Recursos no TURISMO ou em BAIRROS?

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

5 de dezembro de 2021

MANUTENÇÃO DAS PASSARELAS À BEIRA MAR

Está tramitando na Câmara Municipal de Torres um Pedido de Providência, de autoria do vereador Rafael Silveira (PSDB) que pede oficialmente que prefeitura faça a “manutenção das Passarelas Beira Mar”. O vereador Rafael é líder do Governo na Câmara. Poderia fazer este pedido pessoalmente, sem a necessidade de utilizar seu mandato para formalizar o pedido, mas me parece bom seu posicionamento utilizando a câmara, pois isenta e distingue suas ações institucionais frente às suas posições como representante do povo.

Na justificativa, o vereador governista defende que “muitas madeiras das passarelas estão quebradas, colocando em risco os transeuntes que fazem o uso destas para acessar a praia”. Concordo…

Acho que a prefeitura deveria cobrar dos empreiteiros da obra esta arrumação, porque faz muito pouco tempo que foram entregues as passarelas. Talvez esta exigência esteja explicita na contratação licitada para a obra. Mas se não tiver, é moralmente legítima a demanda.

A mesma municipalidade poderia inclusive fazer um contrato de manutenção com a empreiteira ou com outra empresa, trocando valores mensais licitados pela imediata e preste manutenção dos equipamentos. Isto desobrigaria a prefeitura a ter de utilizar funcionários próprios para os consertos, algumas vezes nem tendo pessoas especializadas (em trabalhar em madeira à beira mar) em seus quadros de servidores.

 

MANUTENÇÃO DAS PASSARELAS À BEIRA MAR II 

 

Estive nesta quarta-feira (1°) caminhando na faixa de areia da Praia Grande, aqui em Torres, e constatei que, além de algumas passarelas estarem com problemas de emadeiramento quebrado, outras estavam também com suas passagens de acesso à faixa de areia cobertas por areia.

Sei que em Torres – tendo seu clima ventoso – é difícil manter estes equipamentos sem estarem tomados por areia. Mas acho que a municipalidade deveria ter prevista  – em seu protocolo regular de manutenção do equipamento  – a tarefa da retirada de areia das passarelas.

Os equipamentos de beira de praia são para o TURISMO, que se trata da atividade que sustenta e dá emprego para a maioria da população local, direta ou indiretamente. E quando tratamos de formas de sustento da população, temos que dar mais prioridade. Turistas que vêm a Torres e acham as passarelas depreciadas ou inacessíveis por conta da invasão de areia, têm mais chance de trocar de destino turístico do que não tendo estas decepções.  E a fidelidade de turistas é uma das melhores formas de desenvolver um local através do crescimento da quantidade e da qualidade dos visitantes, consequentemente propiciando mais recursos financeiros e mais empregos locais.

 

Recursos no TURISMO  ou em  BAIRROS?

 

Algumas pessoas, ao lerem estes comentários sobre manutenção e investimentos em locais de frequência na maioria de Turistas podem ficar chateadas pela opinião da coluna em fazer sugestões como estas à municipalidade, quando os bairros onde moram estão necessitando, há muito, de melhorias básicas – como captação de esgoto, escoamento de água, manutenção nas ruas e calçadas e etc. E com razão.

Só que mais uma vez lembro que melhorias, manutenção e investimentos para que turistas fiquem ou venham para Torres é uma forma de priorizar recursos voltados para manter e melhorar a fonte de renda da população. Comparar investimentos no turismo com investimentos em manutenção de bairros de moradores locais, portanto, não se trata de uma boa analogia: ela distorce a base e consequentemente acaba desacreditando os argumentos, pois se compara o que não é comparável.

 

TURISMO E BAIRROS II

 

Se um turista deixa de vir para Torres, somente este fato pode representar: 1 – o não aluguel de uma casa ou um quarto de hotel na temporada; 2 – a desistência de uma loja ou restaurante ou outro empreendimento de manter seu negócio, o que também gera desemprego, além de desqualificar o serviço por ser menos um concorrente que ajuda na competitividade local (o que ajuda que a qualidade e o preço sejam competitivos na cidade); 3- pode representar uma boca a mais na rua aconselhando que novos turistas não venham mais para Torres – por conta de sua má impressão da cidade, o que pode acionar um mecanismo de baixa de produção às vezes vital e etc. . . . Imagina quando perdemos vários turistas por conta da desatenção no ambiente de recepção aos visitantes da cidade?

Portanto, os próprios moradores dos bairros podem (talvez devam) achar que a prioridade de investimento seja em equipamentos de turismo, em eventos bem focados que trazem público para Torres, em propaganda que mostre para os habitantes do RS, do Brasil e do Mundo o que é e o que tem de bom em Torres, pois são importantes e até mais prioritárias que algumas demandas de seus próprios bairros. Pavimentar uma rua – ao invés de propiciar passarelas de acesso à praia para – turistas pode ser uma atitude perigosa, àquela do tipo que coloca a vaca leiteira em risco de vida em prol de um agrado a um dos bezerros da cria.  Olho no lance (e na vaca)!

 

TURISMO E BAIRROS III

 

Um emprego de garçom em um estabelecimento que atende turistas e veranistas preferencialmente; uma licença para vender mercadorias para turistas na praia ou nas ruas; um emprego de guia de turismo, de recepcionista de hotel; de fiscal de turismo da prefeitura, de motoboy para atender operações de comércio de veraneio, de camareira (o); de cozinheiro (a) e etc., só existem em locais de turismo como Torres.

Colocar em risco ou permitir a degradação do conceito de Torres junto ao mercado do turismo é o mesmo que colocar o emprego destes cargos em risco. E dificilmente qualquer um de nós que estamos lendo esta coluna deixamos de ter pelo menos algumas pessoas bastante ligadas a nós (por família ou afinidade) que não dependam destes trabalhos.

Esta é mais uma analise que devemos fazer antes de compararmos recursos colocados no ambiente de recepção ao turista pelas prefeituras das cidades turisticas com os recursos colocados na urbe ou no bem estar social da população que não é turista, os locais (por mais que estes sejam também necessários).

 

 

 

 

 

 




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