Praticamente ignorado como alimento, o mangará, ou coração da bananeira, foi o único ingrediente da região de Torres convidado para um camarote com acesso a comidas e bebidas no festival de música Planeta Atlântida 2024. Neste espaço exclusivo, 25 quilos de mangará doados pelo jovem agricultor Manoel Pereira Matos, do grupo Grupo de Ecologistas Santo Anjo (Gesa) e preparados pela nutricionista Irany Arteche, foram servidos sobre panquecas de fermentação natural e cobertura de coalhada seca, que os curadores do espaço chamaram de sour cream.
“Todas as pessoas que mordiam na minha frente, que provavam, elas gostavam. Ele foi surpreendente positivamente”, garantiu a especialista em plantas alimentícias não convencionais (panc). Para o evento, Irany escolheu o tempero asiático, com gengibre, capim limão, shoyo, cebola roxa, pimenta dedo de moça, óleo de gergelim, raspa de limão, pela familiaridade deste público com as cozinhas coreana, tailandesa, chinesa. “Eu podia ter feito um refogado de cebola e alho, tomate, temperinho verde, mas eu quis ir por uma outra pegada para chamar assim a atenção disso”.
A opção de Irany pelo mangará se deu por características do alimento, como o preparo prévio, acondicionamento, transporte e rendimento. O público deste espaço, foi outro fator determinante na escolha de Irany: “Elas pagam um valor alto que dá direito a comer o que quiser ali. Algumas pessoas que são contrárias, falam da gourmetização das PANC, mas infelizmente quando veem pessoas que podem ter acesso a qualquer tipo de comida, comendo mangará, elas vão prestar atenção”.