Na sessão da Câmara dos Vereadores de Torres realizada no dia 23/04, o vereador Valmir Daitx Alexandre, o Pardal (PRB), dentre várias ideias elencadas em seu pronunciamento sugeriu que o prédio no Morro do Farol, onde por muito tempo funcionou o Colégio Cenecista em Torres, seja reformado para ser utilizado como uma unidade municipal pública de Creche (Escola de Educação Infantil) para crianças torrenses.
Para o vereador esta creche poderia servir para filhos e filhas de cidadãos locais que possuem carro para locomoção. “Foi-se o tempo que só iam para creches pública filhos de mães pobres que iam leva-los à escola de bicicleta”, afirmou Pardal. “Atualmente o serviço público é utilizado por famílias com bom poder aquisitivo e que consequentemente possuem veículos para levar e buscar seus filhos na escola infantil”, sentenciou o vereador ao sugerir que o espaço no Morro do Farol pode servir para este tipo de demanda das famílias por creche, abrindo espaço em outras na cidade para disponibilizar vagas e diminuir as filas atuais de espera pelo serviço.
Diversos usos ao espaço já foram sugeridos (mas nenhum saiu do papel)
A ideia de Pardal é só uma entre dezenas que já foram sugeridas para o espaço – sem entretanto nunca sair do papel. E a falta de iniciativas efetivamente transformadores para o prédio, desativado em 2011, fizeram do local um ‘elefante branco’ torrense. No início desta década, vários políticos torrenses fizeram esforço para que o prédio da antiga escola Colégio Cenecista (que desistiu de operar em Torres), servisse de local para uma unidade de Escola Técnica Federal (projeto em expansão à época), em parceria com o governo federal,. A vinda da unidade educacional chegou a ser (equivocadamente) anunciada no ano de 2013, só que trapalhadas nas negociações (e a diminuição no ímpeto de concretização das mesmas Escolas Técnicas por todo Brasil) acabaram abortando a boa ideia.
Outras ideias sugeridas: o governo Nílvia Pereira chegou a sugerir que o espaço fosse cedido para a ULBRA Torres, para que a Universidade a transforme em um Centro de Extensão Comunitário. Em 2016, o ex-vereador Alessandro Bauer (PMDB) informava que, após visita ao Secretário de Cultura do Estado, apresentou uma sugestão para a criação do museu da história de Torres no local do antigo prédio no Morro do Farol. Mas nada saiu do terreno das sugestões.
Atualmente o prédio é uma ruína, que se deteriora ano após ano. Piso apodrecido, janelas quebradas, pichações, fezes humanas e lixo são encontrados em seu interior. Abriga insistentes andarilhos, jovens errantes e consumidores de drogas que o invadem (em geral para dormir e se drogar). Consequentemente, a comunidade exige que alguma coisa seja feita no local. Várias denúncias e pedidos de providências já foram feitos por vereadores de várias legislaturas (bem como por parte do próprio jornal A FOLHA) sobre a ociosidade do espaço, que se desmancha com o tempo por falta de manutenção e cuidados. A verdade é que, enquanto mais avança a deterioração, mais difícil (e oneroso) se torna fazer uma reforma no local.
Colônia de férias, casa noturna, escola… e abandono
O prédio hoje abandonado remete ao período do Estado Novo de Getúlio Vargas, sendo que seu primeiro uso se deu nos anos de 1937-38 – servindo como colônia de férias para um grupo escolar. Em 1979 o prédio onde ficava as instalações da antiga Escola Cenecista Durbam Ferrar Ferreira foi cedido pela Prefeitura de Torres ao CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade). De acordo com a lei de cedência, caso houvesse a extinção da escola, ou se a mesma deixasse de existir por período superior a um ano, a diretoria seria responsável em devolver o imóvel ao Município.
E por décadas a Escola Cenecista por lá funcionou. Por algum tempo, simultaneamente ao funcionamento da escola, acomodou ainda a casa noturna Gimi’s Drink Bar – popular nos anos 90 e começo dos anos 2000. Em fevereiro de 2011 a escola Cenecista foi desativada. Porém, a diretoria não cumpriu o que estipulava a Lei, forçando assim a Administração Municipal a entrar com uma ação contra o CNEC. Assim, em novembro de 2012 a prefeitura de Torres realizou a reiteração do prédio ao patrimônio municipal. Desde então, o poder público de Torres batalhou por usos ao local. Mas apesar dos esforços a instituição de ensino nunca veio para o prédio, que segue há cerca de 7 anos abandonado pelo poder público.