‘MOBILIDADE HUMANA’ EM TORRES: como será no futuro?

"No dia 06 deste mês foi apresentado, ao público torrense, o Plano de Mobilidade Urbana que deverá ser projetado para a cidade. A empresa vencedora da licitação apresentou sua visão de Mobilidade Urbana e respondeu a vários questionamentos do público assistente" (Por Roni Dalpiaz).

Vista aérea da beira-mar de Torres, próximo à Praia Grande (foto por Rafael de Britto)
25 de maio de 2022

Torres é uma cidade pequena, já foi menor.

A mobilidade urbana, naquela época, era um assunto que nem passava pela cabeça dos administradores da cidade, por motivos óbvios. A cidade cresceu e, apesar de ainda pequena comparada aos grandes centros, ela já possui seus problemas de mobilidade, embora eles fiquem mais agudos na alta temporada ou em feriados prolongados.

Durante várias administrações foram implementadas algumas “soluções” para estes problemas, mas nem todas deram certo. Pode ser por um simples motivo, as pessoas que propuseram as mudanças não tinham o conhecimento ou o preparo para isso. Agora estamos indo no caminho certo: Planejamento.

É, o Plano de Mobilidade Urbana é um planejamento, e já foi iniciado.

No dia 06 deste mês foi apresentado, ao público torrense, o Plano de Mobilidade Urbana que deverá ser projetado para a cidade. A empresa vencedora da licitação apresentou sua visão de Mobilidade Urbana e respondeu a vários questionamentos do público assistente.

Antes de mais nada, cabe aqui esclarecer o que é Mobilidade Urbana porque muita gente confunde o seu papel. A mobilidade urbana é um conceito bastante discutido nas políticas públicas que envolvem o planejamento das cidades, tratando o modo como a população urbana se locomove pelos espaços geográficos urbanos, além de interferir diretamente no bem-estar social da população. E somando-se a isso, a mobilidade deve ser, também, sustentável. Ou seja, deve incluir melhorar a locomoção e diminuir os impactos ambientais causados pelo excesso de veículos nas ruas, um dos principais entraves a uma boa mobilidade.

Achei ótima a vinda de uma empresa de fora para fazer este trabalho, porque nós já estamos acostumados com a cidade do jeito que ela é, e por este motivo ficamos atrelados a soluções de dentro de um restrito “pacote de soluções”.

A maioria das vezes nós olhamos e não enxergamos, porém alguém de fora através de seu olhar inédito, chega aqui e nos mostra, às vezes, o óbvio.

Uma das obviedades é que a mobilidade da cidade do jeito que está, não dá mais.

Tem que mudar.

Mas mudar o quê? Aí é que entra o trabalho da empresa contratada.

A mudança, pelo que se viu, já iniciou pela troca do título do plano. De Mobilidade Urbana para Mobilidade “Humana”, e aí já se vê que tudo o que se pensava e se fazia na cidade estava desfocado do real problema.

Todas as ações visavam (e ainda visam) beneficiar os automóveis e não as pessoas. Soluções certas para o problema errado.

O palestrante tentou (e conseguiu) mostrar que estamos olhando e não enxergando. Por exemplo, no centro da cidade o problema não é a falta de espaço para os automóveis e sim a falta de espaço para as pessoas.

Não priorizamos as pessoas, priorizamos os carros.

Então quer dizer que vamos resolver o problema do trânsito no centro da cidade retirando os carros? Não. Os problemas de trânsito desta parte da cidade, bem como da cidade inteira, podem ter soluções de curto, médio e longo prazos, por isso a razão de se fazer um plano e encontrar cada tipo de solução. A cidade deve ser preparada para o futuro e não obrigada a se adaptar para não chegar ao caos total.

Rotatórias, mudanças de mão, ciclovias, lombadas, e todo o tipo de ferramentas de mobilidade no trânsito são viáveis e ajudarão o trânsito, nada mais que isso. Existem soluções mais duradouras, soluções projetadas para esta mesma cidade lá no futuro, 10, 20 anos ou mais. É esse o trabalho a ser feito!

Das muitas perguntas formuladas ao palestrante uma, em especial, me chamou a atenção. Alguém perguntou quantos dos planos feitos pela empresa foram realmente colocados em prática pela prefeitura que os contratou?

O palestrante pensou um pouco e respondeu que um dos planos que foi inteiramente implementado foi o plano feito por sua empresa para a prefeitura de Caxias do Sul, onde ele foi secretário de governo.

Normalmente o que se espera, depois que o plano é elaborado e entregue à prefeitura que o contratou, é a sua implementação (que é responsabilidade da prefeitura).

O ideal é que se implemente de acordo com a forma e o cronograma indicados pela empresa, mas muitas vezes isso não acontece e por vários, e não contados, motivos ele é colocado de lado ou esquecido em algum arquivo da prefeitura.

Por este motivo é que, por melhor e bem-acabado que seja um plano (neste caso o de Mobilidade Urbana), ele não passa de um plano. Se não for implementado, colocado em prática, ele não serve para nada. Planos bons, e não aplicados, abarrotam os arquivos de muitas outras prefeituras pelo Brasil a fora, inclusive da nossa. Espero que este não seja mais um.

 

Foto: Site da Prefeitura de Torres.

 




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