequeno histórico da vida de Pardal, principalmente na política, lembrando que se trata de um policial militar da reserva e lembrando que ele responde a outro processo por desvio de verba pública. “O político foi denunciado em 2014, quando era vice-prefeito de Torres, junto com outras sete pessoas, pelos crimes de peculato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude a licitações cometidos entre 2010 e 2012”, sentencia a matéria da rádio Gaúcha, veiculada no site da emissora em formato de texto.  A matéria também lembra que o processo foi aberto por conta da Operação Money Trail (trilha do dinheiro), feita pelo MP de Torres, “quando a promotoria apontou desvio de R$ 262 mil da organização do Réveillon de 2011 e outros R$ 182 mil do Festival de Balonismo”.

A rádio Gaúcha diz ainda, na matéria , que Pardal também responde outro processo por desvio de recursos referentes à construção de Unidade Básica de Saúde (UBS), no valor de R$ 432 mil, e de uma escola municipal de educação infantil, no bairro Campo Bonito, no total de R$ 479 mil. Tudo isso conforme informações prestadas pelo MP, que acusa o vereador de lavar dinheiro com a construção de um prédio no centro de Torres. “Eu entrei na política com três apartamentos e hoje moro de aluguel”, diz o vereador sobre estas denúncias, alegando que seus negócios estão dentro da lei.

Perguntado pela reportagem da Gaúcha sobre a origem do dinheiro para a construção do prédio no Centro de Torres, por exemplo, já que sua remuneração como soldado da reserva é de R$ 4.4864.28 e como vice-prefeito girava em torno de R$ 6 mil, o vereador disse que “foi procurado por investidores que o ajudaram no início, mas que tudo seria pago depois, com a venda das unidades habitacionais”.

 

 Ministério Público diz que reclame do vereador é “estratégia de defesa”

 

O subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Marcelo Lemos Dornelles, descarta qualquer questão pessoal do promotor em relação ao vereador, como alega Pardal em sua tese. Para a rádio Gaúcha, o chefe do MP estadual afirma que se trata de uma estratégia puramente de defesa. “Essa denúncia do Ministério Público foi recebida pelo Poder Judiciário há mais de três anos. Na oportunidade da investigação, eu pude acompanhar e as equipes de Porto Alegre estavam lá. Teve escuta telefônica e quebra de sigilo bancário, o que demostrou claramente os fatos que apontam na denúncia”, afirma Dornelles para a Rádio Gaúcha.

Mas, mesmo negando a existência da questão pessoal, o Ministério Público do RS decidiu pela troca do promotor responsável pela investigação de Pardal. Sai Vinícius de Mello Lima e assume o caso o promotor Marcelo Araújo Simões. “Exatamente para retirar esse argumento de que é pessoal quem está atuando agora é outro promotor, que não tem nenhum vinculo pessoal em relação aos fatos”, explica Marcelo Dornelles, dizendo que trata-se de uma decisão conjunta com Vinícius Lima, o promotor que iniciou o processo lá em 2012. Conforme encerra a matéria, a rádio Gaúcha afirma que “o promotor Vinícius de Mello Lima não quis se manifestar”.

 

Defesa sugere vitimização buscada em âmbitos maiores

 

O vereador Pardal – quando no início desta polêmica culminada por sua prisão – afirmara que estava entrando com uma reclamação no Conselho Nacional do Ministério Público, justamente pela defesa de sua tese, que estaria sendo perseguido. Conforme o vereador afirma publicamente, este era o tal de “pau que bateria no promotor”: sua ação em níveis nacionais contra Vinícius Lima, o promotor da comarca.

Com esta ação de procurar a Rádio Gaúcha, para expor sua preocupação sobre o processo contra ele, o vereador Pardal confirma que vai ser protagonista além de ser réu, ou seja: ele vai buscar – em níveis acima do alcance da comarca de Torres – a coordenação e a avaliação do histórico dos processos movidos contra ele pelo promotor Vinícius de Melo Lima, se colocando como vítima de perseguição além de se manter réu nos processos na justiça.


Publicado em: Política






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