ALEITAMENTO MATERNO: Do ‘Mamaço’ na Prainha ao debate sobre amamentação

Neste mês celebra-se o "Agosto Dourado" e à Semana Mundial do Aleitamento Materno. Em decorrência da data, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) de Torres organizou o primeiro 'mamaço' em Torres, em evento na Prainha. E foi neste contexto que o Jornal A FOLHA conversou com algumas mães sobre o tema

Mães presentes no evento que ocorreu na Prainha, junto com equipe organizadora (FOTO: Cristina Zaniratti)
14 de agosto de 2017

Que o leite materno é o alimento mais completo para o bebe é indiscutível. Mas a pergunta a ser feita é: o que fazer se você estiver em um parque ou no restaurante e seu filho sentir fome? Ou ainda: as pessoas que lhe rodeiam dão o apoio necessário para amamentar?

Neste mês celebra-se o “Agosto Dourado” e a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Em decorrência da data, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) da Secretaria de Saúde de Torres – com apoio da Nutricionista Renata Teixeira, Psicóloga Sabrina Rubert e Fotógrafa Cristina Zaniratti – organizaram o primeiro ‘mamaço’ em Torres. A ação especial ocorreu dentro da evento de convivência social “Minha Prainha”, no último dia 06 de agosto.  A ideia foi reunir mamães e bebês para amamentarem simultaneamente, e consequentemente trazer à sociedade a reflexão e a discussão da importância do ato de amamentar e seus inúmeros benefícios. E foi neste contexto que o Jornal A FOLHA conversou com algumas mães sobre o tema.

 

Bate-papo com as mães

 

Para Eloisa Vallatti, mãe de Anakin de sete meses, o fato de amamentar em publico não causa incomodo. “No inicio sentia um pouco de vergonha, mas depois passou. Mesmo com vergonha nunca deixei de amamentar”. Anakin foi amamentado exclusivamente no peito até os 6 meses e, agora, Eloisa está introduzindo outros alimentos, embora pretenda dar de mamar até quando seu bebe quiser.

“Eu defendo há muito tempo a amamentação”, diz Márcia Adriane Mambeque, pedagoga, que complementa. “Vejo que a mulher está desestimulada, ela não acredita no seu corpo, no que ela produz. Ainda falta muita informação sobre o valor da amamentação. A minha mãe ,por exemplo, não enfatizou para eu amamentar; no hospital quando Joaquim nasceu,tampouco tive uma boa orientação por parte das enfermeiras de como fazer para o bebê pegar o seio”.

Joaquim hoje está com dois anos e um mês, e no meio da conversa pediu o peito da mãe, que imediatamente saciou a vontade do pequeno. Márcia ainda ressaltou que percebe que as doenças infantis não atingem Joaquim, e pensa ser o aleitamento materno um destes ‘remédios naturais’. Quanto ao ato de amamentar em publico, a pedagoga pensa que são as pessoas que se sentem mais encabuladas ao ver uma mãe dando de mamar.Mas ela nunca teve problemas,sempre foi tranquila. Márcia termina dizendo que a mãe tem que acreditar no seu potencial, tem que se doar neste momento e saber que o leite materno dá todos os nutrientes necessários.

 

Benefício da amamentação

 

Os pediatras indicam que o aleitamento materno seja exclusivo até o sexto mês. Depois se complementa, seguindo no mínimo por dois anos.Esta também é a indicação da pediatra Renata da Rosa Lentz, mãe da Larissa e uma das participante do mamaço na Prainha. “É importante ressaltar que a criança não precisa de nada mais,pois o leite mata a sede ,não mata só a fome.Alem disto o bebê mama por várias razões -pode ser para se acalmar,para ter um aconchego.O leite é um analgésico natural” ressalta a pediatra.

