Cineclube Torres segue programação audiovisual continuada com ciclo dedicado a museus

Em comemoração ao Dia Internacional de Museus, que ocorre no dia 18/05, foi pensada para o mês de maio uma programação especial com alguns clássicos da cinematografia mundial com locações significativas em famosos museus internacionais. Primeira sessão gratuita é na segunda (02)

Fotograma do filme “Arca Russa” - primeiro a ser exibido neste ciclo do Cineclube Torres (divulgação)
30 de abril de 2022

Em homenagem ao Museu Histórico de Torres, lugar que o Cineclube Torres utiliza atualmente para suas sessões regulares, e em comemoração do Dia Internacional de Museus, que ocorre no dia 18/05, foi pensada para o mês de maio uma programação especial com alguns clássicos da cinematografia mundial com locações significativas em famosos museus internacionais.

Abre a seleção na segunda dia 2 de maio o Hermitage, o histórico museu à margem do rio Neva em Moscou, na espetacular filmagem de “Arca Russa”, filmado num único plano-sequência, uma única tomada, sem cortes, de 97 minutos, que condensa três séculos de história da Rússia. Um filme de sublime virtuosismo técnico realizado inteiramente no museu moscovita pelo diretor Alexandr Sokurov, com a participação de mais de dois mil atores e três orquestras ao vivo. Mesmo repudiando a guerra, pelos seus efeitos na população inerme, não podemos aceitar o boicote/cancelamento da cultura russa, que nada tem a ver com esta conjuntura político-militar.

O segundo filme do ciclo é um clássico da nouvelle vague, “Banda à parte” (1964) do diretor Jean-Luc Godard, um filme que mescla o noir com tons de comédia e que apresenta uma das cenas de museu mais citadas em filmes posteriores, a corrida dos protagonistas pelas salas do Louvre, um frenético tour pelas salas do celebre museu parisiense antes da expansão e das reformas dos anos 80.

Outro rico e extenso museu europeu, recheado de artefatos, é o British Museu e a sala temática da estatuaria assíria é o cenário de um intenso encontro de Maurice, protagonista do homônimo filme de James Ivory, com seu mentor. A produção, baseada na obra homônima de E. M. Forster (1879-1970), um dos grandes escritores britânicos do século 20, e premiada na sua estreia em festivais, caiu ao longo do tempo quase no esquecimento, por ter sido lamentavelmente colocada em uma espécie de nicho restrito, o dos “filmes gays”.

Woody Allen é um diretor que mais utilizou os museus para gravar cenas de seus filmes e na sua “carta de amor” para New York, o filme “Manhattan” (1979), os protagonistas percorrem vários: o MoMA (Museum of Modern Art), o Solomon R. Guggenheim Museum, o Met (Metropolitan Museum of Art) e o Whitney Museum of American Art. A estreia desse filme, na época, foi exatamente nesse último, o Whitney, e o valor arrecadado foi doado integralmente ao museu.

Encerra este ciclo de 5 filmes um museu que gostaríamos nunca ter existido, o museu do Hiroshima Peace Memorial, dedicado ao terrível bombardeamento com a bomba atômica da cidade japonesa de Hiroshima, vitimando instantaneamente e ao longo do tempo, pelo efeito das radiações, entre 90 mil e 166 mil pessoas. As bombas de Hiroshima e Nagasaki de 1945 foram primeiro e único momento na história em que armas nucleares foram usadas em guerra e ainda por cima contra alvos civis. O museu aparece numa cena do clássico francês “Hiroshima, meu amor” (1959) de Alain Resnais, num severo aviso ao mundo pós bélico, infelizmente ainda bem atual nesses tempos de guerra na Europa.

As sessões ocorrem sempre na segunda feira, às 20h no Museu Histórico de Torres e integrado ao ciclo audiovisual será promovido no dia 18, Dia Internacional dos Museus que este ano tem com o tema “O Poder dos Museus”, um abraço simbólico ao edifício, em horário a combinar, para alertar sobre a necessidade de reparos urgentes neste relevante edifício histórico para obviar, entre outras coisas, ao problema de infiltrações cujos efeitos são bem visíveis ao público das sessões.

A necessidade de manter, preservar e valorizar edifícios históricos em Torres, especialmente se tratando de equipamento cultural público, patrimônio material da cidade, é bem traduzida da frase da escritora Marguerite Duras no romance “Hiroshima, mon amour”, adaptado no filme homônimo apresentado no ciclo: “por quê negar a evidente necessidade da memória?”.

A organização das atividades é do Cineclube Torres, Associação sem fins lucrativos, Ponto de Cultura pela Lei Cultura Viva, em atividade desde 2011, e conta com o patrocínio da Up Idiomas Torres e o apoio institucional da Secretaria Municipal da Cultura e do Esporte.


Publicado em: Cultura






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