Já temos turismo cemiterial por Torres

Turismo Cemiterial, para quem não sabe do que se trata, é o tipo de turismo que tem como foco principal a exploração do patrimônio artístico e arquitetônico dos cemitérios, mas tem, também, caráter histórico, pois aproxima o visitante dos restos mortais de pessoas que contribuíram e fizeram parte da história que ouvimos falar ou estudamos em livros de história.

10 de junho de 2022

Já escrevi anteriormente sobre este tema: Turismo Cemiterial.

Turismo Cemiterial, para quem não sabe do que se trata, é o tipo de turismo que tem como foco principal a exploração do patrimônio artístico e arquitetônico dos cemitérios, mas tem, também, caráter histórico, pois aproxima o visitante dos restos mortais de pessoas que contribuíram e fizeram parte da história que ouvimos falar ou estudamos em livros de história. A visitação aos túmulos de personalidades é, atualmente, o principal atrativo dos cemitérios.

O Turismo Cemiterial é amplamente realizado em todo o mundo, locais como o cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, ou o Père-Lachaise, em Paris, são famosos por abrigar figuras famosas daqueles países além de serem considerados Museus a céu aberto.

 “A trajetória do homem no tempo é marcada por mitos e ritos fúnebres, e quando se ultrapassa essas superstições que envolvem a morte e os cemitérios, é possível percebê-los como um espaço educativo, em que a memória, identidade, religiosidade, arte e cultura, apresentam-se como um museu a céu aberto. Desta forma a exploração da atividade turística nos campos santos, propicia o estudo da fé, da arte tumular, da historicidade do lugar, da arquitetura cemiterial e de personagens sepultados (

Um dos cemitérios ricos em história local, ficava no Morro do Farol, ao lado do antigo farol, lá estavam enterrados personagens marcantes da cidade até então. Porém, nos anos 60, as autoridades da época, acharam que um cemitério ao lado de um atrativo turístico (farol) não era muito interessante para o turismo local. Então tiraram as quarenta tumbas de lá e as levaram para o novo cemitério, que já estava “funcionando” como tal no bairro Campo Bonito. Alguns dos personagens históricos da cidade foram transladados para seus novos jazigos e hoje fazem parte do lado antigo do cemitério do Campo Bonito.

Torres começa a entrar nessa ideia de turismo dentro de cemitério, a ex-diretora de Cultura do município, Maria do Carmo Conforti Rodrigues, organizou através da Secretaria Municipal de Administração e Atendimento ao Cidadão, na Coordenadoria de Gestão de Cemitério e Serviços Funerários, a 1ª Visita Guiada ao Cemitério Municipal Campo Bonito, na manhã do dia 21 de maio. Esta visita pode ser considerada como o primeiro roteiro turístico dentro do cemitério local. Participaram desta primeira visita pesquisadores da Associação Brasileira de Estudos Cemitériais -Abec, turistas e moradores de Torres, todos interessados em conhecer as simbologias das sepulturas e a história local através do olhar da necróple.

Durante a visita foram apresentados os fatos históricos, a memória local e até lendas ligadas ao município e a suas figuras, de importância histórica ou não.

Como já disse, a história da cidade pode ser contada através dos seus moradores e daqueles que já se foram, sendo assim, em uma visita ao cemitério pode-se conhecer uma boa parte dessa história, como a do Cel. Severiano Rodrigues, um dos prefeitos que muito contribuiu para o crescimento da cidade, em suas duas vezes que esteve à frente do município ele fez a transição da vila para a cidade, além de construir a nova Prefeitura.

Maria do Carmo lembra que “ao pensar cemitério a primeira imagem é a morte, a tristeza e desolação, mas ao olhar de perto o local e observar os detalhes nas construções percebemos uma outra realidade. Os cemitérios são museus, sítios arqueológicos, provas concretas da dinâmica social e política das cidades. O Cemitério Municipal Campo Bonito tem papel de guardião da cultura e memória da comunidade. Um Cemitério, é um espaço não somente criado para abrigar corpos sem vida, mas também um espaço concebido para visitação, um museu a céu aberto, um local para a educação, reflexão e a transformação local.”

“No cemitério de Campo Bonito existem aproximadamente 5.250 sepulturas divididas em 10 talhões (são 80 anos de história). E quando analisamos o talhão 01 composto de 833 sepulturas, estruturado durante o século XX, e marco do espaço cemiterial comparado ao restante de nove outros talhões, descortinasse a modificação de como o povo torrense expressa sua relação com a morte. E a simbologia e alegorias lá encontradas nos remetem ao célebre memento mori que nos alerta que somos os que já foram, e lá estão o que seremos (és o que fomos, serás o que somos). Os símbolos demonstram o potencial informativo sobre a identidade da comunidade. A preservação desse espaço (talhão 1) fortalece a memória comum da comunidade”. (Maria do Carmo C. Rodrigues)

Para aqueles que estão curiosos para saber um pouco mais sobre este roteiro, sugiro montarem um grupo e entrar em contato com a Coordenadoria de Gestão do Cemitério e falar com a Maria do Carmo, ela certamente terá o maior prazer em realizar este passeio turístico Cemiterial.

 

Turismo Cemiterial pelo mundo: Père-Lachaise – Paris, Panteão – Paris, Museu dos Invalides – Paris, La Recoleta – Buenos Aires, Catacumba de São Calisto – Roma, Hollywood Forever – Los Angeles, Cemitério Nacional Arlington – Virginia, Old Jewish Cemetery, Praga, República Tcheca, Tumba de São Pedro e Grutas do Vaticano – Vaticano, Al-Masjid Na-Nabawi (Túmulo de Maomé) – Arabia Saudita, Mausoléu De Lenin – Praça Vermelha – Moscou, Mausoléu de Mao Tsé-Tung – Praça Tiannamen, em Pequim.

 

Fonte: Maria do Carmo Conforti Rodrigues, Coordenadoria de Gestão de Cemitério e Serviços Funerários; Larissa Bitar Duarte e Daniel Luciano Gevehr: Turismo Cemiterial: Arte tumular como forma de expressão da memória e identidade de um povo. https://anomade.com.br/turismo-cemiterial-e-tumular-muito-mais-interessante-do-que-pode-parecer/




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