Para Renata, ainda existe uma desestimulação ao aleitamento materno, inclusive da própria família. “Vai haver pessoas que vão dizer para não amamentar,que os alimentos industrializados podem suprir o leite materno,que o leite pode ser fraco. Mas isso é um mito,pois não existe leite fraco”, indica a pediatra, que coloca ainda o apoio do marido como fundamental para dar tranquilidade para a mãe. A mãe de Larissa, de seis meses, lembra  da dificuldade que a mulher passa, quando termina a licença maternidade, que no Brasil é de quatro meses. Ela mesma (que trabalha como pediatra),tem que ordenhar seu leite para deixar para a pequena enquanto ela esta fora. “È um processo dolorido, mas necessário”, diz Renata, que espera que no futuro a legislação e os empresários ampliem a licença-maternidade para 180 dias.

 

Ajudando a mãe a amamentar

 

O peito deve ser oferecido toda hora, quanto mais o bebe mamar maior será o estimulo Para produção de leite. O leite tem um tipo de proteína certa, que contribui para o desenvolvimento neurológico. Nos primeiros dias a produção do leite é pequena, chamada de colostro, tem alto valor nutritivo e é suficiente para atender as necessidades do bebê. As crianças amamentadas tem menos infecções como diarreias,doenças respiratórias e de ter no futuro doenças como obesidade e diabetes. “Ele também possui proteínas, carboidratos (sendo o principal deles a lactose), ácidos graxos essenciais, minerais, vitaminas, enzimas, anticorpos”, ressalta a nutricionista Renata Teixeira, profissional da Secretaria Municipal de Saúde e do NASF .

É importante não oferecer qualquer liquido por mamadeira, pois a criança pode achar mais fácil sugar a mamadeira do que sugar o peito, onde ela tem que fazer mais força. Força esta que é benéfica, pois é um exercício, que posteriormente ajudará a criança a desenvolver a fala e a ter uma boa respiração.

Também é importante que a mulher não desista, que receba apoio de familiares e amigos durante o processo do aleitamento; os profissionais de saúde devem orientar sobre a importância da amamentação. O ato de amamentar deve ser prazeroso para a mãe, o ideal é que ela tenha tempo disponível e que se sinta á vontade e tranquila. Lembrando que a mulher que amamenta corre menos risco de contrair câncer de mama e de ovário.

Quando a mãe tem muitas dúvidas sobre como amamentar ou se, durante este início com o bebê, algo está acontecendo de errado, conforme Renata. “É válido buscar o serviço de Consultoria em Amamentação, realizado por profissional capacitado. Este atendimento geralmente é feito na casa da mãe, para trazer mais conforto para a dupla mãe-bebê. As gestantes podem fazer a consultoria também, antes do nascimento, para se preparar para a amamentação e tirar suas dúvidas sobre o assunto. Com apoio e confiança em si mesma, a amamentação é possível, prazerosa e um momento único entre você e seu bebê”, conclui a nutricionista Renata Teixeira, que também presta consultoria em amamentação.

A mulher deve saber que é um direito seu poder amamentar em publico. Aqui no Brasil existem algumas leis regionais que protegem a mãe e punem o estabelecimento que proibir o ato de amamentar.A maioria das mães já estão vencendo o preconceito de amamentar em publico,apesar de algumas pessoas ainda olharem com reprovação.Mas o mundo está mudando e a cultura em torno da amamentação também,e cada mãe deve ter certeza que não está fazendo nada de errado. Afinal, até o papa Francisco ,durante uma cerimônia demorada de batismo na Capela Sistina falou: ”Se as mães que estão aqui com seus filhos quiserem amamentar que o façam, assim como a virgem Maria amamentou Jesus!”

Seu Pedro Souza que estava na Prainha, no alto de seus 79 anos, ao ver uma mulher amamentando sentada na grama,  deu uma resposta que sintetiza o pensamento dos tempos atuais; “Quando eu vi a menina dando de mamar para o gurizinho, achei a coisa mais linda! Ninguém tem que incomodar ela. Deixa o pia mamar em paz!”.

 

*Editado por Guile Rocha


Publicado em: Saúde






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