Patrimônio Cultural : Identidade, História e Memória em Torres

A expressão “Patrimônio Cultural” nunca foi tão veiculada pelos meios de comunicação com uma acepção tão ampla de seu significado. Uma necessidade de reconhecimento cultural para um período de crises? (texto por Leo Gedeon)

FOTO - Atividade de educação patrimonial com a escola nossa senhora da Glória
22 de julho de 2022

Como diria Pierre Nora, “tudo o que é chamado de clarão de memória é a finalização de seu desaparecimento no fogo da história. A necessidade de memória é uma necessidade de história”. Num período de necessidades de todo tipo, do discurso ambientalista às questões humanitárias até a escassez de ética nas esferas cotidianas e da política institucionalizada é que se discutem temas contra hegemônicos com intuito de minimizar a voracidade do neoliberalismo num contexto global. Diante de um cenário de massificação dos costumes e dilaceração das tradições na constante oposição entre o moderno e o antigo, surge a necessidade de uma profunda reflexão sobre a história, o tempo passado e o tempo presente, a identidade e a memória. Atualmente, há uma preocupação com a cultura popular por parte de ativistas culturais, pesquisadores e legisladores.

A expressão “Patrimônio Cultural” nunca foi tão veiculada pelos meios de comunicação com uma acepção tão ampla de seu significado. Uma necessidade de reconhecimento cultural para um período de crises? A escritora Ellen Woods afirma que “o mundo esta sendo crescentemente povoado não por alegres robôs, mas por seres humanos cada vez mais indignados.” A indignação crescente das populações historicamente marginalizadas surge num contexto de (re) afirmações de identidades, reconhecimento e valorização das memórias coletivas e da consagração de patrimônios excluídos. Os laços identitários e a memória histórica são eixos fundamentais para as lutas dos movimentos sociais na atualidade. As heranças do passado que “sobrevivem” e são acionadas no presente pelos atores sociais em busca de referências históricas para saciar suas aspirações de vida são dispositivos condicionantes do Patrimônio Cultural.

O Patrimônio Cultural é compreendido como o conjunto de bens culturais materiais, imateriais e o meio ambiente natural que tenha relevância social e afetiva para uma coletividade. Os bens culturais são elementos relativos à natureza, às técnicas dos saberes e fazeres considerados os elementos intangíveis (imateriais) e, por fim os artefatos, edificações, sítios arqueológicos e históricos que configuram os elementos tangíveis (materiais) do Patrimônio Cultural. O conceito de Patrimônio sofreu profundas transformações de acordo com os contextos históricos e não deve ser concebido de maneira reducionista ou simplista, levando em consideração o caráter ideológico, político e econômico. A formação dos Estados Nacionais, os regimes totalitários e as repúblicas democráticas sempre tiveram um apelo ao Patrimônio Histórico- Cultural como forma de criar uma identidade nacional com objetivo de unificação e legitimação de poder.

 

 




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