O explorador francês e sua passagem por Torres: SAINT-HILAIRE

Na manhã do dia quatro de junho deste ano completaram 203 anos da passagem do botânico e naturalista  francês Auguste François César Prouvençal de Saint-Hilaire pela nossa região

18 de junho de 2023

Segunda-feira, 4 de junho de 1820: sempre areia e mar. Enquanto nos dias anteriores só avistávamos uma praia esbranquiçada que se confundia com o céu na linha do horizonte, hoje, ao menos, deparamos montes denominados torres, por que realmente avançam mar adentro, como torres arredondadas. Para as bandas do oeste, recomeçamos a avistar a grande cordilheira que há muito tempo não víamos. Quase ao pé do monte estende-se, paralelamente ao mar, um lago de águas tranquilas. Fiquei de tal maneira fatigado pelas duras jornadas que exigi de meu guia a permanência aqui, por um dia. Aproveitei para pôr em ordem minhas coleções e passear pelos montes denominados torres. É do primeiro dos 3 montes que se frui o mais agradável panorama, pois dele se avista, ao mesmo tempo, o alto-mar e o lago de água doce.”

Na manhã do dia quatro de junho deste ano completaram 203 anos da passagem do botânico e naturalista  francês Auguste François César Prouvençal de Saint-Hilaire pela nossa região. O francês da cidade de Orleães, cruzou o rio Mampituba (“o pai do frio”) e entrou na capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, e trouxe consigo a experiência de quase quatro anos de viagens pelo interior do Brasil (Rio de Janeiro, Minas, Goiás, São Paulo). Viajando a pé, de barco, de carroça ou no lombo de um cavalo, fez um trabalho científico minucioso, uma estupenda coleção e catalogação de sete mil espécies de plantas, além das amostras de 24 mil espécimes de plantas e 6 mil espécies de animais entre aves, insetos e mamíferos, além de répteis, peixes e moluscos.

Sua passagem por Torres e pelo litoral norte, Saint-Hilaire, descreveu a região em 1820 como pobre, muito pobre.

“… mar a leste, lagoas, serra geral, cordilheira, a oeste – vivem camponeses muito pobres, que moram em míseras cabanas, choupanas e palhoças.”

Relatou que as choupanas existentes por aqui não protegiam seus moradores nem da chuva, nem do vento e muito menos do frio. Nem móveis esses moradores tinham, as refeições eram feitas sob uma esteira estendida no chão de terra.

Apesar da extrema pobreza da região, Saint-Hilaire afirma que não faltava comida neste pedaço do Rio Grande do Sul. Ele passou por áreas onde havia culturas de milho, trigo, feijão, algodão, e cana-de-açúcar para fabricar aguardente. Porém, devido à falta de recursos dos camponeses do litoral, o rebanho bovino era, em número, inferior ao tamanho das próprias pastagens.

Há mais de 200 anos era essa a visão de um cidadão francês da “magnífica e desolada paisagem do litoral norte”, um olhar estrangeiro, repleto de influências e, até preconceitos, porém muito rica em detalhes e, talvez, bem próxima da verdade daquele tempo.

 

 

Fonte: SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul.Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1974. https://www.jornalja.com.br/cultura/a-viagem-de-saint-hilaire-um-olhar-critico-sobre-o-rio-grande-do-sul/

 

 




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