DOCUMENTOS HISTÓRICOS: Um Salvo-Conduto em Torres

Salvo-conduto era um documento emitido por autoridades de um Estado e que permitia ao seu portador transitar por um determinado território. Esses salvo-condutos foram emitidos na época da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 a 1945, e o documento apresentado é deste período, setembro de 1943.

23 de janeiro de 2024

Como as coisas mudam!

E mudam cada vez com maior rapidez, em todo o mundo e aqui pertinho de nós. Há quase trinta anos, o computador ainda não fazia parte do dia a dia das pessoas e poucos tinham acesso a essa tecnologia. No meu serviço, por exemplo, ele só se tornou parte do processo depois dos anos 2000.

Esses dias fui em uma farmácia, totalmente informatizada, onde a senha para o atendimento sai de uma pequena impressora térmica após o usuário apertar um pequeno botão. Maravilha! Só que não. Bastou essa pequena maravilha parar de funcionar, que o caos tomou conta dos atendentes e, também, dos usuários. Eles não tinham o plano B, não havia o analógico para substituir o digital. E por alguns minutos não se sabia quem era o próximo da fila, pois havia fila para pegar a senha e fila para o atendimento. Ninguém sabia qual era qual. Por sorte, a geração mais antiga (e acostumada com filas e esperas), tomou rédeas da situação e tudo foi resolvido com a formação de uma única fila, como antigamente.

Conversando com uma amiga, sobre Torres do passado, ela, descendente de torrenses natos, disse que possuía um documento antigo da sua avó. O tal documento era um “salvo-conduto”. Ela, inicialmente, pensava tratar-se de um documento que foi exigido pelo empregador quando sua avó teria procurado emprego, após a morte precoce do marido. Mas analisando melhor o documento, ela descobriu que era um documento exigido para alguém poder viajar, neste caso a sua avó, de Torres à Porto Alegre.

Com uma breve pesquisa, descobri que o Salvo-conduto era um documento emitido por autoridades de um Estado e que permitia ao seu portador transitar por um determinado território. Esses salvo-condutos foram emitidos na época da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 a 1945, e o documento apresentado é deste período, setembro de 1943.

Descobri, também, que esse tipo de documento foi emitido em larga escala para os milhares imigrantes japoneses, italianos e alemães, e para os seus descendentes, mesmo os nascidos no Brasil.

Esse documento era necessário para que os imigrantes pudessem se deslocar dentro do Brasil, neste caso, dentro do estado. Na minha pesquisa vi até casos de veranistas, descendentes de alemães que eram obrigados a fazer este documento (Salvo-conduto) para poder passar suas férias na praia. Isso aconteceu principalmente a partir de janeiro de 1942, quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha, muitos imigrantes alemães e seus descendentes tiveram que se adaptar aos novos tempos. Sobre eles recaíram diversas exigências e, entre elas, a de ter de carregar o salvo-conduto expedido por autoridade policial quando quisessem viajar de uma localidade para outra.

Um documento que, na época, poderia salvar uma vida, hoje o salvo-conduto não passa de parte de burocracia diplomática. O antigo documento, hoje é tratado como relíquia por algumas páginas da internet que, dependendo do estado de conservação, pode valer um bom dinheiro.

Ah, esqueci de dizer que a avó dessa minha amiga era filha de um ilustre torrense do passado, o seu Balbino do Freitas, dono de um dos primeiros  armazéns de secos e molhados da cidade de Torres e que, além de curioso, era inventor e colecionador de relíquias arqueológicas. Relíquias, essas, que se transformaram em uma coleção arqueológica com o seu nome no Museu da Quinta da Boa Vista (história já contada em colunas anteriores).

Fonte:Relato oral de Roseli Carvalho Vargas.

Alemães em Ponta Grossa no contexto do início da Segunda Guerra Mundial

 

 




Veja Também





Links Patrocinados