Desde a primeira vez que ouvi falar da cidade “Terra de Areia” fiquei intrigado. Para mim, terra e areia eram a mesma coisa. Ingenuidade minha.
Porém uma terra de areia não existe, podem existir separadamente: terra e areia. Mas cheguei a conclusão que se tratava da “terra” (lugar) que tinha areia, apenas isso.
Ora, se Terra de Areia, o município, é a terra que tem “areia”, fui pesquisar a origem desta afirmativa.
De acordo com a minha pesquisa, a povoação da região se deu através de descendentes de portugueses, alemães, italianos, poloneses, afro-brasileiros, indígenas e japoneses. Os primeiros sesmeiros chegaram no século XVIII, entre eles Joaquim Antônio de Quadros, um dos mais conhecidos colonizadores, cujo sobrenome serviu para denominar a grande lagoa existente na região, a Lagoa dos Quadros.
Ao que consta, foram os imigrantes alemães que designaram o lugar como Terra de Areia, pelas características do solo arenoso da região colonizada. Na época, citavam com frequência: “fulano está morando lá pelas terras de areias”, para diferenciar dos outros que moravam em regiões de terras argilosas.
Mas não é que faz sentido!
E foram nessas terras, arenosas, que os “terrareenses” iniciaram o cultivo do abacaxi, que ganhou fama nacional. O famoso abacaxi, de acordo como o IBGE, tem apresentado colheitas com produção superior a 3 milhões de frutos em uma área plantada superior a 240 ha (IBGE, 2010). A atividade, que envolve cerca de 110 famílias apenas em Terra de Areia, movimenta a economia local, tendo originado inclusive a Festa Nacional do Abacaxi que acontece a cada dois anos no município.
A origem dos atuais produtores de abacaxi é diversa, a maioria é descendente de açorianos, mas há produtores que se estabeleceram na região posteriormente, vindos de outras regiões do estado, entre eles, descendentes de italianos. O cultivo do abacaxi foi aprendido com pais e avós para alguns, e com vizinhos ou amigos para os novos produtores. A forma de cultivo, segundo muitos, não sofreu mudanças significativas desde a implantação. Entretanto, como diferenças observadas atualmente, temos o uso de máquinas para o preparo do solo, antigamente feito com aiveca e tração animal; o uso de defensivos e adubos químicos, e a prática da indução floral para concentrar a colheita dos frutos no período do veraneio. A reputação do fruto foi sendo construída de maneira informal ao longo do tempo, prova é a realização da Festa Nacional do Abacaxi que acontece a cada dois anos no município de Terra de Areia para comemorar a colheita e difundir o artesanato e a gastronomia baseados no produto. A Festa ajuda a reforçar a relação do abacaxi com seu local de origem e, ao mesmo tempo, valorizar o produto.
Esta é a Terra de Areia, que de terra arenosa, virou a terra do abacaxi.
Histórico
A história do município de Terra de Areia começa em tempos remotos, com vestígios indígenas. Os primeiros registros da civilização europeia no Litoral Norte do Rio Grande do Sul datam do século XVI, época em que a região (e o Sul do Brasil) era habitada por índios pertencentes às tribos dos Arachanes e Carijós. Eles se dedicavam à pesca a uma agricultura rudimentar. Os diversos sambaquis da região deixaram para a história as marcas da passagem destes índios na região acabaram dizimados pelo homem branco.
O povoamento da região de Terra de Areia teve início com a distribuição das sesmarias no século XVIII, intensificado com a chegada dos alemães ao litoral norte no século XIX.
O Distrito foi criado com a denominação de Terra Areia, em 1953, subordinado ao município de Osório. Elevado à categoria de município com a denominação de Terra de Areia, pela lei estadual nº 8561, de 13-04-1988, alterado com seus limites pela lei estadual nº 8997, de 1101-1990, desmembrado de Osório e Capão da Canoa.
Gentílico: terrareense
Fontes: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/terra-de-areia/historico; https://www.cidade-brasil.com.br/municipio-terra-de-areia.html; EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS AGRÁRIOS NO TERRITÓRIO DE PRODUÇÃO DO “ABACAXI TERRA DE AREIA” NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL Larissa Bueno Ambrosini, Carlos Alberto Oliveira de Oliveira, Rodrigo Favreto.
