Novas utilidades para o antigo prédio da prefeitura de Torres

A FOLHA esteve visitando este patrimônio público, que corria riscos com o abandono e foi ocupado (também por questão de economia) pela Secretaria de Turismo e Museu Municipal

Após retomada de sua utilização, expectativa é de que prédio (foto) seja reformado
8 de agosto de 2017

Há pouco mais de um mês, o museu de Torres e a Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte mudaram-se de local. Estes serviços municipais instalaram-se no antigo prédio da Prefeitura (Júlio de Castilhos, 707). Um patrimônio edificado da década de 50 que, desde o primeiro semestre de 2016, quando foi feita a mudança para o novo centro administrativo, encontrava-se inutilizado por serviços públicos da prefeitura. O local já havia sido desocupado em decorrência, principalmente, de suas más condições estruturais – conforme foi bastante replicado pela então prefeita Nílvia Pereira e seu staff na época. Nesse meio tempo, foi oficialmente ocupado somente por bombeiros – locados em Torres para atuar na Operação Golfinho durante o veraneio – que alojaram-se provisoriamente por lá. Fora isso, a antiga prefeitura foi invadida e depredada por pessoas sem boas intenções .

E foi exatamente essa necessidade de ocupar a Antiga Prefeitura – que enquanto estivesse vazia, ia seguir propensa a invasões e deterioração – que levou a mudança da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte para o local. A outra razão foi a necessidade de liberar o espaço alugado no prédio da SAPT (Rua José Antonio Picoral, 171), que até ano passado servia de sede para  as secretarias de Turismo, Cultura e Esporte, em cenário que também era composto pelo auditório do Centro de Cultura. “De fato, nossa mudança para cá acabou gerando uma boa economia com os alugueis, importante em tempos de contenção de gastos. Além disso, conseguimos evitar o abandono deste prédio, e de quebra conquistamos uma união maior da equipe, uma vez que trabalhamos mais próximos aqui”, ressalta Maiara Raupp, assessora da Secretaria de Turismo.

 

Muito ainda a ser feito

Museu municipal ganhou mais espaço

Acompanhado de Maiara, o jornal A FOLHA fez uma visitação pelo prédio nesta quarta-feira (02). No primeiro andar do prédio, estão instaladas a Secretaria de Turismo, bem como os departamentos de Esportes e Cultura. Uma parte do antigo mobiliário de madeira foi aproveitada (apesar do excesso de cupins). Ao fundo, em amplo espaço, está a área principal do Museu de Torres – em local privilegiado por um belo pôr-do-sol. Outras duas salas menores recebem o restante do acervo do museu – que vai de sambaquis pré-históricos a equipamentos antigos de sociedades torrenses passadas. Recentemente, o acervo foi ampliado após a doação dos materiais do Dr. Ferreirinha, primeiro médico da cidade. “Ficamos positivamente surpresos de ver a boa média de visitação ao museu neste novo espaço: diariamente há interessados que em fazer uma visita. A expectativa é também trazer para cá, em breve, os documentos históricos de Torres que compõem o arquivo municipal”, constata Maiara.

Mas ainda que haja economia na mudança da Secretaria de Turismo e do museu para o novo (antigo) local, não podemos deixar de considerar que o prédio, ainda, encontra-se em más condições estruturais: a maioria das janelas está com as esquadrias podres e danificadas, há alguns vidros quebrados, piso faltando aqui, rachaduras nas paredes acolá, infiltração em banheiros e acúmulo de patrimônio público obsoleto (que havia sido abandonado, juntamente com o local). “Porém a situação antes era muito pior. Quando estávamos preparando o prédio para nossa chegada aqui, havia sujeira e até fezes humanas. No anexo via-se o sinal de invasão, e parecia estar sendo utilizado por usuários de drogas. Além dos vidros quebrados e avarias, toda a fiação (e o relógio de luz) haviam sido roubados”, relata a assessora da Secretaria de Turismo.

Maiara nos explicou que, além da limpeza e organização do espaço, foi necessário efetuar uma pintura geral e reparação da rede elétrica para estabelecer condições minimamente agradáveis para o pessoal se assentar nas dependências da antiga prefeitura. Além disso, o apoio de um empresário possibilitou a troca das fechaduras (que haviam sido arrombadas).  Mas ainda falta muita coisa a ser feita para que o prédio efetive-se em toda sua utilidade.

Após a pretendida reforma, a ideia é que o segundo pavimento receba a parte administrativa da secretaria. Atualmente, entretanto, o segundo andar está sendo utilizado apenas em algumas salas, para guardar itens do patrimônio público – troféus, coisas usadas em eventos e material eletrônico obsoleto (há mais de 10 gabinetes de computador danificados, por exemplo). Isso porque poderia se constituir num risco ocupar este andar com pessoas: o telhado está em condições precárias, comprometido, e o efeito disso pode ser visto em algumas rachaduras no teto e paredes. “Além disso, falta luz em todo o segundo andar, bem como em uma parte do primeiro. Conseguimos refazer apenas parte da rede elétrica, pois estamos lidando com recursos muito limitados. Mas o primeiro passo foi entrar aqui e fazer essas reformas mínimas. Mesmo que as condições não sejam ideais, não deixar o prédio se tornar um ‘elefante branco’ – um patrimônio público abandonado – foi essencial”, conclui Maiara Raupp. Entre as demandas mais urgentes para uso (adequado) da edificação da antiga prefeitura, estão a reforma do telhado, substituição das esquadrias (podres, velhas ou com cupim) e recuperação total da rede elétrica.

 

Projetos para a reforma

 

Em meio a conversa com a assessora Maiara, a Secretária de Turismo, Cultura e Esporte, Carla Daitx, retornou ao prédio da Antiga Prefeitura.  A secretária começou nosso papo explicando que, antes de reinaugurar oficialmente o local – e identificá-lo (com placas) como espaço cultural – a ideia é deixar o espaço o mais organizado possível, e por isso prefere não estipular uma data.

Sobre os possíveis investimentos para a reforma completa do local, na busca por adequá-lo ao museu e as repartições públicas – de forma como a cultura realmente merece – a secretária destacou que há dois projetos em vista, passíveis de serem implementados. Um deles, junto ao Ministério da Cultura, já foi inclusive encaminhado, e prevê uma verba de vulto (R$ 3 milhões) para a recuperação do prédio (mas apesar do empenho, não se sabe ainda quando ao certo essa verba virá). Outro projeto é o cadastro para captar verbas junto a LIC (Lei de Incentivo a Cultura) – porém para estar apto para estas verbas da LIC é necessário a consolidação de um Plano Municipal de Cultura (o que ainda não foi efetivado em Torres).

Mas enquanto aguardamos por uma ‘recuperação completa’ da Antiga Prefeitura para novos tempos, Carla Daitx reforçou que a comunidade é parte importante para a preservação do prédio no momento presente. “Contamos que a sociedade torrense seja parceira, ajude a prefeitura pra manter esse patrimônio. Quem puder de alguma forma fazer alguma doação, estas serão sempre bem vinda”, finaliza a secretária.

 

 

 


Publicado em: Cultura






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