Maior raio já registrado no mundo percorreu também a região de Torres

A partir de nova tecnologia, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou na última sexta-feira (26) que um raio de 709 km atingiu a divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina às 8h05 de 31 de outubro de 2018, marcando o recorde e iluminando o céu por 11,36 segundos

Imagem de satélite mostra o maior raio do mundo, em extensão: ele cortou RS e SC em outubro de 2018. — Foto: Divulgação/NOAA
29 de junho de 2020

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou na última sexta-feira (26) o registro de dois recordes de raios: o mais extenso em distância percorrida, e o mais longo em segundos.

O recorde de raio mais extenso é do Brasil: Ele percorreu 709 km em uma linha horizontal, em 31 de outubro de 2018. O fenômeno em questão atingiu a divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina às 8h05 e iluminou o céu por 11.360 segundos.  Apesar de ter ocorrido pela manhã, a intensidade do raio torna possível que moradores da região tenham avistado o fenômeno extremo. Seu tamanho é mais que o dobro do recorde anterior, um raio registrado em Oklahoma (EUA) com 321 km.

Conforme a Organização Meteorológica Mundial, o registro só foi possível porque houve pregressos recentes em sistemas de satélites de observação que permitem mensurar continuadamente o comprimento e a duração dos relâmpagos nas extensões geoespaciais. O raio cruzou a divisa do Norte do Rio Grande do Sul com a Argentina, percorrendo o RS  e SC – passando inclusive pelo litoral do Passo de Torres, junto à Torres –  para depois  adentrar no Oceano Atlântico. Não é pouca coisa, já que a maioria dos relâmpagos tem somente algumas dezenas de quilômetros.

“Em Santa Catarina, as cidades que o raio se espalhou vão desde São Miguel do Oeste, passando por Pinhalzinho, Xanxerê, Chapecó, Concórdia e Campos Novos. No extremo Sul do estado, o raio também se ramificou por Lages, São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Criciúma, Sombrio e Passo de Torres”, afirmou para o G1 SC a professora e pesquisadora Rachel Albrecht do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), que participou do comitê avaliador da OMM deste fenômeno extremo.

Também é provável que esse novo recorde também não seja o último, já que toda a região Norte da Argentina, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam esses raios extremos, chamados de ‘megaflashes’. “Essas regiões estão propensas à formação de tempestades severas com enorme extensão horizontal (várias centenas quilômetros), o que contribuiu para que esses recordes de distância e de tempo fossem registrados nestes locais. Nessas condições, uma única descarga elétrica viaja por muito tempo e por longas distâncias dentro das nuvens”, continuou a professora Rachel Albrecht.

Já  o recorde de raio com duração mais longa é da Argentina: Ele durou 16,73 segundos a partir de um flash que começou no norte da Argentina, em 4 de março de 2019. Ele também é mais que o dobro do recorde anterior, de 7,74 segundos registrado em Provence-Alpes-Côte d’Azur, França em 30 de agosto de 2012.

 

Brasil é o país onde há a maior incidência de raios do mundo

 

A OMM  alertou que essas descobertas são de suma importância para a “segurança, engenharia e preocupações científicas”, já que os raios representam um grande perigo para a população.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil é o país onde há a maior incidência de raios do mundo, com mais de 78 milhões de eventos climáticos do tipo todos os anos.

Entre 2000 e 2019, 2,1 mil pessoas morreram devido à incidência de raios –a cada 50 mortes por raio no mundo, 1 é registrada no Brasil. O estado com mais mortes por raios, de 2000 a 2019, foi São Paulo, com 327 óbitos.

 

*Com informações de G1 e Terra 

 


Publicado em: Meio Ambiente






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