Feira da Biodiversidade colocou as Plantas Comestíveis Não Convencionais em evidência

Tradicional evento teve sua 17ª edição no último dia 18 de junho em Três Cachoeiras

22 de junho de 2019

Anônimas e indesejadas, as plantas que crescem espontaneamente nos jardins, calçadas e lavouras estão aos poucos alcançando a condição de estrelato na alimentação saudável. No Litoral Norte do Rio Grande do Sul, o interesse pelas chamadas Plantas Alimentícias Não Convencionais, as PANC, vem sendo incentivado por eventos como a 17ª Feira da Biodiversidade e 10ª Feira da Economia Solidária, organizada pelo Movimento de Mulheres Camponesas e Centro Ecológico na terça-feira, 18 de junho, na Praça Central de Três Cachoeiras, com produtos de 14 grupos e famílias de Osório à Mampituba.

Para a nutricionista Irany Arteche, que na banca do grupo PANC no Litoral Norte, dava dicas sobre o uso e aspectos nutricionais das PANC,  o uso de plantas ou partes de plantas está evoluindo na região. “Acho que as pessoas já pegaram bem o conceito, o paladar a praticidade, o uso integral dos alimentos, o chegar na horta, chegar no mato, identificar”. Plantas como picão, caruru, trevo, vinagreira, bertalha, ora-pro-nóbis, folha de abóbora, folha de batata-doce e muitas outras, depois de identificadas e higienizadas, acrescentam vitaminas e sais minerais a pratos doces e salgados. “São nutrientes muito importantes para nossa alimentação e que a gente negligencia”.

 

Consumo diário contribui para preservar a saúde

 

Para integra-los à alimentação diária podem ser usados misturados num refogado, como qualquer outro, de couve, por exemplo, ou ainda colocar as folhas numa caneca, liquidificar e colocar em bolo, pães, omeletes, risotos. “No geral, onde tu fizer uma receita salgada, um arroz um feijão, qualquer coisa, o que tu colocar de líquido, coloca também umas folhas liquidificadas”, explicou Irany.

Outro ponto destacado pela especialista foi a importância das fibras de qualidade para a microbiota intestinal.  Povoada por microrganismos e chamada inclusive de segundo cérebro, a microbiota vive de fibras de qualidade, como as encontradas no umbigo da bananeira. “O umbigo da bananeira é riquíssimo em fibras: cada 100 gramas tem 27 calorias, 1,15 gramas de sais minerais e muita fibra que alimenta essa microbiota”.

 

Kombucha e redução no uso de plástico

 

Na mesma linha de alimentos bons para a microbiota, a nutricionista Diandra Valentini e a sociólologa Iara Aragonez ministraram durante o evento uma oficina sobre a Kombucha, bebida fermentada que contém microrganismos benéficos para a saúde humana, além de antioxidantes e vitaminas do complexo B.

Voluntárias do grupo PANC no Litoral Norte prepararam três receitas de arroz: com picão preto, butiá e açaí de juçara, salada, refogado de folhas  e refogado de umbigo de bananeira,  servidos em brácteas – folhas do umbigo da bananeira. Sem pratos ou copos plásticos, no final do evento, o lixo era perto de zero.

 

Cooperativa celebrou 20 anos de consumo organizado

 

À noite, depois de encerramento da Feira, a Cooperativa de Consumidores de Produtos Ecológico de Três Cachoeiras comemorou duas décadas de vida com um jantar de sopas e saladas orgânicas.  “Quando a gente vê que já faz 20 anos de toda essa estrutura de consumo organizado, é muito gratificante”, pontuou Sidilon Mendes, um dos fundadores da Coopet. Para o biólogo, o consumo organizado desenvolve a responsabilidade sobre a própria alimentação e fortalece o  intercâmbio entre agricultores e consumidores.

A agricultora Luzia Fernandes lembra que partiu da família dela a sugestão de os consumidores se organizarem para ter acesso aos produtos que iam para Porto Alegre: “a gente fazia feira aqui em Três Cachoeiras e foi ficando difícil, aí a gente propôs para um grupo que eles formassem uma cooperativa. Daí foi lá em casa mesmo que eles fizeram a primeira reunião”. Já a professora aposentada Janice Borges  se disse consumidora 100% da Coopet, desde o início. “Minha filha e que é nutricionista e eu, consumimos só dali”. De acordo com Janice, os alimentos não orgânicos têm muito veneno e o sabor também é diferente.

Atualmente a Coopet tem 65 associados que pagam o preço de custo dos produtos, acrescido de um custo operacional da loja. Para se associar é preciso pagar uma mensalidade de R$ 35.

 

Participações e apoio

 

 Participaram da 17ª Feira da Biodiversidade e 10ª Feira da Economia Solidária : Agroindústria Morro Azul, Raízes da Arte, Mampituba, Meliponicultura de Ezequiel Martins, Rede de Orgânicos de Osório, Rede de Educação Ambiental do Litoral Norte, PANC do Litoral Norte, Rio Bonito, Grupo de Mulheres do Morro do Forno, Tecelagem Inspiradas por Deus, Clubinho Zero Zero Veneno, Sítio da Paz, Família Carlos e Família Fernandes.

Apoiaram a realização: Ação Nascente Maquiné (Anama), Cooperativa de Consumidores Ecológicos de Três Cachoeiras(Coopet) , Cooperativa de Consumidores Ecológicos de Torres (Ecotorres) e Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia.

 


Publicado em: Meio Ambiente






Veja Também





Links Patrocinados