Na sessão da Câmara de Vereadores de Torres, realizada na segunda-feira, dia 31 de outubro, naturalmente o resultado da eleição do dia anterior entrou em pauta. Todos os vereadores que falaram aceitaram democraticamente o resultado do pleito, mas alguns falaram um pouco mais qualitativamente.
Na ordem das participações na Tribuna Popular pré-agendada, o primeiro vereador que qualificou de alguma forma sua opinião sobre a eleição foi Alexandre Negrini (Republicanos). Ele parabenizou o seu candidato a governador do RS, Eduardo Leite, reeleito no pleito. E sobre a eleição para presidente, acha que, mesmo com uma vitória apertada, a população deve aceitar o resultado. Para Negrini, o Brasil está polarizado por conta de ainda ser uma jovem democracia, o que também deve de ser entendido.
Narrativa que absolve Lula
Moisés Trisch (PT) levou uma bandeira do Brasil para a tribuna quando se pronunciou. Ele lembrou o fato de ter 25 anos de filiação ao PT, embora esteja com mandato político recente (como vereador em Torres). E comemorou não ter saído da agremiação quando das acusações ao presidente eleito Lula, momento em que muitos colegas saíram do partido. Para Trisch, Lula foi preso por um processo feito por um juiz que foi considerado parcial em seu julgamento, fato que anulou a condenação. E disse que estava feliz de ver o seu candidato vencer o oponente Bolsonaro, para ele um governo que escondeu a corrupção.
O presidente da Câmara torrense, vereador Rafael Silveira, em seu espaço de tribuna comemorou a vitória de Eduardo Leite (de seu PSDB) para mais um mandato no governo do Estado. Ele agradeceu a esquerda de Torres por apoiar também Eduardo Leite. Para Rafa Silveira, esta é uma forma de provar que as divergências ideológicas podem ser esquecidas em vários momentos. Também parabenizou o PT pela eleição nacional, afirmando que a vitória deve ser aceita, independente do lado de quem votou.
O vereador Rogerinho (PP) fez uma avaliação mais pragmática do resultado. Ele lembrou que as regiões sul e sudeste e centro oeste do Brasil tiveram a maioria ampla de votação em Bolsonaro, assim como ocorreu no nordeste para Lula. Por isso ele sugere que seria interessante dividir o Brasil em dois, tal é a diferença de visão do povo. Mas encerrou, lamentando sua opinião: “Somos o primeiro pais a eleger um presidiário para presidente”, afirmou, ao dizer que não aceita a afirmação de seu colega Moisés, que defende que Lula foi preso injustamente.
Condenado por 27 juízes ou absolvido nas urnas?
A seguir quem ocupou a tribuna foi o vereador Gimi (PP). Ele lembra que a condenação de Lula foi anulada depois de ele ter sido condenado por 27 juízes. Listou valores devolvidos em operações paralelas da Lava Jato nos processos do mesmo juiz (Sérgio Moro), o que mostraria que as acusações foram reais, indicando que a corrupção existiu. “Se um cara envolvido em tudo isto não é ficha suja, quem será?” Indagou o vereador. “Mas tomara que não haja a liberação das drogas, que não sejam diminuídas as penas e etc.”, continuou. “Mesmo assim corremos o risco de que mudanças institucionais do novo governo do PT podem nos levar a uma situação perecida com a Venezuela”, encerrou Gimi.
O vereador Igor Bereta (MDB) foi peremptório em sua analise da eleição e dos questionamentos sobre a situação de Lula: “o Presidente Lula passou pelo tribunal popular na eleição e foi absolvido”, resumiu.
Dilson Boaventura (MDB) tentou projetar as sinalizações que, para ele, os resultados da eleição significaram. Ele parabenizou o amigo e colega Gabriel Souza, de seu MDB, que é vice-governador eleito na chapa de Eduardo Leite – além de ter se colocado orgulhoso por ter sido uma pessoa que trabalhou nas ruas de Torres na busca de votos ao colega de agremiação, lamentando que em e Torres teve casos de pessoas que sequer terem se mexido em nome de seus candidatos. A seguir, disse que “na eleição nacional não houve perdedores”, pois as coligações de Bolsonaro têm mais cadeiras no Congresso Nacional – ainda que o candidato não tenha tido êxito na busca da reeleição para a cadeira de Presidente.