Após muita luta e até manifesto em frente ao Hospital de Torres – feito por familiares e amigos na busca por alternativas – faleceu na madrugada de quarta-feira (15), quando estava sendo transportada em UTI para Porto Alegre, a veterinária Viviane de Lima Franco. Embora fosse natural de outra cidade, ela morava em Torres há tempo e trabalhava como veterinária em causas diversas de ajuda a pessoas e entidades que trabalham na proteção de animais abandonados.
Viviane estava internada desde 17 de agosto no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, com retocolite ulcerativa severa. Com o passar dos dias, seu estado de saúde estava se agravando e o quadro sugeria que havia necessidade de atendimento especializado em proctologista, além da realização de um exame de colonoscopia, o que não existe em Torres (pelo SUS).
Burocracia sem sucesso
Dia 30 de julho, o hospital cadastrou a paciente na regulação do estado pelo SUS – para realização do exame e a obtenção de um leito em hospital de média e alta complexidade. No dia 7/8 os familiares moveram uma ação compulsória, recorrendo ao Estado do RS para obtenção de leito, e também ao município de Torres para a realização do transporte, como sugere as ações destes quadros. E de pronto, a Secretaria de Saúde de Torres, Suzana Machado, pessoalmente iniciou a busca do leito juntamente com os familiares. Mas não houve sucesso, nem quando tentada a compra (do atendimento médico e do leito), porque o caso estava sob gestão do sistema de Saúde estadual do RS, que seria o pagador da demanda em nome do SUS.
O quadro de Viviane apresentou uma piora a ponto dela ter de ser transferida do quarto para a ala vermelha do hospital em Torres. Lá ela esperava a liberação de um leito em hospital especializado. Conforme informa a secretaria de Saúde de Torres, foram tentadas vagas em vários hospitais, sem sucesso. O SAMU não autorizou a vaga, alegando que o HNSN – Torres teria UTI e condições de ficar com a Viviane, mesmo a necessidade dela sendo de atendimento especializado e exames que não são disponíveis na cidade.
Liminar intimou hospital em Porto Alegre
No início da tarde de terça-feira (14),, a secretária de saúde juntamente com o irmão de Viviane, apelaram para o fórum da comarca localizado em Torres. Lá pediram ao juiz Jeferson Tourely que intimasse o hospital Conceição, em Porto Alegre, para receber a paciente, por conta de suas pontuais necessidades. Foi quando foi emitida a liminar pela justiça da comarca. A seguir, a mesma secretária de Saúde de Torres apresentou a documentação judicial ao Hospital Navegantes, que só a atendeu às 19 horas, quando foi finalmente iniciada a transferência (conforme relata a própria secretária Suzana).
Como o Hospital Conceição (em Porto Alegre) afirmou por telefone que só aceitaria a paciente com a apresentação da Liminar, a secretaria de Saúde de Torres encaminhou um carro da prefeitura para levar o documento, junto com uma advogada da família da veterinária, que aguardava para ser transferida por ambulância. E foi só as 23h55min que foi vencida a burocracia para obter a ambulância e a liberação do transporte, que foi realizada pela empesa Transalva. Mas infelizmente, quase chegando à Porto Alegre, a veterinária teve uma parada cardiorrespiratória, vindo a falecer.
Mobilização e tristeza
Viviane Franco era uma veterinária muito querida em parte da comunidade de Torres e do Passo de Torres, por ser uma pessoa altruísta e por se entregar às causas da proteção de animais. Embora as demandas de direitos das mobilizações dos amigos e parentes fossem de certa forma legítimas, elas acabaram sendo aceitas (mesmo com atraso) somente após mobilização local nas redes sociais e até em manifestações em frente ao Hospital, tendo que finalmente a questão ser levada ao fórum para obtenção de liminar.
Após sua morte, as manifestações de tristeza pela perda inundaram página do Facebook de Viviane. E manifestações públicas de amigos e parceiros também foram feitas em redes sociais, o que mostra a notoriedade da popularidade da veterinária, que faleceu na quarta-feira (15).
