‘Pressão dupla’ ameaça funcionamento do transporte público de Torres

Cidadãos cobram rotas maiores. Concessionária alega que está economicamente prejudicada. Lei na Câmara aumenta para vinte anos a idade da frota permitida

24 de abril de 2021

Os desajustes causados pela pandemia nas relações de consumo no Brasil estão por toda parte. Mas são  somente um dos vários fatores que estão pressionando o sistema de transporte público na cidade de Torres. Há semanas o assunto tem sido pauta de pronunciamentos de vereadores na Câmara Municipal: uns afirmam que cidadãos têm reclamado de diminuição de número de rotas em trechos dentro do município, principalmente os que contêm lugares do interior; outros reclamam que deva haver alguma ação do poder público para ajudar a concessionária de transporte (a qual afirma estar em desajuste econômico entre a receita e as despesas nas rotas dentro do município).

Um Projeto de Lei, de autoria da Prefeitura de Torres, está tramitando na Câmara, para flexibilizar a exigência do setor público às concessionárias. A lei atual não permite que ônibus que estão circulando tenham mais de dez anos de fabricação. E a lei que tramita flexibiliza esta exigência para vinte anos – isto para ajudar que a concessionária atual mantenha seus serviços funcionando na cidade.

A prefeitura afirma, na justificativa do PL, que desde o ano de 1995 (quando foi feita a lei em vigor) o transporte público torrense sofreu grandes alterações. Inclusive citou uma resolução do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER – órgão que regula o setor em âmbito estadual no RS),  que já modificou a idade media máxima para 20 anos, como no projeto que tramita em Torres. E por isso estaria se realizando a alteração local.

Vereadores afirmam que há risco de paralização

 Vereadores destacaram, em nota, que a atual empresa concessionária afirma que poderia interromper o serviço de transporte público viário –  atualmente fundamental para transportar trabalhadores e cidadãos no dia a dia entre o centro e os bairros periféricos torrenses – caso não haja ações da prefeitura para regular a relação financeira contratual entre o poder público e a concessionária.

O projeto deve entrar em votação nas próximas sessões da Câmara, após passar por comissões temáticas da Casa Legislativa torrense. Ele poderá receber emendas, já que o sistema de transporte público parece carecer de ajustes mais pontuais no contexto atual.

Mais mudanças seriam necessárias

O vereador Gimi (PP), presidente da Câmara Municipal, em pronunciamento na Câmara há alguns dias, já afirmava ser necessário ter outra conversa entre a municipalidade e a concessionária. Ele lembrou que o serviço não é uma iniciativa privada simples e sim uma concessão pública. E que, por isso, o serviço deveria ser feito dentro do contrato e que os munícipes deveriam ser atendidos em suas demandas, incluindo as rotas e horários reclamados.  Mas por outro lado,  o presidente da Câmara também lembrou que existem pressões econômicas crescentes sobre o sistema de concessão. E que, por isso, a  prefeitura deveria também ajustar o contrato dentro de outra realidade econômica e de consumo – para ajustar o equilíbrio econômico contratual entre receitas e despesas da concessionária de ônibus. E pediu que, então, houvesse uma nova negociação entre o poder público municipal e a empresa  que opera o transporte público em Torres.


Publicado em: Política






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