A vida vem em ondas, como o mar. A História, também. Períodos de paz e tranquilidade, mesmo nos tempos contemporâneos, são atropelados por guerras sangrentas, revoluções e golpes de estado. Engana-se, inclusive, aqueles que acreditam ser a democracia resultado de um plano inclinado de direitos por onde flui, sem contratempos, um par romântico ao som de uma valsa austríaca.
Diga-o a História dos Estados Unidos: Quase um milhão de mortos na Guerra Civil. No Rio Grande do Sul, depois da Proclamação da República, tivemos duas guerras civis violentas: 1893 e 1925. Sobre golpes, inclusive, há verdadeiras enciclopédias escritas. Houve golpes bem sucedidos, golpes frustrados, golpes vazados e agora parece que se comprova que tivemos, no Brasil, uma “tentativa de golpe” sob os olhos cúmplices da cúpula do Governo Bolsonaro. Algo similar ocorreu na Turquia há poucos anos, no intento de derrubar o Presidente Erdogan. Acabou todo mundo na cadeia…
No Brasil, teria havido, também, uma intenção de golpe, com urdidura de planos e prazos, até com data para a prisão e execução sumária do Ministro Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado, tudo sob os olhares complacentes do Presidente da República e principais auxiliares. Tudo isso já se suspeitava, à vista dos acampamentos em quartéis exigindo intervenção militar no final de 2022, que culminaram nos atos do 8 de janeiro, mas faltavam provas. Provas, aliás, muito difíceis. Como se prova um intenção não realizada?
Agora, porém, a Polícia Federal, como resultado de investigações que se desenrolam há mais de uma ano, com aval da Justiça, trouxe à tona revelações surpreendentes e comprometedores. Houve uma minuta de Decreto para o golpe discutida no Palácio do Planalto com detalhes das intervenções. Vários auxiliares do ex Presidente conspiraram contra o império da Lei. Não escapou nem o Presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Eles foram objeto de ação policial com mandatos de busca e apreensão na madrugada de hoje, dia 8 de fevereiro, e tiveram seus passaportes retidos. Dois deles estão presos e vários outros, inclusive altas patentes militares, começando pelo ex Chefe do GSI, General Heleno, instados a prestar depoimento nos próximos dias. As investigações utilizaram informações fornecidas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, que fechou um acordo de delação premiada entregando o mapa indicativo da mina.
Concluindo: A casa caiu.
No mais duro golpe ao bolsonarismo e aos militares apoiadores do ex-presidente, a investigação da Polícia Federal (PF) que culminou na Operação Tempus Veritatis nesta quinta-feira, destrinchou seis núcleos que atuaram de dentro do governo Jair Bolsonaro, incluindo militares de alta patente e das Forças Especiais que estariam comprometidos com o golpe de Estado e articulariam pressão sobre oficiais legalistas, por eles chamados de “melancias”. Ao todo, a operação cumpriu 33 mandados de busca e apreensão, 16 contra militares, e quatro mandados de prisão.
