Diante de queda no fluxo de turistas, procura por nichos em crescimento vira esperança de reaquecer o setor em Torres

Na contramão das estimativas que estabeleceram o aumento do faturamento entre 3 e 4% no setor do turismo como meta global em 2019, o Rio Grande do Sul apresentou queda na atividade no começo do ano

Vista aérea de Torres (foto por Luís Reis)
12 de junho de 2019

Na contramão das estimativas que estabeleceram o aumento do faturamento entre 3 e 4% no setor do turismo como meta global em 2019, o Rio Grande do Sul apresentou queda na atividade no começo do ano. De acordo com números da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados relativos ao período entre janeiro e março, justamente aquele em que se espera maior movimento devido às férias escolares e ao verão, o setor encolheu 1,1% no Estado.

Em Torres, a percepção dos empresários do segmento é de que a queda foi ainda maior. Segundo informações da Associação dos Hotéis Restaurantes Bares e Similares de Torres (AHRBST), a frequência de turistas no começo de 2019 foi 20% mais baixa na comparação com o mesmo período de 2018. Na avaliação dos donos de bares e restaurante, a baixa não chegou a esse patamar, mas foi muito superior ao índice do IBGE. Eles viram sua clientela ser reduzida em 15%.

O diagnóstico para a redução da quantidade de visitantes foi o foco excessivo na busca por turistas argentinos, grandes responsáveis pelo movimento nos verões anteriores. Isso fez com que os outros potenciais visitantes fossem deixados de lado nas horas das campanhas de marketing. Lição ensinada, a meta para garantir a diversificação no setor que é considerado pelo poder público como fundamental para manter equilibrada a economia de Torres é buscar por outros nichos.

 

Expansão de outros setores gera os primeiros frutos

 

Uma das primeiras experiências nesse sentido foi a expansão do agroturismo ou turismo rural. Um roteiro que conjuga a zona rural de Morro Azul e o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes foi inserido na Rota Turística Caminhos dos Vales e das Águas. Oferecer a infraestrutura adequada para o recebimento dos visitantes tem sido desafio maior do que encontrar lugares para serem visitados.

Líder em patrimônios naturais e biodiversidade de acordo com levantamento feito pelo Fórum Econômico Mundial em 136 países, o Brasil mostra sua fragilidade no setor do turismo na maioria dos 13 itens avaliados pelo The Travel & Tourism Competitiveness Report (Relatório de Competitividade no setor de Viagem e Turismo), que tem sido produzido anualmente desde 2007. Na edição mais recente do estudo, lançada com dados de 2017, a décima primeira da sequência histórica, o país figura na vigésima sétima posição no ranking geral.

Sua classificação é derrubada por um pobre ambiente de negócios (129º lugar), o que implica situação de insegurança em relação a leis e impostos; infraestrutura terrestre e portuária (112º), segurança (106º) e mão de obra pouco qualificada (93º).

 

Experiência de Portugal abre espaço para olhar outros setores

 

A experiência de Portugal, que recebeu no ano passado aproximadamente 13 milhões de turistas – principalmente nas cidades do Porto e Lisboa, tendo ligação direta com o setor de jogos, e o aumento do investimento de empresas como Betway cassino online no país – faz com que o segmento do turismo volte seu olhar para outras possibilidades de atrair visitantes – o que inclui evitar a evasão de turistas oferecendo dentro das fronteiras o que eventualmente só pode ser encontrado fora delas.

Em 2017, mesmo com a queda do valor do real em relação às moedas estrangeiras, os turistas brasileiros foram responsáveis pelo aumento de 26% do número de embarques para o exterior e o crescimento de 18% do faturamento de vendas de viagens para outros países depois de dois anos seguidos de quedas nesses números.

No entanto, ainda existe potencial para o crescimento de visitas de turistas estrangeiros. Em 2018, o gasto de turistas de outros países em seus passeios pelo Brasil aumentou 1,86% segundo revelação do Ministério do Turismo. Eles foram responsáveis por colocar aproximadamente US$ 6 bilhões (R$ 24 bilhões) na economia nacional.

Em janeiro de 2019, foi registrado um crescimento de 7% na chegada de voos internacionais nos aeroportos brasileiros. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 6,2 mil aeronaves originárias de outros países aterrissaram em aeroportos nacionais nos primeiros 31 dias do ano. Nesse caso, a liderança absoluta no crescimento foi da região Sul, que teve acréscimo de 19% no número de voos na comparação com janeiro de 2018.

 

Potencial de crescimento coloca Ecoturismo no radar

 

Com três ecossistemas marinhos diferentes e seis biomas, o Ecoturismo é considerado o nicho turístico com maior potencial de crescimento no Brasil. De acordo com números do Governo Federal, cerca de um milhão de pessoas faz das atrações naturais a razão principal de sua escolha na hora de definir o destino de sua viagem. Em 2017, cerca de US$ 70 milhões (R$ 280 milhões) teriam sido movimentados pelo setor.

Não é, contudo, um fenômeno local. Enquanto globalmente o setor de turismo cresce em torno de 7,5% segundo números da Organização Mundial de Turismo (OMT), os índices de vendas de viagens com destinos onde a ecologia é o tema subiram 20%.

 

 

 

 


Publicado em: Turismo






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