Torres na história das roupas de banho (Parte I)

"Estava procurando um assunto para escrever e me lembrei de uma foto antiga daqui de Torres, onde apareciam alguns banhistas na praia Grande. A quantidade de roupa que se colocava para tomar um simples banho de mar era impressionante. Com o tempo isso mudou, é claro. Mas passeando pela mesma praia, vi que está mudando novamente".

18 de fevereiro de 2024

Estava procurando um assunto para escrever e me lembrei de uma foto antiga daqui de Torres, onde apareciam alguns banhistas na praia Grande. A quantidade de roupa que se colocava para tomar um simples banho de mar era impressionante. Com o tempo isso mudou, é claro. Mas passeando pela mesma praia, vi que está mudando novamente. A quantidade de roupa, e tecido, foi diminuindo ao longo do tempo, mas parece que chegou a um momento que, não tendo mais como diminuir o tamanho, elas começaram a aumentar novamente (na quantidade e no tamanho). Não vai chegar ao que era, certamente, mas hoje já tem bem mais “pano” do que tinha há bem pouco tempo.
Voltando a foto da qual falei, a primeira que ilustra esta coluna, ela data dos anos 1920, ou seja, cem anos atrás. É da época dos banhos terapêuticos, dos primeiros veranistas da região, aqueles que vinham principalmente da serra e da capital. Como se vê, as roupas de banho tanto das mulheres quanto dos homens eram volumosas, escuras e os tecidos eram pesados justamente para evitar transparências, inadequadas para a época. As mulheres ainda costuravam pesos nas bainhas dos vestidos, para impedir que a água os levantasse, além de chapéus, lenços, meias e luvas, acessórios comuns naquela época.

Foto tirada em Torres, 1956

E seguiu assim durante alguns anos até que os costumes começaram a mudar e os corpos foram aos poucos ficando mais à mostra. As mulheres usavam maiôs bem fechados, porém mais justos ao corpo, os homens, calções largos e compridos.
A partir da década de 1950 (aproximadamente) começaram a surgir os primeiros biquínis na orla torrense, porém a predominância era ainda os maiôs. Os maiôs na década de 60 já eram feitos de Lycra, produzidos pela empresa Du Pont, que ajudou as mulheres a substituírem as grossas roupas de banho pelo novo tecido de secagem rápida. Olhando fotos antigas no arquivo da Secretaria de Cultura, e nos meus arquivos, vi que no período de 1950 até o início dos anos 1970 ainda continuou a predominância dos maiôs como roupa de banho feminina, a a masculina era basicamente calções um pouco menores que os anteriores. Na terceira foto já se vê esses maiôs menores (mas ainda comportados) possivelmente de lycra e colados ao corpo, marcando a silhueta e as curvas femininas.

 


Na década de 1970, mais precisamente no final da década, um postal da cidade mostra uma banhista com um modelo de biquíni bem menor que os das décadas passadas. Torres já estava conectada com o resto do Brasil, fazendo propaganda da cidade e incluindo mulheres de biquíni mais cavados conhecidos como tangas. Inventada no Rio de Janeiro, a tanga, foi considerada a maior revolução desde o biquíni, ela foi criada por David Azulay e rapidamente se espalhou pelas praias brasileiras.
Na década de 80, foi a vez do fio dental. Mais corpo, menos roupa e tudo isso chegou por aqui quase que imediatamente. (continua na próxima semana…)

Fontes: Site Uol Almanaque Aventuras na História. Joana Carolina Schossler “As nossas praias”: os primórdios da vilegiatura marítima no Rio Grande do Sul (1900 – 1950).




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