Prédio abandonado no Morro do Farol… Era do Cenecista ou do Marcílio Dias?

"Várias vezes se tocou neste assunto, o velho prédio da antiga escola Cenecista. O que vão fazer com aquele prédio abandonado? Na verdade, muita gente tem na ponta da língua, o que fazer...."

Projeção antiga do prédio no topo do Morro do Farol - na época Colégio Elementar de Torres
25 de junho de 2023

Várias vezes se tocou neste assunto, o velho prédio da antiga escola Cenecista. O que vão fazer com aquele prédio abandonado? Na verdade, muita gente tem na ponta da língua, o que fazer. Muitos dos candidatos a prefeito falaram em restaurar o local, transformá-lo nisso e naquilo, trazer instituto federal, transformá-lo em salas de multiuso, fazer restaurante, colocar secretaria de turismo e outras ideias mais ou menos mirabolantes. Nenhum, depois de eleito, lembrou de olhar para a velha escola. E ela, continua lá esperando o seu destino.

Como ninguém fez nada, mais uma vez a “Justiça” teve que ser acionada para que os gestores respondessem “por que não fizeram nada até agora, porque deixaram esse patrimônio da cidade se deteriorando?”

Para aqueles que acham que a escola é só Cenecista, vou desapontá-los, ela foi construída para a instalação de uma Colônia de Férias para estudantes e um colégio elementar. Inaugurado como Grupo Escolar e Colônia de Férias (depois Marcílio Dias), ele funcionou como tal de 1942 a 1979. Somente em 1980 ela foi repassada para o CENEC, ficando assim até o seu fechamento no início de 2011. Trinta e sete anos como escola municipal/estadual Marcílio Dias e trinta anos como escola Cenecista.

Para minha surpresa, e de muitos outros ligados à cultura local, a Secretaria de Cultura não enxerga o valor histórico do prédio da “Escola Cenecista”. Como assim? Não conhecer a história de um prédio não o isenta de ter história (e história relevante para a cidade). Se faltou conhecimento para aqueles que aqui nasceram e cresceram, imagina para os que vêm de fora e não procuram conhecer a história do local que escolheram para morar.

Então, para os que não conhecem, aí está um pouco da história da antiga Escola Cenecista, o prédio, que na verdade foi construído como Grupo Escolar e Colônia de Férias.

 

– O projeto do prédio  foi de responsabilidade do Eng. Civil Théofilo Borges de Barros da Secretaria de Obras Públicas do Estado do Rio Grande do Sul. O projeto iniciado por volta de 1937/1938 previa dois usos para a construção: durante a temporada de verão aconteceria o aproveitamento na forma de colônia de férias estudantis e durante o ano regular o prédio funcionaria como um Grupo Escolar. Deste modo, foi inaugurado em 1942, o Grupo Escolar e Colônia de Férias Marcílio Dias.

– Orçado em 460 Contos de Réis (460$000:000) o prédio tinha a capacidade de receber 200 alunos ou 100 colonianos. A colônia marítima de Torres foi a primeira colônia de férias que recebeu crianças de ambos os sexos.

– Destaca-se o imóvel por um dos poucos edificados para a finalidade de colônia, bem como o único do litoral construído pelo estado para os fins daquela política sanitária e educacional.

– Foi encontrada uma placa de metal no local com a escrita “COLÔNIA DE FÉRIAS – NEY DUARTE LUZ”, o que sugere que o local funcionou, como colônia de férias com pelo menos 2 nomes diferentes. Ney Duarte Luz foi um economista, advogado e educador físico atuante na década de 1940 (MEDEIROS, 1997, p. 49).

– Em 1979, a lei municipal no 1.875, de 31 de dezembro de 1979, da cidade de Torres, cedeu o prédio ao movimento da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC). A partir de 1980, os cenecistas tomaram o comando da administração, instalando-se no local a “Escola Cenecista de 2o Grau de Torres”.

– Em 1982, apoiada em seu viés religioso, a instituição recebeu o nome de Escola Cenecista de 2o Grau José de Anchieta.

– Em 1995, a Escola Cenecista com base nas decisões do Conselho Comunitário decidiu alterar o nome da instituição para “Escola de 2o Grau Professor Durban Ferraz Ferreira”.

– Encerrou suas atividades em fevereiro de 2011 por problemas financeiros, e o colégio foi  reintegrado às posses municipais de acordo com o artigo 4o da lei de cedência, que obrigava a devolução do prédio em caso de não uso do prédio por período superior a um ano.

 

Fonte: Cristiano Enrique de Brum (historiador); Leonardo Gedeon (historiador). BAPTISTA, Amaro Augusto de Oliveira. A educação sanitária na escola. Obras periescolares: colégios climáticos, escolas ao ar livre, colônias de férias. In: BAPTISTA, Amaro Augusto de Oliveira. Elementos de Higiene. Porto Alegre: Liv. do Globo, 1941.

BATISTA, Jaime. Sob as Lentes de Torres: Memorial da Escola Cenecista – Torres. Torres, 2013. Disponível em: http://sobaslentesdetorres.blogspot.com.br/p/blog-page_19.html. BRUM, Cristiano Enrique de. Arquivo Pessoal.

 




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